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Estela Ataíde
Publicado em
12 de mar. de 2019
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ModaLisboa promove jovens designers através do Sangue Novo

Traduzido por
Estela Ataíde
Publicado em
12 de mar. de 2019

Em Portugal, o futuro da moda nacional passa por preservar e internacionalizar a produção interna e apoiar o talento emergente. Para isso, o país não se limita apenas a criar alianças fundamentais entre a indústria e o design, mas também acompanha e dá visibilidade à sua nova geração de designers. Um bom exemplo é o Sangue Novo, a plataforma dedicada aos jovens designers, que se realizou novamente na sexta-feira, 8 de março, no âmbito da 52ª edição da semana da moda lisboeta.


Carolina Raquel - outono-inverno 2019 - Moda Feminina - Lisboa - ModaLisboa


Uma passarela em forma de anel surpreendeu o público, nesta nova edição da Modalisboa no Pavilhão Carlos Lopes, a poucos minutos da Avenida da Liberdade. No programa do primeiro dia de desfiles, o Sangue Novo ocupou um lugar de destaque com a celebração da segunda fase do seu concurso. Isto porque, após ter experimentado um formato semestral, a plataforma optou por uma fórmula anual em duas etapas, com o objetivo de orientar os projetos e acompanhar os designers que apoia de forma mais eficaz, durante mais tempo. Nesta edição, com um júri composto por especialistas nacionais e internacionais como Miguel Flor, diretor criativo da revista de moda portuguesa Principal; o designer da Awaytomars, Alfredo Osório; Cláudia Barros, diretora de moda da Vogue Portugal e a crítica de moda americana Diane Pernet.
 
"Toda a coleção é baseada na escultura como um processo, começando com um bloco que se vai fragmentando até à última silhueta. Todos os detalhes são inspirados nas ferramentas usadas para esculpir e no próprio processo", explicou a designer Carolina Raquel, galardoada com o prémio de melhor designer nacional pela sua coleção 'A complex form'. Um trabalho elegante de volumes, assimetrias e estruturas, que culminou em detalhes como aplicações de resina e botões de pedra, com peças femininas que destilavam o savoir faire aprendido durante os seus estudos no London College of Fashion e a sua passagem pelos ateliers de grandes nomes como Alexandra Moura, Christopher Kane, Roksanda e Simone Rocha. As criações com um marcado carácter artesanal não só lhe valeram um mestrado na escola de moda florentina Polimoda, como também a ModaLisboa irá apoiá-la com um prémio de 5 mil euros. "Ainda tenho muito para aprender antes de criar a minha própria marca", reconheceu a jovem, admitindo que irá utilizar o prémio para criar a sua próxima coleção.


Federico Protto - outono-inverno 2019 - Moda Feminina - Lisboa - ModaLisboa


Entre os designers do Sangue Novo parece ser uma constante a vontade criativa e o trabalho no design não se traduzirem necessariamente na criação de marcas próprias. O italiano Federico Protto, reconhecido como o melhor designer internacional por 'Muses 2019', também mantém os pés bem assentes no chão. O designer, que apresentou uma coleção unissexo, irreverente e com ar punk, encara o seu trabalho na moda como um exercício artístico não tão orientado para a visão comercial. Apesar de vender algumas t-shirts com os seus desenhos de estilo graffiti, o que lhe interessa é a criação e a possibilidade de propor performances através das suas peças. Ideias com as quais conquistou um bilhete de volta a Lisboa, já que o seu prémio lhe permitirá participar na próxima edição do espaço Workstation do evento na próxima edição de outubro.

O lado ligeiramente mais comercial, sem deixar de lado a rutura e a originalidade, ficou a cargo de Archie Dickens. O designer britânico apresentou 'Fluxo 19', uma coleção notável, também unissexo, com um notável trabalho dos relevos em ponto e lã na forma de ondas de água em tons de azul e cinza, que foi galardoada com o prémio de distribuição da plataforma. Assim, as suas peças passam a fazer parte do catálogo da concept store The Feeting Room, que atualmente tem dois espaços no Porto e em Lisboa.


Archie Dickens - outono-inverno 2019 - Moda Feminina - Lisboa - ModaLisboa


Por seu lado, as marcas não premiadas mantiveram o bom nível dos desfiles. A jovem lisboeta Rita Carvalho envolveu-se na mitologia em 'Floragora', uma coleção de ares ingénuos que brincou com a desconstrução de alguns elementos, mangas extra longas e aplicações florais sobre tule e transparências. O também português Artur Dias, da marca Opiar, viajou até ao barroco com 'La petite mort'. Uma proposta de inspiração cenográfica na qual mulheres de véu laranja caminhavam com imponentes xales de tecidos brocados e detalhes de missangas. Apenas uma dupla se apresentou no Sangue Novo: The Co.Re, formada por Rachel Regent e Inês Coelho, que optaram pelo fluo e por elementos futuristas, marcados por estampados de riscas e acabamentos de franjas.
 
O fim de semana de moda, que continuou com estilistas consagrados como Luis Carvalho ou Ricardo Preto, que marcou o seu posicionamento nas primeiras horas do evento. Juventude e criatividade, uma combinação que oferece muito bons resultados quando conta com o apoio necessário.

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