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2 de set. de 2015
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Ministro garante que "bolso dos portugueses vai recuperando gradualmente"

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Agência LUSA
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2 de set. de 2015

Milão, Itália, 01 set (Lusa) – Estava vazia a carteira hoje oferecida ao ministro da Economia por uma das 93 empresas portuguesas presentes na feira de calçado Micam, em Milão, Itália, mas Pires de Lima garantiu que "o bolso dos portugueses", esse "vai recuperando gradualmente".

Seguindo a tradição do trabalho em pele que percorre a família há já quatro gerações, a Malas Peixoto Soares, responsável pela oferta ao ministro, nasceu há 50 anos e há já 24 que é participante assídua na maior feira de calçado e marroquinaria do mundo, onde assegura os contactos que lhe permitem canalizar 75% da produção para exportação.

Foto: DR


Sobretudo focada nos mercados europeus, nomeadamente França, Inglaterra, Grécia, Espanha e Itália - onde garante que "não há que ter medo da concorrência" - a empresa da Amadora (com raízes em Viana do Castelo) diz que as vendas para o exterior se têm “acentuado nos últimos anos".

"Estamos a crescer muito e com alguma naturalidade na exportação. Esta crise, se é que teve alguma coisa positiva talvez tenha sido isto, um conforto que nós definitivamente sentimos nos mercados de exportação", afirmou o sócio-gerente, Orlando Soares, quando questionado pelo ministro da Economia sobre o desempenho das vendas.

"Estão a jogar e a ganhar fora de casa", congratulou-se Pires de Lima, salientando que “só se é campeão se se ganhar muitas vezes fora de casa, até porque a casa [o mercado português] é pequena”.

Aliás, salientou o ministro, a aposta feita pelo setor do calçado na internacionalização e na promoção externa tem permitido às empresas portuguesas "fazer do mundo a sua casa de competição": "Produzem em Portugal, dão emprego massivamente em Portugal, mas depois vendem 80, 90, 95, 99,9% daquilo que produzem em Portugal um pouco por todo o mundo", sustentou em declarações aos jornalistas à margem da visita que hoje fez aos expositores portugueses presentes na Micam.

Para além da qualidade, da "dedicação dos empresários" e da "aposta na investigação, tecnologia e design", Pires de Lima apontou entre os "segredos que explicam o sucesso" desta indústria o facto de o setor “se ter organizado como um ‘cluster’".

Embora tenha percorrido várias dezenas das mais de 90 empresas portuguesas presentes na Micam, Pires de Lima passou ao lado de várias outras que ilustram, precisamente, a estratégia vencedora elogiada pelo ministro.

É o caso da Houspring, que há 14 anos começou por aproveitar o ‘know how’ tecnológico da grupo de têxteis técnicos automóveis ERT Portugal para desenvolver linhas de chinelos e calçado ‘housewear’ em borracha vulcanizada.

Recentemente, a empresa de S. João da Madeira lançou uma nova marca de sapatos femininos – a Yum Gum – que se distingue pelo inconfundível cheiro a pastilha elástica que emana das respetivas solas.

"A ERT vulcaniza e a Houspring desenvolveu ‘homewear’ em vulcanizado em ‘private label’, para várias marcas, e com a marca própria Ghibi. Há dois anos resolveu-se fazer uma marca de calçado de exterior e experimentar uma coisa diferente", explicou à agência Lusa a responsável comercial da Yum Gum, Marta Pacheco.

Para além do odor, Marta Pacheco aponta como "único" nos sapatos da Yum Gum – que tem como público-alvo as mulheres entre os 25 e os 40 anos - o facto de, como "a goma da sola de borracha [disponível em várias cores] derrete sempre de forma diferente, nunca haver dois sapatos iguais".

Ainda mais recente, já que apenas está no mercado há um ano, a linha de calçado da também portuguesa NOSTUDIO apostou no casamento entre os sapatos e a joalharia para conquistar um novo nicho de mercado.

A exibir a sua segunda coleção nesta edição da Micam, a NOSTUDIO alia o ‘know how’ no fabrico de calçado do grupo Máximo, de Felgueiras, ao da ‘designer’ de joias Ana Garcia para apresentar sapatos de homem e de senhora ornamentados com pérolas, cristais Swarovski, aplicações em latão, correntes e ‘piercings’.

Totalmente produzidos em Portugal, conforme assegurou à Lusa Ana Garcia, os modelos da NOSTUDIO já estão na Rússia, França, Itália, Espanha, EUA e Singapura, decorrendo neste momento “negociações” para a entrada na Austrália, estando 80% das vendas da marca canalizadas para o estrangeiro.

A contrastar com a juventude da NOSTUDIO estão os quase 70 anos de atividade da Armando Silva, de São João da Madeira, uma empresa familiar atualmente gerida pela terceira geração que, após mais de uma dezena de anos ausente da Micam, voltou este ano a marcar presença na feira italiana.

“Quanto cá estivemos foi só com sapatos clássicos, mas desde então a estratégia de internacionalização e a coleção alteraram-se e a Micam voltou a fazer sentido”, disse à Lusa o diretor comercial Alexandre Tavares.

A mudança, explicou, remonta a 2009 e passou pela entrada no mercado do calçado ‘casual’ e no alargamento ao segmento feminino, primeiro na Holanda, Bélgica, Dinamarca e Áustria e, atualmente, com a Alemanha no radar.

Uma “aposta ganha”, salientou o diretor comercial, destacando que a linha ‘casual’ está sobretudo vocacionada para a exportação, enquanto a mais clássica ocupa lugar de destaque no mercado português.

Em 2014, o calçado ‘casual’ representou já 65% dos 4,2 milhões de euros de faturação da Armando Silva, que emprega perto de 90 trabalhadores e produz 63 mil pares de sapatos/ano, sendo que 70% das vendas foram para exportação.

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