Moda de costurar volta a Lisboa e ao Porto

Por

Helena OSORIO

Publicado em
10 de mar. de 2020

Portugal volta a ser inundado por lojas abertas ao público, onde se criam peças de vestuário e onde se aprende a costurar num sentido mais prático e económico.

Em Lisboa como no Porto, o mercado dita esta forte tendência atual de "faça você mesmo", minimizando os custos e redobrando a imaginação.
Em Lisboa, A Companhia das Agulhas, na rua Cardeal Mercier (Bairro Azul), dá a possibilidade de frequentar aulas livres, cursos e workshops de corte e costura, modelagem, drapping, introdução ao design de moda, costura criativa, patchwork, macramé, tricot, crochet e bordado. Os workshops e cursos têm um tema definido, sendo disponibilizado todo o material e equipamento.

No Atelier Paraíso, na rua do Paraíso, em Alfama, também é possível aprender a costurar. A escola atualmente autorizada pelo Ministério da Educação, nasceu há 11 anos da vontade de Cristina Garrido em ensinar costura e trocar conhecimentos de moda e de arte em geral. Formada em Design Gráfico em Portugal, após concluir o mestrado na Royal College of Art de Londres, dedicou-se à paginação de periódicos de uma imprensa nacional em alta nos anos 90 do século XX, particularmente em Lisboa.

Abriram as portas, a Cristina Garrido, algumas das mais conceituadas revistas femininas nacionais, e outras na sua versão portuguesa, como a Marie Claire e a Elle, onde chegou a exercer o cargo de diretora de arte. Trabalhou também em ilustração para revistas como a Máxima, Pais & Filhos e Cosmopolitan, entre outras.

Entretanto, a mentora desvinculou-se do Atelier Paraíso, seguindo o projecto um novo caminho, e disponibilizando hoje cursos de curta e de longa duração reconhecidos, onde os alunos escolhem o horário e o tempo de aprendizagem.

A Maria Modista fica na rua São Sebastião da Pedreira em Lisboa.Tem por meta ensinar a nova geração a costurar, criar ou recriando tudo à medida de cada corpo. Disponibiliza cursos livres de um dia, cursos de um mês e cursos profissionais certificados. Todos os meses há um curso, mas os alunos podem continuar por quantos meses quiserem até atingirem os objectivos.

A Maria Modista também existe no Porto, na rua do Almada, com o mesmo objectivo de ajudar a desenvolver projectos únicos. Tem cursos de um dia e de um mês onde se aprende a costurar peças práticas e até mesmo vestidos de noite.

A Riera Alta, sediada na rua do Rosário, insere-se na zona por excelência das galerias de arte portuenses. Conta com rubricas regulares na RTP e Porto Canal, oferecendo atividades de formação que não passam só pela costura. Existem também workshops de bijutaria, cartonagem e origami, entre outros, em presença na loja e a pagar, ou gratuitamente através do YouTube.

Já o Atelier de Costura Portuense que fica na rua da Picaria, também na Baixa, reactiva o gosto pela costura e pela criação, “trazendo à memória os conhecimentos que ficaram no tempo das avós”, como explica Marina Sousa, a mentora do projecto que ensina a idealizar e a costurar roupa para bebé, criança e senhora.

O atelier de costura Agulha & Dedal, na rua de António Enes, tem por mote o “Aprender, fazendo". Os participantes adquirem noções básicas para poderem executar arranjos de costura, restauro e confeção, orientados por Isabel Resende, modista de alta-costura.

Em Lisboa como no Porto, o mercado dita esta forte tendência atual de "faça você mesmo", economizando meios e desenvolvendo a criatividade.

Viajando pela História, aconselhamos a leitura da dissertação de mestrado, A Moda e as Modistas em Portugal durante o Estado Novo – As mudanças do pós-guerra (1945-1974), apresentada por Alexandra Weber Ramos Reis Gameiro, em 2017, à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL). O estudo contextualiza e apresenta a moda em Portugal, durante o período designado de Estado Novo (1945-1974), com destaque para as influências que recebeu e para as modistas portuguesas que constituíram um marco importante para a moda nacional na época. 

A mestre faz também a ligação entre a moda em Portugal e no estrangeiro, com especial incidência na moda em Paris, que constituía a maior referência. Em Portugal, desenvolveram-se várias Casas de Costura orientadas por pessoas ditas de “muito bom gosto”, numa altura em que a formação especializada na criação de moda era inexistente. De entre as várias Casas de Costura, destacaram-se, em Lisboa, a da Bobone, a da Ana Maravilhas e a da Beatriz Chagas e, no Porto, a da Candidinha, cujo nome era incontornável. Os desfiles ocorreram mais na década de 1960, quando a moda atingiu o seu auge.

Atualmente, Portugal volta a ser inundado por espaços onde se criam peças de vestuário e onde se aprende a costurar num sentido mais prático e económico como obrigam os dias.