Milão: tripla jogada da Max Mara

Em 24 horas de trabalho, a Max Mara apresentou uma peça tripla, encenando a sua mais recente coleção de assinatura num esplêndido desfile de passerelle; revelando uma nova coleção da Max Mara Weekend por Patricia Urquiola; e estreando uma nova coleção MAX&Co por Efisio Marras. O diretor criativo da Max Mara, Ian Griffiths, adora uma inspiração de cariz intelectual, mas se os resultados forem roupas tão sofisticadas como as desta coleção para o outono-inverno 2022, isso já não é mau.

Esta estação a sua fonte de inspiração foi a arquiteta, desenhadora têxtil e escultora Sophie Taeuber-Arp (1889-1943), cujos amigos famosos Wassily Kandinsky, Paul Klee, Giorgio de Chirico, Max Ernst e Guillaume Apollinaire se reuniram no Cabaret Voltaire de Zurique, onde Taeuber-Arp expôs os seus fatos e marionetas improvisados.

A musa modernista de Ian conduziu a uma grande coleção de volume fantástico; combinações improváveis mas lisonjeiras de tecidos, tudo numa paleta de cores melíferas de outono.

Além disso, depois de uma temporada londrina desprovida de superestrelas, foi bom ter Bella e Gigi Hadid em Milão. Bella com uma saia de casulo castanha, top de malha elegante e bolsa de cintura em tosquia, tudo nas proporções mais requintadas.

Embora hiperfeminino, o look nunca deu a impressão de desencanto afetado e descolado, ajudado pelo calçado muito invulgar; botas feitas inteiramente de lã, acolchoadas como armaduras, que acabaram como botas de bordel. Um truque também visto nas malhas de gola alta em caxemira com nervuras, usadas com calças largas enroladas. Com a adição de minissaias acolchoadas e casacos de varrer o chão, esta coleção mostrou-se fantástica para o inverno.

Ian também levou avante uma tendência importante vista na Europa: a balaclava, que parecia camisolas com camisolas ou sweats de capuz em lã que envolvem as cabeças. Ironicamente, o estilo Super Wrap-Around Max Mara surgiu num dia com muito sol no norte de Itália e não durante a terrível tempestade da semana passada no sul de Inglaterra. Ainda assim, nada disto fez com que esta coleção se tornasse menos presciente.

Na noite anterior, a Max Mara revelou a sua colaboração de estreia com Efisio Marras para a MAX&Co.

"Sempre fui obcecado pela Irlanda. Também aí faremos a nossa campanha mediática. Em Connemara", entusiasmou-se a dizer Marras à FashionNetwork.com, ao rever as suas primeiras ideias como grande fã da equitação.

Intitulada "Pony Kids", a coleção foi inspirada pelo famoso álbum de fotografias a preto e branco de Perry Ogden com adolescentes urbanos e viajantes irlandeses que insistem em manter os cavalos nos quintais das suas casas no centro de Dublin.

Em termos de estilo, existem muitos conjuntos tartan fantásticos dos condados irlandeses: os escoceses fazem tartans para os seus clãs familiares, e os irlandeses, para as suas regiões. Esplêndidos coletes desbotados; o colete apenas com frente leve; e o novo micro super cool para usar por baixo de casacos em cor-de-rosa borbulhante.

Numa palavra, Efisio Marras compreende como as jovens se querem vestir, mantendo-se frescas e confortáveis.

Esta semana, a Max Mara apresentou também uma nova coleção para o fim-de-semana, a segunda de Patricia Urquiola.

Intitulada “Habito”, e desenhada pela renomada arquiteta e designer Urquiola, a coleção marcou a 10.ª Max Mara Weekend.

Como sendo uma criadora realizada, Urquiola sonhou com silhuetas super avantajadas, largas e soltas e ideais para um fim-de-semana preguiçoso. Um estilo híbrido, com desencontros inesperados de contrastes gráficos, cores e texturas. Mas o resultado foi excessivamente complicado e insistente.

Muitas parkas inventivas, e no entanto todas bastante pesadas, como é frequentemente o caso que se vê quando os decoradores de interiores tentam pôr a sua mão na moda.

"Eu não procurei a moda. A Max Mara veio até mim", disse Urquiola, uma arquiteta, de profissão nunca conhecida por um sentido de modéstia.

Sejamos agora sérios. Será que alguém se lembra de uma coleção de moda verdadeiramente excecional criada por um arquiteto? Nas décadas de 80 e 90 com Gianfranco Ferrè, sim, claro. Mas muito pouco desde então.

De qualquer modo, foram 24 horas fantásticas para a Max Mara; mas se excluirmos os arquitetos, estamos a fazer-lhes um favor.

Milão: tripla jogada da Max Mara

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