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Agência LUSA
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12 de dez. de 2013
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Museu presta homenagem aos antigos negociantes de peles de Vila Verde, Seia

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Agência LUSA
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12 de dez. de 2013

Seia – A aldeia de Vila Verde, no concelho de Seia, possui um Museu das Peles, dos Curtidores, das Artes e dos Ofícios em Couro que presta homenagem aos negociantes de peles conhecidos localmente como "samarreiros".

A Casa da Memória dos Samarreiros, que ocupa uma sala da antiga escola primária da localidade, abriu as portas em agosto de 2012 por iniciativa da Associação de Desenvolvimento Samarreiros de Vila Verde.


O espaço museológico foi criado com o objetivo de dar a conhecer aos visitantes o negócio das peles de animais e as várias fases da transformação das mesmas em couro e em objetos para uso pessoal, utilitário ou decorativo.

A antiga escola primária "tornou-se no único lugar do país onde se expõe uma arte ancestral, a curtimenta de peles, onde se pode apreciar como, a partir de uma pele em bruto e de aspeto pouco atrativo, se produzem objetos de uso pessoal, utilitário ou decorativo, através de técnicas simples ou complexas, com ornamentos de pertença a uma cultura", segundo os promotores.

Antenor Santos, fundador e coordenador do museu, disse hoje à agência Lusa que no espaço museológico também é possível "descobrir" porque chamam “samarreiros” aos habitantes de Vila Verde. "Toda esta história se conta com imagens, com fotografias, com pequenos acessórios industriais", referiu.

As visitas são gratuitas, mas devem ser realizadas mediante marcação prévia, por a associação não ter capacidade financeira para manter uma pessoa a tempo inteiro, explicou. "Normalmente sou eu o guia, mas há outras pessoas que também o podem fazer", referiu Antenor Santos, indicando que o espaço já foi visitado por "cerca de 500 pessoas" oriundas "de muitos locais do país" e também do estrangeiro.

"Os comentários [dos visitantes] são sempre muito agradáveis", disse, acrescentando que as pessoas utilizam o couro no vestuário ou no calçado, por exemplo, mas "não fazem a mínima ideia de como as coisas são feitas e, depois, ficam maravilhadas por ficarem a conhecer como tudo isto funciona".

No futuro, a associação admite a possibilidade de enriquecer o Museu das Peles, dos Curtidores, das Artes e dos Ofícios em Couro com a colocação de maquinaria antiga no exterior das instalações. "Se houvesse dinheiro, poderia ser feito algo de muito interessante", vaticinou o mentor do projeto criado numa localidade que apenas possui duas unidades industriais ligadas ao setor da transformação das peles quando, na primeira metade do século XX, "toda a aldeia vivia praticamente" daquela atividade.

A existência da Casa da Memória dos Samarreiros é motivo de orgulho para os habitantes de Vila Verde. "Para nós é uma grande alegria estarmos a mostrar aquilo [o trabalho] que era dos meus pais e do pessoal da terra", disse à Lusa António Santos, 72 anos. O morador considera que a aldeia "ganhou" com a criação do museu, porque mostra às gerações atuais e vindouras aspetos relacionados com o seu passado.

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