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Por
Reuters
Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
9 de abr. de 2018
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Mulheres lutam pelos seus direitos nas fábricas de moda do Bangladesh

Por
Reuters
Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
9 de abr. de 2018

Quando Ayesha Akhter entra na fábrica onde trabalha, o supervisor cumprimenta-a com um sorriso e deseja-lhe um bom dia, uma grande mudança depois de anos de abuso físico e verbal pelos gestores da indústria do vestuário do Bangladesh, avaliada em 28 mil milhões de dólares.



A costureira diz que esta é a sua maior vitória desde que foi eleita, em outubro do ano passado, presidente do sindicato dos trabalhadores da Jeans Factory Limited, em Dhaka, no âmbito de um esforço para melhorar as condições em toda a cadeia global de fornecimento de moda.

"Em todos estes anos, ouvi supervisores gritarem, abusarem verbalmente, chamarem-nos prostitutas e agredirem-nos para trabalharmos mais rápido", disse Akhter, que passa oito horas por dia a costurar bolsos de jeans e calções, à Thomson Reuters Foundation.

“Então tornei-me presidente do sindicato e tudo mudou. Da noite para o dia, tornei-me importante”. Akhter, de 28 anos, está entre as dezenas de mulheres do Bangladesh que estão à frente de sindicatos e negociam com empresários por mais remuneração, locais de trabalho mais seguros e mais respeito no trabalho.

O Bangladesh é o segundo maior exportador de vestuário do mundo, com cerca de 4 milhões de pessoas a trabalhar em mais de 4 mil fábricas, quase 80% delas mulheres, segundo ativistas. As más condições de trabalho e os salários baixos são há muito tempo uma preocupação no setor, que sofreu um dos piores acidentes industriais em 2013, quando mais de 1.100 pessoas morreram no desmoronamento do complexo Rana Plaza.

Trabalhadores das fábricas de roupa em busca de estabelecer sindicatos encontraram resistência em toda a região, e muitos acabaram por perder os seus empregos ou foram suspensos por gestores com medo do poder dos sindicatos, segundo os líderes.

"Liberdade de associação e negociação coletiva são os maiores desafios que a indústria enfrenta hoje", diz Nazma Akter, ex-trabalhadora infantil e fundadora da Awaj Foundation, que luta pelos direitos dos trabalhadores. "Sem esse poder, os trabalhadores estão apenas a sobreviver, não têm uma vida normal, e é quase um crime”, explica.

MULHERES DINÂMICAS E JOVENS

Cinco anos depois de Rana Plaza, surgiu um dos movimentos mais fortes da região para organizar as mulheres trabalhadoras de Bengali e ajudá-las a exercer uma negociação coletiva. O número de sindicatos registados no Bangladesh aumentou em cerca de cinco vezes, para quase 500 desde 2013, de acordo com Jennifer Kuhlman, membro do Centro de Solidariedade, com sede nos Estados Unidos, que luta pelos direitos dos trabalhadores.

"Muitos deles são chefiados por mulheres jovens e dinâmicas que estão a escolher enfrentar o sistema para promover mudanças", disse Kuhlman, que lidera os seus programas no Bangladesh. Ativistas estimam que as mulheres representam cerca de metade dos novos líderes sindicais das fábricas.

Apesar de as mulheres dizerem que o recém-descoberto poder sindical abriu os olhos para os seus direitos - de benefícios sociais à horas extra -, estas têm medo de perder os seus empregos. Nazma Akhter se lembra a "grande discussão" que teve com o marido quando disse que estava a pensar em candidatar-se à presidência.

"Ele ficou louco e chateado e disse-me claramente para não fazer isso", diz , que é mãe de dois filhos. “Estava com medo e preocupado com a minha segurança. Ele cedeu, mas ficamos sempre preocupados com o que vemos e ouvimos”.

Foi fácil sindicalizar após o desastre de Rana Plaza, mas os ativistas agora estão a ser perseguidos, os trabalhadores estão a ser demitidos e as reuniões sindicais estão a ser interrompidas, diz Babul Akhter, presidente da Confederação de Trabalhadores Industriais e de Vestuário do Bangladesh. "É difícil e os trabalhadores estão a enfrentar um momento difícil", diz Akhter, cuja organização apoia trabalhadores de 52 fábricas sindicalizadas.

Segundo os ativistas, o governo tem reprimido os sindicatos após os trabalhadores do setor de vestuário de Ashulia, um subúrbio nos arredores de Daca, protestarem contra a morte de um colega de trabalho e exigirem salários maiores em dezembro de 2016. Nos quatro meses seguintes, quase 40 líderes sindicais foram presos e muitos sindicatos foram fechados pelo governo, de acordo com o Centro Solidário.

Muitos líderes receberam fiança, mas alguns casos estão em andamento e os trabalhadores temem as repercussões de se unirem formalmente aos sindicatos, disseram os ativistas. As autoridades trabalhistas do Bangladesh ainda não comentaram sobre o assunto, embora no site do departamento estejam listadas algumas das disputas entre sindicatos e fábricas que foram mediadas.

GRANDES LÍDERES

O segundo andar de um edifício de Dhaka abriga o escritório da Federação Sommilito Garramos Sramik, que apoia os sindicatos e organiza e educa os trabalhadores em toda a cidade. Cerca de 80 mil deles participam nas suas reuniões.

Nahidul Hasan Nayan, o seu secretário geral, está atolado em papelada para ajudar os trabalhadores a enviar pedidos para formar sindicatos. "Não é fácil", diz Nayan, acrescentando que 30% dos trabalhadores da fábrica devem solicitar que o governo registe o sindicato, o que demora meses. “Às vezes, basta uma assinatura incompatível para que o registo do sindicato seja rejeitado”.

Noutra sala, mulheres caminham em silêncio e sentam-se em torno de uma mesa para uma reunião noturna, depois dos seus turnos. Entre elas está Shampa Begum, de 30 anos, que se tornou presidente do sindicato da fábrica onde trabalha há um ano, quando os trabalhadores começaram a organizar-se e lhe pediram que os liderasse.

"Todos insistiram e por isso concordei", diz baixinho. “Enfrentamos muitos problemas, como água suja”. Esses problemas já foram resolvidos, diz Begum, que passou quase 15 anos a costurar calças e a ganhar 7.500 taka (US $ 90) por mês.

Antes da formação do sindicato, Begum esperava horas do lado de fora do escritório do administrador para resolver pequenos problemas. “Eles ridicularizavam-nos, perguntavam se achávamos que éramos grandes líderes, a pedir instalações. Agora, somos líderes e as coisas são feitas”, comemora. 

As mulheres dizem que têm menos tempo para as suas famílias, mas é um preço que estão dispostas a pagar para trazer mudanças. Akhter acorda às 5 da manhã para cozinhar e levar os seus filhos para a escola, trabalha num turno de oito horas e volta para casa depois de escurecer. Passa todos os seus intervalos a fazer trabalho sindical e está constantemente a pensar em como resolver os problemas da fábrica. "É cansativo, mas Deus dá-me energia", diz.

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