Momad fecha edição de recuperação acima das expectativas
Rumo à recuperação na última edição da feira de moda, calçado e acessórios Momad, organizada na Ifema, em Madrid, entre os dias 16 e 18 de setembro. Um sentimento de otimismo e um regresso à atividade anterior à pandemia marcado pela criação de sinergias intersetoriais graças à coincidência de datas com a celebração das feiras Intergift, Bisutex e MadridJoya, bem como a mudança de localização da Momad. Da ocupação tradicional dos pavilhões 12 e 14 à passagem para o pavilhão 8 nas últimas edições, uma área menor em que conviveram mais de 300 marcas de 18 países, contra 175 na última edição, criando um clima de dinamismo entre os participantes. Segundo a organização, espera-se um regresso aos números de 2019, quando a feira recebeu cerca de 15 mil visitantes.

Uma sorridente Julia González, diretora responsável pelas quatro feiras profissionais, assegurou em entrevista à FashionNetwork.com no encerramento do evento, no último domingo, 18 de setembro: “Estamos lotados. A Momad superou todas as nossas expectativas. A feira está efervescente e os clientes dizem-nos que ficaram encantados. Temos trabalhado arduamente na comunicação deste evento e criou-se um efeito chamada entre as empresas.” A diretora destacava o poder de convocatória da segunda edição deste ano, sublinhando que também ajudou “a progressiva estabilização do setor depois da pandemia e a mudança de mentalidade do consumidor, cansado de se vestir sempre com roupas de grandes marcas e agora em busca de um produto diferente e especial”.
Por sua vez, a gestora comercial do evento profissional, Mercedes Ferrero, assegurou: “Trabalhámos muito na proposta estética das feiras, algo muito importante, visto que todas estão ligadas à indústria da moda, bem como a oferta cuidada de marcas que propomos, onde convivem marcas consagradas com outras de nova geração ou nativas digitais.” Segundo indica a direção, esta estratégia qualitativa será mantida para as próximas edições dos salões profissionais.
"Os corredores estão muito cheios e as pessoas chegam com entusiasmo, nota-se bastante recuperação", disseram na equipa da Martina K, marca consagrada de roupa, bolsas e acessórios, que também organizou um desfile na passarela da Momad, no qual também participou o coletivo Adlib Moda Ibiza, o Centro Superior de Diseño de Moda ou empresas como Faride, Fuga ou Alenia Brand. “É um formato que nos impulsiona muito e nos dá muito mais visibilidade do que o stand”, asseguraram, sublinhando a presença de clientela espanhola, portuguesa e italiana.

O otimismo também se repetiu em stands lotados, como o da madrilena Brave Soul, da grega de estilo boémio Coocu Resorts ou da marca de origem indiana Surkana. Além disso, destacou a tendência de marcas com uma oferta claramente orientada para a moda resort, roupas de praia descontraídas ou cores intensas de verão, tingindo as propostas da Tartaruga, Mele Beach, Piti Cuiti ou o stand central ocupado pela moda da Adlib, de Ibiza.
“A recuperação do setor é apreciada, embora a feira tenha sido igual à de fevereiro passado”, comentaram na emblemática Don Algodón, lembrando que a empresa teria preferido manter as datas do início de setembro, em vez de adiar a Momad para coincidir com as outras feiras. Ao tomar esta decisão, a direção do evento realizou uma consulta aos seus expositores, que resultou em 85% dos votos a favor da alteração das datas. Por outro lado, na Isla Bonita partilharam o sentimento de estabilidade: "Para nós, foi como nas edições anteriores, destacando principalmente a presença de clientes nacionais".
Na sua primeira participação na feira madrilena, a marca italiana de moda praia Denisi Francesca comemorou o facto da moda praia ser mais popular em Espanha do que noutros mercados, acrescentando, no entanto, que as marcas mais estabelecidas conseguem atrair mais clientes. “Vamos aos poucos. Nesta primeira edição, conseguimos estabelecer mais contactos do que fechar acordos. As pessoas estão relutantes em comprar no primeiro contacto, provavelmente por causa da nossa faixa de preços mais evelada.”

O posicionamento foi também uma das principais preocupações da empresa de Barcelona Souvenir. “Embora haja bastante gente na feira, as marcas de preço médio-alto não conseguem fechar negócios”, explicaram, argumentando que a maioria dos visitantes vai à Momad em busca de um produto acessível. “Realizar o evento juntamente com a MadridJoya ou a Bisutex não nos traz nenhum benefício porque o cliente é totalmente diferente”, reconheceram, propondo estreitar os laços com a MBFW Madrid, que se realizou paralelamente na Ifema durante o mesmo fim de semana.
O papel do calçado e da sustentabilidade
Apesar de uma representação limitada, o calçado teve alguns dos stands mais visitados, com destaque para a afluência na Alma en Pena, Exé, Daniela Shoes ou Agot. Alguns nomes consagrados como Pons Quintana, Mascaró ou Victoria também não ficaram de fora do evento. Nesta última, garantiram: “A nossa sensação é otimista. Vimos muita afluência e a organização em conjunto com outras feiras é positiva. Como não há uma feira só de calçado, é bom que na feira seja proposto de tudo um pouco. É o que as pessoas procuram nas lojas."
Assim como nas edições anteriores, o evento contou com a área informativa Foro Imagen, localizada no corredor de comunicação da Momad e da MadridJoya. Durante os três dias de evento, foram organizadas palestras e conferências, entre as quais se destacaram os temas voltados para a sustentabilidade. “Parece que a consciência é crescente. E a slow fashion deixou de ser algo que poucos fazem, tornando-se uma necessidade obrigatória para todos”, assegurou a diretora executiva da marca Roberto Verino, Dora Casal.
Por sua vez, o presidente da confederação de empresas ModaEspaña, Ángel Asensio, concluiu: “As circunstâncias da pandemia obrigaram-nos a avançar rapidamente em muitos aspetos. É importante mantermos esta atitude para continuarmos a avançar em matéria de digitalização e sustentabilidade”.
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