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Estela Ataíde
Publicado em
5 de mar. de 2018
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Nina Ricci: partir ou ficar?

Traduzido por
Estela Ataíde
Publicado em
5 de mar. de 2018

Uma atmosfera sóbria parecia pairar sobre o desfile da Nina Ricci, que aconteceu na sexta-feira à tarde em Paris. Na noite anterior, a casa havia desmentido oficialmente uma notícia de um jornal especializado que dava conta de que este seria o último desfile do seu designer Guillaume Henry. Não obstante, o desfile teve um ambiente de fim de ciclo.


Nina Ricci O/I 18 - Photo: Pixelformula


O desfile foi organizado no enorme Hotel Potocki, no 8º arrondissement, e, à medida que as primeiras modelos pisaram a passarela, a tensão no ar começou a ser palpável. E a coleção resumiu tanto o que o trabalho de Henry para a Nina Ricci tem de bom, como o que não é assim tão bom.
 
Guillaume corta com brio, como demonstrou a sua camisa de smoking em azul que abriu o desfile e caia com elegância, ou o casaco preto de corte militar rematado com insígnias florais em latão. O designer é criativo com os tecidos, como deixou claro com o maravilhoso casaco cor de estanho e com o vestido negligee que parecia feito de borracha líquida.

No entanto, tenta demasiadas vezes uma abordagem excessivamente sofisticada, como anéis de metal enormes usados como fivelas em vários looks, uma aposta que foi especialmente infeliz num minivestido preto usado pela beleza francesa Audrey Marnay. Além disso, passávamos bem sem as capas de polícia que lembravam a série televisiva Dixon of Dock Green.
 
Posto isto, houve uma passagem estupenda no final, com um quarteto de modelos em vestidos de lantejoulas e corpetes em seda metálica, que lembravam o quão bom um designer como Henry realmente consegue ser.
 
No backstage, Henry disse à FashionNetwork.com: “Não, não vou sair da Nina Ricci, e este não é o momento para falar de rumores, muito menos depois de um desfile!”

A Nina Ricci também desmentiu a notícia, mas de uma forma muito mais condicional. “Toda a informação veiculada nas notícias é pura especulação e não corresponde à realidade”, disse o comunicado da casa -  o que não é exatamente um desmentido absoluto.


Nina Ricci O/I 18 - Photo: Pixelformula


 O que quer que aconteça, foi impossível não reparar na banda sonora, com Jane Birkin a cantar Vie Mort Et Resurrection D’un Amour Passion. Um relato trágico de um amor perdido que refletia melhor a atmosfera deste desfile do que qualquer comunicado.
 
Henry chegou à Nina Ricci há quase exatamente três anos, após ter completado a sua última coleção para a Carven, uma casa que foi revitalizada graças ao seu trabalho, que voltou a colocá-la em primeiro plano após várias décadas praticamente desaparecida. Segundo fontes bem informadas, Henry assinou um contrato de três anos, o que significa que a renovação deverá acontecer durante este mês de março – o que facilitaria uma separação, caso a gerência assim o quisesse.
 
Henry também deixou claro a amigos que se sentia muito frustrado pelo que encarou como sendo uma falta de investimento na Nina Ricci. Posto isto, caso realmente saia da marca, Henry ainda terá muitos apoiantes em Paris. O seu sucesso na Carven não foi esquecido, ainda que a sua passagem pela Nina Ricci tenha sido bastante mais complicada.

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