Helena OSORIO
15 de mar. de 2022
ModaLisboa Metaphysical: Inês Manuel Baptista estreia-se na plataforma Workstation com coleção desenvolvida na Polimoda de Florença
Helena OSORIO
15 de mar. de 2022
Inês Manuel Baptista – a vencedora do Prémio Polimoda na edição de 2020 do Sangue Novo da ModaLisboa – estreia-se na plataforma Workstation com a nova coleção revelada na última edição da Lisboa Fashion Week encerrada na segunda-feira (14 de março). Um trabalho desenvolvido durante o mestrado em Collection Design, na Polimoda – a renomada escola de moda de Florença, que agraciou a designer de moda portuguesa, já antes mestre em Design de Moda pela Faculdade de Arquitetura de Lisboa.
Denominada Realtà Infinite, a nova coleção de Inês Manuel Baptista inspira-se na artista multidisciplinar argentina Leonor Fini, que ficou conhecida pelas ilustrações sensuais de mulheres, "revelando o universo fantástico de todas as mulheres que escondia dentro de si", comunica a Associação ModaLisboa, que classifica a obra da designer centrada no upcycling, reaproveitamento de peças em segunda mão e desperdícios de produção como "extremamente sensorial".
As silhuetas de Baptista vão nitidamente buscar inspiração a looks femininos retratados na pintura de Fini, reinventando peças seguidamente "exploradas através de draping e confecionadas a partir de materiais reaproveitados e manipulações têxteis", pode ler-se no site da ModaLisboa.
A artista de ascendência italiana é uma das favoritas da designer. Viveu quase 100 anos, nascendo em 1907 em Buenos Aires e falecendo em 1996 em Paris. Um percurso de vida rico, ao longo do qual abraçou as atividades de pintora, designer, ilustradora e escritora na "eterna encarnação de infinitas realidades", tal como se expressa Inês Manuel Baptista.
A combinação do "meio-animal, meio-mulher como o seu estado ideal", revê-se assim nesta coleção de Baptista, quase buscada à própria interpretação da renascença e maneirismo de uma Fini autodidata. Mas, também o exagero de um gesto de Baptista perto do barroco, no recurso a um sem fim de cortes insólitos como o trapézio invertido ou não; em combinação com técnicas como franzidos, folhos, dobras inesperadas, ombros pontiagudos e exagerados, corpetes esculturais de pétalas, ou mangas em balão, que encobrem as mãos na envolvência do tecido.
O negro acentua mesmo a teatralidade dos jogos de luz e sombra nas peças criativas de Baptista, cortadas em cima do corpo como na alta costura. Como resultado: uma silhueta algo arquitetónica, que evoca também vários tempos artísticos que se fizeram sentir pelo século XX.
E sempre com um toque de contemporâneo.
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