Moda italiana quer ajudar migrantes a integrarem a indústria
A Câmara Nacional da Moda Italiana (CNMI) acaba de lançar "Fashion Deserves the World" (a moda merece o mundo). A instituição escolheu o Dia Mundial do Refugiado, que se assinalou a 20 de junho, durante a Semana da Moda Masculina de Milão, para apresentar esta nova iniciativa, que visa inserir os migrantes ou refugiados no tecido industrial e criativo da moda italiana.

No âmbito desta iniciativa, realizada em parceria com a start-up Mygrants, a Camera della Moda vai permitir que 15 migrantes ou refugiados, interessados em profissões da moda, tenham acesso a formação para conseguirem um estágio ou emprego em empresas do setor.
O fundador da Mygrants, Christian Richmond Nzi, lançou em 2017 uma aplicação de e-learning que permite avaliar e detetar as competências dos migrantes em diferentes setores e, de seguida, colocá-los em contacto com as oportunidades do mercado. Através desta parceria, esta arranca esta semana no domínio da moda. Christian Richmond Nzi explica: “Estamos a lançar um concurso no nosso site dirigido a pessoas com pelo menos 35 anos, a decorrer de 21 de junho a 30 de setembro. Com a nossa aplicação, vamos traçar o seu perfil em termos de competências têxteis, mas também transversais, linguísticas e de motivação para, no final, reter quinze pessoas.”
Durante uma videoconferência, Carlo Capasa, presidente da CNMI, declara: “Este projeto é apenas uma etapa que, esperamos, vai ganhar amplitude. Vamos oferecer formação às 15 pessoas selecionadas pela Mygrants, depois vamos abrir-lhes as portas do nosso setor.”
"É uma operação em que todos ganham. Com as idas para a reforma, nos próximos anos o sistema italiano da moda terá 40 mil vagas disponíveis, a maioria em empregos específicos que exigem dois anos de formação. Corremos o risco de perder todo o savoir-faire do made in Italy. Além disso, as nossas empresas estão à procura de novos talentos. Desta forma, podemos encontrá-los junto de pessoas realmente motivadas e dar-lhes a possibilidade de se inserirem na nossa sociedade.”
“O projeto está aberto a migrantes, refugiados e apátridas, com bons conhecimentos da língua italiana e que tenham uma forte vontade de trabalhar neste setor”, especifica em comunicado a Câmara Nacional da Moda Italiana, especificando que, no final da sua formação, os 15 finalistas “serão colocados em contacto com um conjunto de empresas italianas que, em função das suas necessidades e dos perfis específicos dos candidatos, os integrarão no seu organograma através de um estágio ou de um contrato de trabalho”.
Este projeto faz parte de um percurso iniciado em 2018 pela Camera della Moda, primeiro com uma mesa redonda envolvendo os recursos humanos das empresas para entender as suas necessidades, depois no final de 2019 com a publicação de um manifesto sobre diversidade e inclusão. No ano passado, a instituição começou a colaborar com o movimento "Black Lives Matter" para promover os criadores oriundos de comunidades e os imigrantes que trabalham em Itália.
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