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10 de mar. de 2021
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Moda parisiense vê futuro cor de rosa com Lanvin e Giambattista Valli

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10 de mar. de 2021

Após o choque da contenção e do ano de 2020 marcado pela pandemia de COVID-19, os estilistas de moda olham para o futuro com um otimismo inesperado. A julgar pelas coleções apresentadas esta semana na Paris Fashion Week digital, incluindo as de Lanvin e Giambattista Valli reveladas na segunda-feira (8 de março), o próximo inverno poderá ser tão efervescente e festivo como os anos loucos do pós I Guerra Mundial.


Vestido cocktail da Lanvin para dançar, com laço exagerado de pontas a arrastarem pelo chão como uma cauda - Lanvin


As jovens da Lanvin querem divertir-se e desfilar pela cidade cosmopolita. Mal desapareceram os dias de confinamento e foi aparentemente levantada a escuridão pandémica, estas mulheres começaram a preparar-se para uma escapadela num palácio parisiense convertido em hotel de luxo. A um passo do Trocadéro (um dos bairros mais chiques de Paris), uma limusina XXL deixa-as sair no aparatoso Shangri-La. E que a festa comece!
 
Plumas, cristais, tecidos cintilantes, grandes laços e/ou nós, e vestidos de viagem... É assim que o francês Bruno Sialelli diretor artístico da venerável maison vê o próximo inverno, apostando num regresso à euforia e à frivolidade. Na sua apresentação vídeo, os jet-setters exaltam alegria ao entrarem, desfilarem e posarem pelos majestosos ambientes do grand hotel, ostentando trajes ricos e sensuais.

Vídeo da Lanvin da coleção de outono-inverno 2021/2022


Exibindo um sem fim de sacos brancos gigantescos da Lanvin, nas mãos, nos ombros e debaixo dos braços, estes viciados em compras espalham os acessórios que multiplicam pelos quartos repletos de roupas e sapatos luxuosos. Nestes quartos ecléticos, nos sumptuosos salões apainelados ou na piscina com frisos relevados de estuque, os protagonistas da Lanvin brincam uns com os outros, dançando em júbilo ao som da canção Rich Girl, um sucesso de Gwen Stefani com a rapper Eve, que até faz uma breve aparição no vídeo.
 
Muito embora surjam dois fatos monocromáticos em amarelo e cor-de-rosa e um modelo de smoking usado com corpete, as calças parecem estar proibidas de figurar nesta estação e no vocabulário da maison. Os vestidos dominam, de preferência vestidos cocktail, numa versão com ombros nus, bastante curta e com corpete. São cortados em tecidos brilhantes e sedosos, tais como o cetim duchese, tafetá, seda ou crepe em tons pastel. O designer oferece ainda um look divertido em pele de leopardo falsa.


O espírito da Lanvin é de festa, de extremo consumo e de devassidão - Lanvin


Enormes laços e nós cravejados de pedraria deslizam por vestidos drapeados de cauda ou assimétricos fechados na lateral. Penas de avestruz e tons de rosa velho ou azul bebé pontuam toda a coleção, trazendo um toque de leveza a muitas peças, tanto em colarinhos de casaco, como em estolas ou mini capas, ou ainda numa saia nuvem versátil ou top vaporoso.

Por outro lado, a profusão de rendas, lantejoulas e pérolas adornam os trajes mais escuros, enquanto estampas inspiradas nas obras do artista James Rosenquist – ícone americano e pioneiro da Pop Art – são apresentadas numa série de fatos em azul celeste.


Vídeo Giambattista Valli para o outono-inverno 2021/2022

 
O desejo de regressar ao movimento e de encontrar um novo dinamismo após um período de imobilidade e introspeção caracteriza também a coleção para a estação de outono-inverno 2021/2022 do italiano Giambattista Valli. Sob a sua alçada, a mulher navega por entre as eras como se fosse imortal. Com uma silhueta ultra curta mas chique absorve o espaço vazio, exibindo botas de plataforma, e outras tipologias de saltos altos; de cabelo sustentado por uma tiara decorada com pérolas, à imagem de uma princesa.
 
O estilo romântico e sexy do estilista italiano que criou a marca Giambattista Valli em 2005 – e que enaltece tecidos impalpáveis, estampas florais e transparências – está a ser desviado nesta estação por um certo revivalismo do classicismo marcado por uma paleta predominantemente tingida de preto e branco. Revela-se sobretudo através de uma série de fatos com casaco em tweed apertado por botões dourados e rematado por galões, mas também nos peitilhos brancos que se convidam para um vestido preto curto ou longo, salpicados de lantejoulas; ou através dos nós alargados a certos colarinhos, bolsos, cintura e ombros.


A vontade de brilhar também é levada para a marca Giambattista Valli - Giambattista Valli


Giambattista Valli escolheu como musa para esta estação Paolina Borghese Bonaparte – a bela e intrépida irmã de Napoleão retratada desnuda, como Venus Victrix (1804), numa escultura neoclássica do italiano Antonio Canova. Valli foi também buscar inspiração à Villa Borghese, com um enorme parque (o segundo maior da capital italiana), que Paolina ocupou em Roma e que desde então se transformou numa galeria de arte.

As referências ao estilo Império são discretamente salpicadas por alguns dos vestidos com decotes ligeiramente levantados ou bordados cravejados de cristais, nomeadamente as estampas florais e os recortes que recordam os frescos e o jardim da Villa Borghese. Note-se: uma villa de recreio histórica, na periferia de Roma – amplamente decorada com nichos, vãos, estátuas clássicas e relevos –, que já pertencia aos Borghese em 1580, e que foi ampliada no século XIX pelo príncipe Camillo Borghese, marido de Paolina, o qual mandou transformar o jardim paisagístico ao gosto inglês

Outra reminiscência do passado são as mangas em fole que deslizam até aos antebraços, delimitadas a partir do cotovelo por um casulo de tafetá plissado ou pregueado. Com a sua forma em balão personalizam qualquer peça de roupa de época!
 

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