Milão: uma semana de moda feminina ultra intensa começa terça-feira
Depois de Nova Iorque e Londres, a Milano Fashion Week arranca, na terça-feira (22 de fevereiro), e prolonga-se até segunda-feira (28), com um programa explosivo. Com um ritmo de 10 a 12 desfiles físicos por dia, espalhados por toda a cidade, o evento dedicado ao prêt-à-porter feminino para a estação de outono-inverno 2022/2023 revive o frenesim pré-COVID-19. Após dois anos de pandemia, são esperados muitos compradores e jornalistas de todo o mundo, à exceção de chineses.

Foram anunciados cerca de 170 compromissos, em comparação com pouco mais de 200 nos anos pré-COVID-19. A programação contará com 67 desfiles (dos quais 57 físicos e oito em formato digital), 77 apresentações e nove eventos especiais. Além disso, haverá vários desfiles e apresentações fora do calendário oficial. Todos concentrados em mais de 90% ao longo de cinco dias, de quarta-feira a domingo. "É verdade que temos poucos dias em relação a Paris e à densidade do programa. Idealmente, gostaríamos de ter um dia a mais, mas os compradores estão relutantes com isso. Tentamos satisfazer todos", confidenciou o presidente da Camera Nazionale della Moda Italiana (CNMI), Carlo Capasa. "Todo o mundo quer vir para Milão! Os pedidos para os desfiles são mais que o dobro em relação ao calendário atual. Com os seus 800 showrooms, a cidade é como uma feira a céu aberto. Até as grandes maisons, que desfilam noutros lugares, têm os seus showrooms em Milão Todos vêm aqui para fazer negócios", diz.
Grandes nomes, relançamentos e estreias
Na programação constam, é claro, as estrelas do Made in Italy, com a Fendi e Roberto Cavalli na quarta-feira (23); seguidos pela Max Mara, Prada e Moschino na quinta (24); Missoni, Etro e Versace na sexta (25); Dolce & Gabbana no sábado (26); e Giorgio Armani no domingo (27). Faltando apenas Antonio Marras, que optou por desfilar em Moscovo nesta temporada mas, no entanto, organizará uma apresentação em Milão. Por outro lado, a capital da moda italiana terá o retorno de uma infinidade de grandes nomes, que abandonaram as suas passerelles nas últimas temporadas: Gucci, Bottega Veneta, com o seu novo estilista Matthieu Blazy, Plein Sport e Dsquared2, que se reposiciona na semana feminina, apresentando novamente as suas coleções masculina e feminina separadamente.
A Trussardi, que está a ser relançada sob a égide de uma nova direção artística, apresentará no sábado a primeira coleção da dupla composta por Serhat Isik e Benjamin A. Huseby, à frente da marca de vanguarda alemã GmbH. Ennio Capasa, fundador da Costume National, desfilará na terça-feira à noite com a sua nova marca Capasa Milano. Outros dois grandes momentos vão também marcar a semana: o primeiro desfile da Diesel em Milão sob a liderança do seu novo designer Glenn Martens, e o da Ferrari, que recrutou o estilista Rocco Iannone para lançar a sua primeira linha de moda de luxo em junho.
Há também destaque para os jovens criadores, com uma dezena de novos nomes, a começar pela marca cool japonesa Ambush, lançada em 2008 pela designer americana-coreana Yoon Ahn com o seu companheiro Verbal, DJ, produtor e estrela de hip-hop no Japão, que anteriormente apresentava as suas coleções em Paris. Vale a pena notar a chegada às passerelles femininas da Palm Angels, marca de streetwear high-end de Francesco Ragazzi, que, assim como a Ambush, faz parte da galáxia New Guards Group (Farfetch), que desfilava até então durante a semana masculina.
Outras marcas interessantes para conhecer: AC9, lançada em setembro de 2019 por Alfredo Cortese. Formado em Química e apaixonado por fotografia, o siciliano descobriu a moda a trabalhar em Comunicação para o estilista da N°21, Alessandro Dell'Acqua, que lhe pediu para criar uma coleção cápsula, dando assim um pontapé inicial na sua carreira. Com a sua moda fluida com rigor nórdico, marcada por um sexy toque de mediterrâneo, o jovem conquistou rapidamente o público, sendo distribuído pela Tomorrow.
O mesmo percurso atípico teve o anglo-nigeriano Inyie Tokyo James, que acaba de ser selecionado para as semifinais do LVMH Prize. Inicialmente orientado para os estudos de Matemática, realizados na Queen Mary University of London, voltou-se para a carreira de designer de moda e trabalhou para várias revistas internacionais e para algumas marcas, para as quais liderou campanhas digitais (Brioni, Issey Miyake, Puma Black Label). Em 2015, lançou a publicação digital mensal Rough UK e mudou-se para Lagos, onde fundou a sua marca própria, Tokyo James. Depois de desfilar em Londres, ingressou no calendário masculino milanês em janeiro de 2021 com as suas criações, que combinam experimentação e audácia.

Depois de se formar pela Academia de Belas Artes de Bolonha, Andrea Adamo trabalhou para Elisabetta Franchi, Roberto Cavalli, Zuhair Murad e Dolce & Gabbana, antes de lançar, em setembro de 2020, a sua marca Andreadamo, que se estabeleceu em algumas temporadas como um must-have para malhas sexy e confortáveis. Também apaixonada por malhas, Jezabelle Cormio estreia no domingo nas passerelles milanesas. Formada pela Royal Academy of Antwerp, colaborou com várias marcas antes de fundar a Cormio, em 2019, com uma primeira coleção para o outono-inverno 2020/2021. Inspira-se no mundo austríaco-tirolês para criar roupas lúdicas com detalhes inesperados feitas através de técnicas experimentais de tricot.
Outra novidade é a linha Aniye Records, que estreia nesta temporada no domingo com 70 looks inspirados na música, desenhados como figurinos de shows. A designer Alessandra Marchi cresceu na moda, com o seu pai e tio Vannis e Marco Marchi, sendo os proprietários do Grupo Liu Jo. Em 2000, Alessandra fundou a linha Aniye By em Carpi, oferecendo roupas inspiradas no rock para mulheres não convencionais. A sua nova marca será distribuída por Riccardo Grassi, com o objetivo de atingir 100 das principais multimarcas do mundo a partir desta primeira temporada.
Depois de algumas temporadas de apresentações em formato digital, esta semana será uma oportunidade para algumas marcas, finalmente, retornarem para o mundo real com shows físicos: a "irmã" fashion da Asics, Onitsuka Tiger, e a marca dinamarquesa futurista Hans Kjøbenhavn, presente em Milão desde 2020. Também estreia no calendário de desfiles, mas em formato digital, a marca outdoor de origem britânica Husky, propriedade do grupo Moschillo. Em relação às apresentações: vale a pena observar numa série de novos nomes: Francesco Murano, vencedor do concurso "Who is on Next" 2020, Luciano Padovan, Miss Sohee (jovem sul-coreana radicada em Londres, que será recebida nos espaços da Dolce & Gabbana), Balestra, Durazzi (digital), Cukovy, Andrea Incontri, Ramzen, Bloke, Sa Su Phi, Edoardo Gallorin, Tu Lizè e Vaishali S.
Uma semana milanesa empolgante, que também será uma oportunidade para conhecer novos pontos culturais na capital da Lombardia, como o museu do design ADI Design Museum, na Via Ceresio, que está a tornar-se o novo epicentro da Fashion Week. A CNMI está a transferir para aí o seu Fashion Hub e os vários projetos dedicados a marcas sustentáveis e emergentes para esta temporada. Outro local, o Mudec, centro cultural dedicado às várias culturas do mundo no distrito de Tortona, abrigará pela primeira vez coleções de pesquisa muito criativas, selecionadas pela feira White Milano como parte da sua iniciativa "Beyond the Norm", de 24 a 27 de fevereiro.
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