Moda italiana supera nível de exportação de 2019
"Em 2021, recuperamos dois terços do que perdemos em 2020. Foi um ano importante, o que nos leva a apostar em 2022 para voltar ao nosso nível pré-pandemia", comentou o presidente da Camera Nazionale della Moda Italiana (CNMI), Carlo Capasa, por ocasião da apresentação da programação da Milano Fashion Week de fevereiro. De acordo com as últimas estimativas publicadas para os primeiros 11 meses de 2021, o volume de negócios do setor, incluindo têxteis, marroquinaria, vestuário, calçado, joalharia, beleza e óculos, deverá atingir 83,13 mil milhões de euros, um aumento de 20,9% num ano. O resultado ainda permanece um pouco abaixo do nível de 2019 (-0,8%), quando atingiu 90,2 mil milhões.

O mercado italiano, que havia registado uma desaceleração no período do verão europeu, após um forte crescimento no primeiro e segundo trimestres, recuperou no outono, com um mês de novembro particularmente dinâmico (+31,4%), beneficiando de uma das campanhas de vacinação mais amplas da Europa.
O problema que gera maior preocupação neste início do ano é o da inflação, ainda que, olhando mais de perto, não afete excessivamente o setor da moda em Itália. Enquanto os preços dos bens de consumo aumentaram 3,9% em dezembro de 2021 ano a ano, de acordo com dados do instituto italiano de estatísticas Istat, os preços dos produtos de moda aumentaram apenas 0,6%. No mesmo período, os custos de produção aumentaram 22,6%, mas apenas 3,2% para a indústria da moda.
Os resultados mais interessantes foram registados internacionalmente com também uma recuperação no outono após a desaceleração do verão, embora mais contida em comparação com o boom do primeiro semestre. Entre janeiro e finais de outubro de 2021, as exportações italianas aumentaram 16,4% apenas para roupas e artigos de couro e 39,9% para joias, beleza e óculos. De acordo com as previsões da CNMI, na totalidade do ano passado, as exportações transalpinas devem atingir 67,9 mil milhões de euros, um aumento de 21% (+6,2% em relação a 2019).
"Progredimos seis pontos em relação ao período anterior à pandemia, enquanto as restrições de viagens persistem. Estamos fortes em todos os países, com um crescimento de dois dígitos em sete dos nossos 10 principais pontos de venda", disse Carlo Ferro, presidente da Italian Trade Agency (ITA), a agência de promoção e internacionalização das empresas italianas no exterior (ICE).
Nos 10 primeiros meses do ano, as exportações do Made in Italy subiram 50,1% para a China, 32,8% para os Estados Unidos, 20,6% para França e 19,3% para a Coreia do Sul. O Reino Unido continua a ser a exceção (-18,3%) devido ao Brexit, enquanto que a evolução do crescimento das exportações para o Japão permanece incerta (+4,4%).

"Os nossos produtos evoluíram bem para os mercados mais próximos, garantindo uma recuperação mais imediata e fácil, mas também para os mais distantes, como os Estados Unidos e Ásia, que são mais interessantes a longo prazo e com grande potencial de crescimento em termos de procura", complementou Carlo Ferro, lembrando ao site FashionNetwork.com que, para promover a presença de empresas italianas internacionalmente, o ICE lançou 19 novas ações e serviços nos últimos três anos, principalmente no digital. "Criamos, em particular, 33 montras virtuais de produtos Made in Italy nos principais marketplaces globais, incluindo a Amazon e Alibaba, que hospedam 7.000 das nossas PMEs", afirma.
Paralelamente, as importações diminuíram 1,7%, em grande parte devido às dificuldades logísticas e de abastecimento em países não europeus (-10,8%), sobretudo provenientes da China (-35%). “Em 2022 seria interessante mensurar como esse fenómeno do abrandamento das importações reflete também uma reestruturação das cadeias produtivas internacionais, favorecendo países mais próximos da Europa", observa o estudo.
Com isso, o saldo positivo da balança comercial, previsto em 34,4 mil milhões de euros para 2021, deve atingir e superar o patamar de 2019, ano em que havia atingido 32,2 mil milhões de euros. “É importante, porque também testemunha uma nova tendência de realocação da produção para Itália", conclui Carlo Capasa.
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