AFP
Novello Dariella
10 de nov. de 2022
LVMH vai poder instalar o seu centro de pesquisa próximo ao Polytechnique em Saclay
AFP
Novello Dariella
10 de nov. de 2022
O grupo de luxo LVMH vai poder instalar o seu novo centro de pesquisa no planalto de Saclay (Essonne), perto da escola de engenharia Polytechnique, apesar dos protestos de vários estudantes.

O conselho de administração da Polytechnique validou por 19 votos a favor, 4 contra e uma abstenção a venda de terrenos perto da sua escola à LVMH.
O projeto, denominado LVMH Gaia, vai reunir 300 investigadores numa área de 22.500 metros quadrados, segundo a LVMH, que pretende investir mais de 100 milhões de euros no futuro edifício.
O centro de pesquisa dedicado ao "luxo sustentável e digital" do grupo de Bernard Arnault, que é ex-estudante da universidade, prevê investir 2 milhões de euros por ano durante cinco anos em parcerias de pesquisa com a Polytechnique, apelidada de X.
O terreno, localizado dentro do parque de inovação do Institut Polytechnique de Paris (que reúne cinco escolas, incluindo a Ecole Polytechnique), pertence ao estabelecimento público de desenvolvimento de Paris-Saclay (EPAPS). Sendo o lote escolhido pela LVMH próximo à escola de engenharia, esta última tinha veto até 2025.
Desde o seu anúncio oficial há alguns meses, vários alunos e ex-alunos da Polytechnique manifestaram a sua oposição ao projeto, em particular através de um coletivo chamado "Polytechnique não está à venda!". Este último pede que o edifício da LVMH seja construído fora do campus e que o terreno na zona nordeste do campus, incluindo o cobiçado pela LVMH, seja realocado para uso do Institut Polytechnique de Paris.
Uma coluna publicada no jornal Le Monde no início de setembro assinada por 73 ex-alunos evocava um "projeto deletério", que "trabalha em problemas técnicos muito distantes dos temas de pesquisa da escola: substituição de plásticos por alternativas mais ecológicas em embalagens de perfumes, desenvolvimento de algoritmos de recomendação com mais performances para aumentar a quantidade de produtos vendidos, etc.".
"Este não é o fim da mobilização"
Os signatários acusaram o grupo de Bernard Arnault de querer "cimentar o respeito artificial na questão ambiental e garantir acesso privilegiado aos alunos no campus, enquanto os benefícios para a escola seriam mínimos, tanto financeiramente quanto cientificamente".
Matthieu Lequesne, porta-voz de "Polytechnique não está à venda!", estima que quatro votos contra e uma abstenção num conselho de administração "que sempre vota por unanimidade" é um forte sinal de "oposição". "A última vez que houve tanta oposição foi em 2016", disse. "Não é o fim da mobilização", assegura, "a maioria dos usuários do campus são contra este projeto".
Nada certifica, no entanto, que a LVMH irá adquirir o terreno, segundo o porta-voz do coletivo. O diretor de estratégia do grupo de luxo, Jean Baptiste Voisin, deixou em dúvida nesta segunda-feira (7 de novembro) em Les Echos.
Se a diretoria da Polytechnique não se opuser à compra do terreno pela LVMH, "teremos a oportunidade de comprá-lo, mas não é certo que o faremos. É apenas uma opção de localização entre muitas outras na região parisiense, e estamos a estudar todas elas", declarou Voisin, também secretário-geral da associação de ex-alunos da Polytechnique. O projeto é "completamente transponível", segundo este, "leva de helicóptero, deixa onde quiser".
Em janeiro, o grupo TotalEnergies já havia desistido de instalar o seu novo centro de Pesquisa e Desenvolvimento num terreno também localizado próximo da École Polytechnique após a mobilização de professores e alunos contrários ao projeto.
Por Katell PRIGENT / AFP
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