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7 de jul. de 2022
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O futuro do calçado e da APICCAPS segundo o presidente Luís Onofre

Publicado em
7 de jul. de 2022

Passados mais de dois anos desde o início da pandemia que mudou o mundo, logo seguidos pela guerra na Ucrânia por invasão ilegal da Rússia, que o mundo também não consegue travar, nem tão-pouco sendo diariamente apontada pelos media por sucessivos crimes à Humanidade, é óbvio que os negócios se encontram em geral afetados, não ficando de fora a indústria de calçado. Contudo, o presidente da APICCAPS - Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos, o designer de calçado Luís Onofre, também presidente da Confederação Europeia da Indústria de Calçado (CEC), mostra-se positivo.


Luís Onofre - APICCAPS


Luís Onofre explica que, só no primeiro ano de pandemia, deixaram de ser comercializados em todo o mundo mais de quatro mil milhões de pares de calçado, o equivalente a 70 anos de produção de calçado em Portugal, afetando todos. "Ainda assim, conseguimos resistir melhor do que os nossos principais concorrentes", diz em entrevista publicada pela APICCAPS, reforçando que, no atual cenário de guerra, "ninguém pode dormir descansado" e "os negócios serão sempre secundários".

No entanto, "os negócios estão nesta fase substancialmente melhores do que no passado recente. Aliás, já exportamos mais nesta fase do que 2019. É um registo significativo".

Sobre a APICCAPS diz que vai continuar, em força, "a amparar as empresas nos momentos de maior dificuldade", atuando nos bastidores, fazendo a radiografia do setor e propondo soluções e projetos para as empresas portuguesas associadas.

Através da APICCAPS, o setor já apresentou um plano de investimento de 140 milhões de euros, sendo o maior investimento de sempre, "e vamos investir mais de 100 milhões em dois projetos que consideramos prioritários".

A incerteza é o fator que mais afeta as empresas no momento: "Para um qualquer empresário, não há pior do que a incerteza. Limita-nos a capacidade de intervenção. Ser empresário, nesta altura, é muito difícil", confessa.

"Os custos das matérias-primas, dos transportes, da energia dispararam, aliás continuam a aumentar todos os dias, o que condiciona muito a nossa atividade comercial. As empresas não podem perder dinheiro. Só criando riqueza podem investir", alerta.

Noutro âmbito, Onofre não considera que o calçado, em especial em couro, esteja ameaçado por ser "um produto de excelência". Muito embora seja necessário repensar os negócios, já que o setor do retalho está a ser fustigado e com milhares de lojas a encerrar em toda a Europa nos últimos anos e as vendas online a disparar.

"Muitos desses pequenos retalhistas eram nossos clientes. Depois, também o produto mudou de forma muito expressiva, com uma forte predominância de modelos mais desportivos", diz, relevando que "a sustentabilidade veio para ficar. Esta é a grande mudança dos nossos tempos. A sustentabilidade, por si só, justifica um novo choque estratégico".
 

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