
Helena OSORIO
11 de mar. de 2022
ModaLisboa Metaphysical: João Magalhães abre apresentações com coleção de opostos

Helena OSORIO
11 de mar. de 2022
João Magalhães inaugura as apresentações da ModaLisboa Metaphysical - Lisboa Fashion Week (LFW), com “Venus and the Solitary Cloud”, uma coleção muito bem pensada, rica em recursos estilísticos e apontamentos artísticos, onde “a iconografia católica se cruza com personagens das ruas. O caos vibrante está de volta”, anuncia a Associação ModaLisboa na sua página de Facebook.

"Venha juntar-se a mim na próxima quinta-feira @lisboafashionweek, 21h, em pessoa ou online, vibrando apenas em frequências muito altas ", publica por sua vez João Magalhães no Instagram, acrescentando noutro post a imagem de um novo timbre: "Não há nada mais sexy do que um novo logotipo". Entre o kitsch da cultura sacro e popular e o psicadélico.
Em "Venus and the Solitary Cloud", João Magalhães volta a explorar opostos à medida que busca a beleza da dualidade entre culturas, materiais, técnicas, artesanato e tecnologia.
“As dualidades são uma constante nas minhas coleções”, defende o designer multifacetado que cresceu entre Londres e Lisboa.

Em "Venus and the Solitary Cloud" assistimos, mais uma vez, à concretização do diálogo entre a alta costura e o streetwear; à manipulação manual de tecido e à criação de arte digital, acrescenta a ModaLisboa no site.
A performance de apresentação da coleção foi emitida em direto na quinta-feira (10 de março), encontrando-se ainda disponível em vídeo na página de Facebook da ModaLisboa,
Na sala escurecida cheia de público fez-se luz, inicialmente com foco no nicho sinalizado por arco gigante de flores artificiais entrelaçadas e com par de modelos deitados no podium de dois níveis, um dos quais de iPhone na mão.

E a história começa a ser contada a partir deste suposto fotógrafo que capta o modelo transsexual com top de plumas e calças avantajadas estampadas, com riscas nas costuras laterais evocando o fato de treino. Tudo em tons de azul e verde água, e lilás, com apontamentos de amarelo – como as botas de cowboy listradas de amarelo e azul, que a muitos poderão porventura evocar a bandeira da Ucrânia.
Dançando como uma bailarina profissional erótica, o modelo vedeta insinua-se ao fotógrafo com camisola justa estampada no mesmo tecido das referidas calças e calção escuro cortado por baixo do joelho, do qual se destaca o botão feito à mão. De salientar também as luvas em cetim de três quartos cravejadas de mini estrelas cintilantes.
Até que a bailarina salta do seu pedestal, sempre acompanhada pelo amigo fotógrafo rendido à sedução até ao último instante.

Segue-se um segundo look negro, como seja o longo vestido cingido na cintura por fita de várias voltas atada com nó, e repleto de folhos em cascata. Por sua vez, interrompidos por decote e abertura central avantajados.
Os seus homens-mulheres e/ou mulheres-homens falam-nos também de inclusão em mais de uma dezena de propostas, que se vão revelando à medida que o show avança.
As transparências em estampas sobrepostas ou os mini blusões de ganga envelhecida e pintada a partir de técnicas como o batik – pontuados por pinos e botões exclusivos moldados à mão; as camisolas de retalhos ou os coletes com incrustações brilhantes e lapelas de bolsos falsos; a grande capa em malha de retalhos; os adereços à imagem de grandes colares de contas e outros elementos reciclados, gorros felpudos ou chapéus de cowboy amplamente decorados.
E ainda o conjunto de saia e casaco tipo Chanel em tweed. seguido pelo vestido comprido de folhos e transparências de uma rainha coroada que fecha a apresentação. Um sem fim de opções estéticas e referências a tempos estilísticos, ícones populares ou técnicas especiais, que enriquecem esta nova coleção de João Magalhães, o qual surpreende uma vez mais pela positiva.
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