Manto da moda da monarquia britânica passa para geração mais jovem

A morte da rainha Elizabeth II marca uma mudança na relação entre a moda e a monarquia britânica, com os membros mais jovens da família real, mormente Catherine, atual Princesa de Gales, a assumir um papel público mais proeminente.

A falecida rainha Elizabeth II tinha uma fórmula de moda precisa – casacos elegantes, chapéus sóbrios a condizer e sapatos de salto quadrado moldavam a sua silhueta, assim como a bolsa, que se tornou simbólica. 

"A rainha estava ciente de que ter uma ferramenta de estilo era útil para ajudar a transmitir a sua imagem como monarca", diz Alicia Healey, que trabalhou na casa da monarca durante quatro anos e é autora do livro "Wardrobe Wisdom from a Royal Lady's Maid: how to dress and take care of your clothes" (Sabedoria do Guarda-Roupa de uma Dama da Realeza: como se vestir e cuidar das suas roupas). "Penso que, até certo ponto, as suas roupas eram um uniforme para a rainha".

Embora as escolhas de moda do novo monarca, rei Charles III, e da sua rainha consorte, Camilla, atraiam inevitavelmente a atenção, ambos estão na casa dos 70, o que significa que as objetivas das câmaras estarão mais direcionadas para os filhos de Charles, William e Harry, e respetivas mulheres. Isto pode marcar uma mudança na associação da realeza à moda, passando de estruturas formais para estilos mais descontraídos.

Com Harry e a mulher Meghan a morarem na Califórnia, a mulher de William, Catherine, popularmente conhecida como Kate, tem o caminho livre, mostrando-se pronta para atrair o olhar do público, e ao que parece, especialmente para fazer lembrar a era da falecida mãe dos dois príncipes herdeiros, Diana, quando esta era Princesa de Gales. 

"Acredito que, realmente, as pessoas estão interessadas nos membros mais jovens da família e no que vestem porque se relacionam muito mais connosco, com o que usamos em festas ou no trabalho", diz a crítica de moda e historiadora, Suzy Menkes.

Homenagem a Diana

Os estilos usados ​​por Kate, de 40 anos, são conhecidos por provocarem uma corrida às lojas. O vestido de bolinhas de Jenny Packham que esta ostentou, em 2013, após o nascimento do filho mais velho, o príncipe George, esgotou. Foi visto como uma homenagem a Diana, também fotografada com um vestido de bolinhas, ao voltar para casa, com o então bebé príncipe William.

O estilo de Kate é geralmente discreto, mas tudo o que veste gera emoções, dizem os especialistas em moda. "Sempre que a futura rainha usa algo um pouco sexy e glamouroso, as pessoas ficam muito animadas porque Kate não é realmente alguém que se vista assim", diz Menkes, que descreve o seu estilo como casual, mas inteligente. "É interessante ver como isso vai mudar e vai se tornar algo mais exuberante", acrescenta.

Mas fazê-lo pode estar em desacordo com a mensagem de sustentabilidade do rei Charles III. "A atuação de Charles na sustentabilidade exige um pouco mais de moda consciente", diz Jennifer Castro, especialista em Marketing Digital de West Palm, Flórida, cujo blog de moda, RoyalStyleWatch, tem mais de 67.000 seguidores no Instagram. "Charles é alguém que usa o mesmo casaco cor camelo há 25 anos. Preocupa-se muito com a compra de itens de qualidade e duráveis", explica Castro.

Sempre impecável

Gerald Bodmer perdeu a conta de quantas bolsas Launer brilhantes a rainha Elizabeth II comprou na sua empresa durante o seu reinado de sete décadas, mas os acessórios clássicos costurados à mão fazem parte do seu guarda-roupa desde os anos 1950-60.

Estima que a rainha encomendou cerca de uma dúzia nos últimos 40 anos, aderindo a apenas um punhado de modelos, como o Traviata de alça superior, em forma sutil de trapézio, que é vendido por cerca de 2.090 libras (2.390 dólares).

Na sua última foto pública, com a nova primeira-ministra da Grã-Bretanha, Liz Truss, carregava uma bolsa Launer pré-coleção 1980, enquanto o modelo híbrido Lisa cor de baunilha que usou no casamento de William e Kate, em 2011, despertou tanto interesse pela empresa que o site caiu, segundo a marca.

Para muitos, o acessório ficará para sempre ligado à rainha Elizabeth II. "Eu nunca notei nenhuma bolsa, exceto aquelas usadas por Sua Majestade", diz Menkes. "Outras pessoas, é claro, devem ter bolsas, mas ainda não me despertaram tanta atenção."

A rainha estabeleceu um alto padrão quando se trata de atingir o tom certo, diz Elizabeth Holmes, autora de "HRH: So Many Thoughts on Royal Style". "É incrivelmente inteligente da parte dela ter reconhecido o poder das roupas e aproveitar isso para promover uma espécie de monarquia e apoiar os seus deveres reais", diz Holmes.

"Nunca houve um momento em que a rainha errou, onde estava vestida de forma inadequada, onde o seu guarda-roupa falhou de alguma forma. E ser tão consistente durante 70 anos é algo admirável", conclui.