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Estela Ataíde
Publicado em
27 de fev. de 2019
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Marques Almeida organiza uma rave num colégio jesuíta

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Estela Ataíde
Publicado em
27 de fev. de 2019

Segundo desfile no calendário oficial da Semana da Moda de Paris para a Marques Almeida e segunda coleção para a primavera-verão de 2019 sobre a passarela. A dupla de designers, formada pelos portugueses Marta Marques e Paulo Almeida, decidiu mudar para o ‘see now, buy now’ com o objetivo de se aproximar do seu cliente final. E fê-lo com uma coleção fiel à tradição portuguesa e ao seu irreverente caráter punk.


Marques Almeida, primavera-verão 2019 - Marques Almeida


Numa manhã ensolarada de céu azul, tudo parecia uma referência à história dos criadores. O local escolhido para a apresentação não foi outro senão o parque infantil com vista para a Torre Eiffel, localizado no telhado do Lycée Saint-Louis-de-Gonzague, o colégio jesuíta onde Marta Marques estudou durante a sua infância em Paris. Um contraste interessante com a irreverente coleção dos designers vencedores do Prémio LVMH em 2015. Cada vez mais estabelecida no segmento streetwear, a marca vestiu um elenco plural de mulheres reais, que desfilaram sob as notas do Adios de Benjamin Clementine.

Como se de uma 'rave' em plena luz do dia se tratasse, as modelos usaram looks desatualizados, não sem um certo toque de decadência. Ao ritmo de Smack My Bitch Up dos The Prodigy, sucederam-se vestidos de volumes estruturais à altura das coxas, minissaias de folhos, bem como a sua característica camisa assimétrica e uma série de looks em denim trabalhado. Os estampados jogaram com as riscas e uma oposição do estampado de cobra e motivos mais naïfs encharcados de flores, bem como outros reminiscentes dos azulejos portugueses. Um conflito entre o folclore português e a rebeldia de Londres, onde os designers se formaram, foi constante na coleção. A nota mais punk ficou a cargo dos acessórios: gargantilhas de espigões dourados, botas de cobra e tacões joia, bem como capacetes de motociclista forrados com pelo. O logótipo 'M'A', que identifica a tribo da marca portuguesa, aparece bordado em sweaters, enquanto um cavalo se converteu na personagem principal de camisas e vestidos básicos.


Marques Almeida, primavera-verão 2019 - Marques Almeida


"O motivo de uma coleção ‘see now, buy now’ foi querermos manter-nos próximos dos nossos clientes, garantindo que a ideia de celebração e a atmosfera do desfile chega tanto a eles como aos espectadores", explicou Marta Marques depois o desfile. "Portanto, o facto de as roupas estarem diretamente disponíveis online parecia fazer todo o sentido", acrescentou a designer, falando de um conceito que “namoraram” na última temporada. Assim, a Marques Almeida entregou aos convidados do desfile um código QR com o qual podiam aceder diretamente à totalidade da coleção, à venda através da Matches Fashion e do site da marca.

Não há muitas mudanças a nível criativo na Marques Almeida, mas a dupla está comprometida com uma evolução natural. "A coleção é uma continuação do que apresentámos da última vez", disse Marta Marques sobre o desfile anterior, que aconteceu no Palais de Tokyo, em Paris. "Encontrar o equilíbrio entre as nossas raízes portuguesas, com essa influência da tradição com a qual crescemos, e todo o panorama londrino, que é o lugar onde vivemos há muitos anos. É um mash up entre as origens e essa raparigas de Londres e tudo o que elas representam. A nossa coleção encontra-se algures entre as duas." Certamente, uma mistura particular e bem sucedida... temperada com a rebeldia de celebrar a cultura punk num requintado colégio jesuíta.

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