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23 de set. de 2017
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Morte de Liliane Bettencourt desperta especulações sobre o futuro da L'Oréal

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Reuters API
Traduzido por
Novello Dariella
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23 de set. de 2017

A morte da matriarca francesa da família fundadora da L'Oréal trouxe à tona especulações sobre o futuro da maior empresa de cosméticos do mundo e a sua relação com a acionista Nestlé.


L'Oréal Paris


A bilionária Liliane Bettencourt, listada pela Forbes como a mulher mais rica do mundo, morreu aos 94 anos. A sua filha deu a conhecer a notícia ao final do dia, na quinta-feira (21).

A família Bettencourt possui 33% da L'Oréal. A sua filha Françoise Bettencourt-Meyers, que ocupa um cargo no conselho da L'Oréal junto com o seu filho, disse que a família permanece comprometida com a L'Oréal e a sua equipa de gestão.

No entanto, a morte de Liliane pode desencadear mudanças na estrutura de propriedade da empresa, na qual a Nestlé tem sido uma grande investidora há mais de 40 anos e possui uma participação de cerca de 23%.

"A especulação sobre as intenções da Nestlé em relação à sua participação na L’Oréal será inevitavelmente reiniciada", disseram analistas da Jefferies.

“É possível que a L'Oréal compre a participação da Nestlé, ou talvez até que a Nestlé compre a L’Oréal de forma definitiva”.

As expectativas de mudança fizeram as ações da L’Oréal subir 4%, o melhor desempenho do índice de referência CAC-40 de França.

A Nestlé acordou com a família fundadora que as duas partes não poderiam aumentar a sua participação enquanto Liliane Bettencourt estivesse viva e durante pelo menos seis meses após a sua morte.

"Expressamos as nossas mais sinceras condolências e profundos sentimentos à família da Sra. Bettencourt e todos na L'Oréal neste momento difícil", disse a porta-voz da Nestlé na sexta-feira (22). "Este não é o momento certo para fazer mais comentários", acrescentou.

PRESSÃO DE ACIONISTA ATIVISTA

As questões sobre o investimento da Nestlé na L'Oréal, no valor de 23 biliões de euros antes da valorização das ações na sexta-feira, intensificaram-se depois de o acionista ativista Third Point ter divulgado uma participação na Nestlé em junho e instigado o grupo suíço a vender a sua, que representa mais do que 10% do seu próprio valor de mercado.

Third Point disse que poderia ser alienado de uma maneira eficiente em termos fiscais através de uma troca na qual a Nestlé daria aos acionistas as ações da L'Oréal pelas ações da Nestlé. Isso aumentaria o retorno do património da Nestlé e o preço da ação no longo prazo, uma vez que os ganhos melhoram ao longo de uma contagem de ações reduzida, disse Third Point. 

A L'Oréal é vista pelos analistas como sendo uma possível compradora da participação da Nestlé, e poderia usar a sua participação de 9% na Sanofi, no valor de cerca de 9,5 biliões de euros, para financiá-la. As ações da Sanofi aumentaram 1%.

No mês passado, os analistas da Investec estimaram que a L'Oréal poderia aumentar os seus ganhos por ação em 10% se comprasse de volta a participação.

No passado, sob a antiga gestão da Nestlé, havia especulações de que a empresa suíça poderia tentar adquirir a participação da L’Oréal. Essas especulações enfraqueceram desde que a Nestlé reduziu a sua participação em 2014 e afrouxou os laços entre empresas ao assumir a joint-venture de dermatologia Galderma, que compartilhavam.

"Achamos que uma desistência a médio / longo prazo seja mais provável do que uma aquisição, tendo em conta os caminhos estratégicos divergentes das duas empresas na última década", disseram analistas da UBS.

A Nestlé, fabricante do chocolate KitKat e da água Perrier, tem vindo a caminhar em direção à nutrição e saúde, enquanto a L'Oréal está mais focada em produtos de beleza.

O novo CEO da Nestlé, Mark Schneider, que assumiu o cargo no início do ano, apresentará a sua estratégia na próxima semana, numa reunião com investidores em Londres.

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