Multimilionário Adrian Cheng lança C Ventures a pensar nos millennials chineses
Adrien Cheng, descendente de uma das mais ricas famílias de Hong Kong, gosta de se definir como um “empreendedor cultural”. Esta semana, em Paris, Cheng anunciou o lançamento de um importante novo fundo de investimento dirigido àqueles que vê como os principais consumidores do século XXI: os millennials e a Geração Z na China.
O novo veículo de investimento de Cheng é a C Ventures, que já comprou controlo ou adquiriu participações numa rede de marcas avançadas do ponto de vista tecnológico. Estas empresas têm perfis muito distintos, como o canal Nowness, o site Not Just a Label (especializado em gerar projetos e empregos para designers) ou a Armarium, empresa de aluguer de ready-to-wear de luxo. O objetivo: construir uma rede interligada de recursos maioritariamente ocidentais para atrair aqueles que Cheng chama de geração BAT (Baidu, Alibaba e Tencent, as três grandes empresas chinesas de e-commerce).
“A geração BAT totaliza 427 milhões de pessoas, um número superior às forças de trabalho dos Estados Unidos e da União Europeia combinadas!”, disse Chang durante um discurso no Hôtel de Crillon. O incrível império da sua família, com base em Hong Kong, também inclui o grupo Rosewood, que gere o Crillon e o Carlyle, em Nova Iorque, que fazem parte de uma cadeia de cerca de 35 hotéis.
Os BATers representam 65% dos compradores chineses do e-commerce e, até 2020, irão representar 53% do total de consumidores chineses. Além disso, a política do filho único instituída pelo Partido Comunista também originou um grupo sociológico com gostos e atitudes radicalmente opostos aos dos seus pais ou dos ocidentais da mesma idade.
“Usamos a formula 4:2:1, que significa que não só estes filhos únicos são criados pelos seus pais, como também são mimados por quatro avós”, nota Cheng.
Após estudar cuidadosamente o seu comportamento, a C Ventures começou a comprar empresas que poderiam dar resposta às necessidades específicas desta geração. Saber que os BATers assistem a 765 minutos de vídeo por semana levou a C Ventures a adquirir participações na Dazed Media e a comprar o Nowness, o canal de vídeos de moda financiado pela LVMH. As perdas registadas pelo Nowness aparentemente permitiram ao grupo comprá-lo por pouco menos de 10 milhões de dólares (8,4 milhões de euros). Para os seus diferentes investimentos, Cheng associou-se a Clive Ng, empresário e financeiro do universo dos meios de comunicação social.
Do mesmo modo, Cheng percebeu que os jovens chineses estão menos interessados em possuir coisas e mais em usufruir de múltiplas experiências. O resultado foi uma participação significativa no Armarium, o site que envia estilistas de topo a casa dos clientes e aluga roupas de marcas como Pucci, Jimmy Choo, Haider Ackermann e Roberto Cavalli. Esta última é um outro investimento de Cheng, através da Luxuba, empresa de consultoria de luxo que aconselha a DSquared2 e a Moschino na China.
Ironicamente, Cheng, que estava vestido da cabeça aos pés com peças Hermès (nomeadamente com um blazer em veludo vermelho rubi e ténis vermelhos), nunca comprou nenhum produto de moda pela internet. Nascido em Hong Kong, fluente em inglês, formado com honra em Harvard, Cheng passou um ano a estudar japonês antes de criar o K11, um conceito de centro comercial-museu, que deverá abrir portas em nove cidades chinesas.
Em 2015, foi nomeado herdeiro aparente do império de negócios da família. Fundado em 1929 pelo seu avô Cheng Yu-tung, o grupo inclui a Chow Tai Fook, a maior cadeia de joalharias do mundo, e o New World Development, com uma capitalização de mercado de mais de 80 mil milhões de dólares de Hong Kong (9,24 mil milhões de euros).
Próximos passos: Cheng promete anunciar este outono mais cinco investimentos significativos. E, em 2019, será lançado o Victoria Dockland, um gigantesco projeto comercial à beira-mar, em Hong Kong, com 300 mil metros quadrados. O seu custo estimado: 3 mil milhões de dólares (2,5 mil milhões de euros). O seu alvo: os BATers.
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