EFE
Helena OSORIO
6 de jul. de 2020
Martha Rocha: Primeira Miss Brasil morre aos 87 anos
EFE
Helena OSORIO
6 de jul. de 2020
A primeira Miss Brasil, Martha Rocha, morreu, sábado (4 de julho), aos 87 anos, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, como informou um dos filhos ao grupo Globo.

Eleita a primeira Miss Brasil em 1954, morreu de insuficiência respiratória seguida por um ataque cardíaco, na casa de repouso onde vivia há ano e meio, em Niterói (Rio de Janeiro). O corpo da musa baiana de 87 anos foi enterrado no Cemitério do Santíssimo Sacramento, na região metropolitana do Rio.
Álvaro Piano, de 63 anos, um dos três filhos da ex-miss, afirmou que a mãe sofria de enfisema pulmonar e teve o quadro agravado por insuficiência respiratória. A equipa médica da Casa de Repouso Carol Caminha chegou a chamar uma ambulância, mas Martha não resistiu.

"Os seus últimos anos foram muito dolorosos. Estava acamada há muito tempo e já não conseguia andar", disse o filho, aos media.
Martha Rocha foi eleita Miss Brasil em 1954, quando o concurso começou oficialmente, numa cerimónia realizada no Hotel Quitandinha, em Petrópolis, na região montanhosa do estado do Rio de Janeiro. Na altura, disse ter 18 anos, mas o filho desmentiu, assegurando que contava com 21, mas queria parecer mais jovem.
No concurso Miss Universo desse ano, na Califórnia, ficou em segundo lugar, atrás da americana Miriam Stevenson, com uma votação muito próxima. Reza a lenda que, Martha Rocha, perdeu o título de Miss Universo por ter mais cerca de 6 centímetros de anca – versão que a própria sempre desmentiu.

Martha Rocha era a sétima filha da paranaense, filha de alemães, Hansa Hacker, com o professor e engenheiro baiano, Álvaro Pereira Rocha, de ascendência portuguesa. Cedo casou com o banqueiro português Álvaro Piano e teve dois filhos: Álvaro Luís e Carlos Alberto. A família vivia na Argentina, quando o marido faleceu drasticamente num acidente de avião. Regressou ao Brasil com 23 anos e, em 1961, casou com o carioca Ronaldo Xavier de Lima, com quem teve uma filha, a artista plástica Cláudia Xavier de Lima.
Em 1995, faliu por causa do cunhado Jorge Piano, fundador da Casa Piano, uma das maiores casas de câmbio do Rio de Janeiro na segunda metade do século XX, que fugiu com o seu dinheiro. Situação que revelou publicamente, em 2019, nas redes sociais, dizendo que, devido a problemas económicos, vivia num lar de idosos na cidade de Volta Redonda, na parte sul do estado do Rio de Janeiro. E, que superou todos os seus problemas com a ajuda dos filhos e de duas amigas, além do “trabalho honrado, vendendo quadros pintados por mim”.

As dificuldades, obrigaram-na a vender o apartamento de quatro quartos na Lagoa Rodrigo de Freitas, uma das zonas mais exuberantes do Rio e do Brasil, para evitar a bancarrota e sobreviver, enquanto reorganizava as finanças pessoais.
"Fui traída por este cidadão que (…) é também pai de uma de minhas noras e, portanto, avô de netos meus", desabafou numa entrevista.
Em 2001, soube que tinha cancro de mama. O tratamento foi longo, mas venceu a doença. Há um ano, viu morrer uma neta de 24 anos, vítima de complicações geradas por uma pneumonia, e, agora, deixa-nos no mesmo mês de julho, com insuficiência respiratória e enfarte.
"Fica para a memória uma pessoa que, apesar de toda a fama, era super simples, brincalhona (…), adorava a natureza" e era "amiga de todos", confirmou ainda o filho Álvaro.
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