O New Look da Dior numa nova era

Uma coleção improvável, mas dramaticamente exuberante da Dior nesta temporada, na qual Maria Grazia Chiuri misturou uma nova tecnologia de alfaiataria e uma nova visão das mulheres dos grandes mestres da pintura renascentista.

Seguindo a tradição da Dior, o cenário impressionou, com uma série de cerca de 200 pinturas falsas de Mariella Bettineschi, uma gigantesca obra de arte intitulada "Next Era", ou "Era Successivain Italiana", feita sob medida para a Dior, apresentando versões em preto e branco de grandes retratos de mulheres.

Uma marquise construída no seio do Jardin des Tuilleries, em Paris, cobriu todo o espaço expositivo que recebeu o maior número de público para um desfile de moda desde o início da pandemia. Localizada ironicamente a poucos passos das galerias de pintura do Louvre.

O cenário foi inspirado nas galerias de pintura que surgiram na Europa Ocidental a partir do século XV, onde monarcas, rainhas e grandes mecenas da arte patrocinaram e exibiram pinturas por todas as paredes e salões dos seus palácios.

Foram apresentadas imagens de mulheres de grandes mestres como Leonardo, Manet, Botticelli e Goya: rainhas, infantas, duquesas, cortesãs e odaliscas. A única rainha que faltava na parede era Rihanna grávida, que chegou 40 minutos atrasada com botas pretas de salto alto, lingerie e roupão transparente para revelar a barriga.

Bettineschi duplicou os olhos de muitas das retratadas como um convite a olhar novamente para as mulheres representadas na História da Arte e para a visão que os artistas têm delas. Foi o que Maria Grazia fez, reinterpretando os códigos e designs históricos da Dior com um toque moderno.

A sua primeira escolha, a jaqueta Bar, não é vista como uma personificação da feminilidade, mas sim como uma expressão de poder. Uma nova jaqueta Bar tecnológica foi apresentada, pois a Dior uniu-se ao D-Air lab** para criar um novo corpo de alta tecnologia, com bolsas de ar e acabamento com isolamento de luz e calor. A Bar clássica teria tido o seu preenchimento original comprado numa loja de roupas local pelo assistente da Dior, Pierre Cardin. A versão de 2022 tem um acolchoado de couro do lado de fora como um estofo protetor.

Cerca de uma dúzia de peças experimentais, incluindo espartilhos tecnológicos, proteção para as costas de motards e ombreiras grossas; algumas para venda, outras para futuras exposições. Como o laboratório D-Air é uma divisão de um fabricante de jaquetas para motards, e muitas roupas para estes, especialmente luvas de proteção até o cotovelo, usadas até mesmo com roupas para sair à noite.

A costureira italiana também se concentrou no famoso sapato de Roger Vivier para a Dior, o único caso na história da marca em que outro estilista teve o seu nome numa etiqueta Dior. Maria Grazia reinventou o calçado de Vivier como saltos desportivos e botas de motard, muitos destes modelos rematados com Lilly of the Valley, a flor característica e simbólica de Christian Dior.

Monsieur Dior também esteve presente nos pensamentos de Maria Grazia, que se baseou numa parede revestida a seda bordada encontrada no apartamento de Christian no 16.º Arrondissement de Paris. Uma imagem intitulada "Jardin sur Mer", que serviu de base para o padrão que usou na sua última edição de bolsas de lona para a Dior, a bolsa de marca de maior sucesso da última meia década.

Grande parte do processo baseou-se na leitura dos escritos do seu antecessor italiano Gianfranco Ferré, nos quais refletiu sobre a própria transformação como designer de prêt-à-porter em Itália, através de uma explosão de design e criatividade nos anos 70 e 80. Antes de chegar à Dior nos anos 90 e descobrir o mundo ainda mais rarefeito da alta costura.

“Penso que chegou a hora de lembrar que as pessoas têm de começar a ler muito mais, a pensar e refletir. Já não basta colocar um emoji nas redes sociais”, concluiu Maria Grazia.

O New Look da Dior numa nova era

See also