Agência LUSA
10 de out. de 2016
ModaLisboa: Chamada de atenção de Dino Alves em nome da natureza encerra 2.º dia
Agência LUSA
10 de out. de 2016
As propostas arrojadas do criador Dino Alves para a primavera/verão do próximo ano encerraram, no sábado, o segundo dia da 47.ª edição da ModaLisboa, numa tentativa de alertar o homem para o reflexo dos seus comportamentos na natureza.
A música começou harmoniosa, com o canto dos pássaros, e foi ficando cada vez mais intensa, até soar o alarme e a palavra "Warning" ("Perigo") - o nome da coleção. Depois, o ritmo tornou-se lento e melancólico.

A evolução da melodia guiou a apresentação dos coordenados no desfile da nova coleção de Dino Alves: se numa primeira fase surgiram peças (femininas e masculinas) com cores "químicas e industriais" e em tons florais, para depois surgirem os tons secos, os cinzas e os pretos a invadirem a 'passerelle'.
"Acho que a história em si é uma história bonita por ter como personagens as flores, que vão sofrendo com a intervenção da indústria e da parte química da vida, com os inseticidas e etc., e que depois morrem", afirmou à agência Lusa o estilista Dino Alves.
O alerta do criador visa, por isso, evitar um final triste: "Isto poderá acontecer porque já há imensas espécies a desaparecer".
Apesar ter preocupações ecológicas nas suas roupas, Dino Alves admitiu que "a indústria não coloca à disposição outro tipo de elementos", o que dificulta o trabalho dos estilistas.
Neste dia, houve também tempo para o jovem designer David Ferreira, da plataforma LAB, apresentar no número 31 da Praça do Município a sua coleção feminina inspirada na opressão exercida sobre as mulheres e na sua sexualidade ao longo dos tempos.

Dos coordenados mais básicos aos mais oponentes, o criador apostou nos brancos, em cores fortes (como o laranja e o azul petróleo) e no preto, e em materiais como a organza, o chiffon, a pele e o cetim.
Seguiu-se a vez do coletivo Awaytomars que, no mesmo local, mostrou propostas masculinas e femininas de cores claras (amarelo, branco e cinza) e metalizadas (azul, prateado e dourado), com cortes a direito e assimétricos.
Já no Pátio da Galé, o designer de jóias Valentim Quaresma apresentou peças para homem e mulher em acrílico, ganga, neoprene, microfibra, tiras de couro e em metal que visavam transmitir uma ideia de rutura com os conceitos preconcebidos.
Centrada na moda de praia, a Cia Marítima levou à 'passerelle' estampagens e padrões que remeteram para o verão de 1990, ano em que a marca foi criada.

Conchas, estrelas-do-mar, escamas de peixe, pranchas de surf, algas e corais foram alguns dos elementos presentes nos biquínis, fatos de banho e túnicas de mulher apresentados pela marca, em tons azuis e verdes.
Numa onda 'hippie chic', o criador francês Christophe Sauvat, que vive em Portugal há alguns anos, primou por tecidos fluidos e confortáveis e por padrões florais e retro, que começaram claros - brancos e beges - e foram escurecendo até chegar ao preto.
"Kiss me like you miss me" ("Beija-me com vontade", em tradução livre) foi o mote da estilista Catarina Sequeira, da marca Saymyname, para a próxima primavera/verão.

Inspirada na roupa urbana dos anos 1990, a coleção da criadora ficou marcada pelo estilo desportivo, assente em blusões, camisolas largas, chapéus de lona, bolsas à cintura, corsários e saias.
Os desfiles prosseguem hoje, domingo, naquele que é o último dia da edição deste ano da ModaLisboa, sob o tema "Together" [Juntos].
A programação inclui também exposições e o Wonder Room, uma 'pop-up store' (loja temporária), de entrada livre.
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