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Estela Ataíde
Publicado em
17 de set. de 2018
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O novo estilo boémio fluido da JW Anderson

Traduzido por
Estela Ataíde
Publicado em
17 de set. de 2018

A fluidez, frequentemente representada em peças de retalhos - uma escolha bastante contraintuitiva -, foi a chave para uma brilhante coleção proposta por Jonathan Anderson, que provavelmente irá definir a atual temporada londrina.


JW Anderson - Spring-Summer2019 - Womenswear - Londres - © PixelFormula


Vestidos évasées a partir do tronco, compostos por grandes faixas retangulares de tecidos com diferentes contrastes (de linho risca de giz a chiffon), com bainhas assimétricas que flutuavam no ar conforme as modelos passavam. Camisas masculinas foram alongadas para formar vestidos semi-transparentes com inserções de contrastes.
 
Muitas peças foram acabadas com peitorais de renda e com bainhas e franjas em bruto. Tudo acompanhado pelas suas mais recentes sapatilhas Pro-Ked, com uma pequena plataforma, ou botas e botins masculinos revisitados. Estes últimos rematados com fivelas duplas de metal, produzindo um efeito de borrão nas modelos em movimento.

"Um pouco mais boémia e uma celebração da moda através de texturas", explicou o designer num backstage a abarrotar de gente.
 
Todos as modelos usaram bonés de pirata de couro, incentivando o público a olhar para as roupas em vez de se focar nos rostos. Dessa forma, a personalidade das modelos foi apagada e o desfile foi efetivamente uma proposta de vestuário.
 
Uma vez vez mais, Jonathan Anderson organizou o seu desfile na Yeomanry House, um pequeno depósito militar no centro de Londres. Embora uma recente visita ao V&A (Victoria & Albert Museum) e às suas esculturas em ferro também tenha inspirado as várias cercas de ferro forjado que dividiram a passarela.

"É algo muito britânico, como o portão de um jardim, e transformámo-las em telas", acrescentou Anderson.
 
O designer também foi influenciado pelas ideias da artista americana Lynda Benglis e por uma t-shirt que esta criou em 1974 a propósito da emancipação das mulheres. Esta imagem, a mais conhecida de Benglis, que foi capa da revista Artforum, mostra uma mulher magra e bronzeada, praticamente nua, com óculos de sol e um enorme pénis ereto.
 
"Questionei-me sobre o que significa emancipação da moda nos dias de hoje. Como se fortalece o look de quem a usa. E eu acho que é através da fluidez. Quando tudo se torna algo que se move em redor do corpo. Que não vemos como algo estático. Tem que ser visto em alguém em movimento. Trata-se de seguir outro caminho para reinventar a ideia de reinvenção através do seu trabalho", disse Anderson.

Anderson pode falar de maneira muito presunçosa, mas acredita firmemente naquilo que diz. Além disso, a sua moda, embora não seja barata, é ainda assim relativamente acessível para o grande público millennial.
 
"A nossa gama de preços não é exagerada. As nossas carteiras custam no máximo 1.200 euros e as roupas também não custam mais do que isso. Por isso, acho que ainda somos bastante acessíveis", disse Anderson, que é atualmente o líder indiscutível da moda londrina.

Este foi o seu primeiro desfile desde a nomeação de uma nova CEO para a marca, Jenny Galimberti, uma executiva experiente cuja posição mais recente foi como diretora de comunicações globais na Louis Vuitton, a maior marca do grupo LVMH.
 
O conglomerado de luxo francês é, por sua vez, o maior investidor externo da casa de Jonathan Anderson e o seu empregador, uma vez que este também trabalha como diretor de criação na Loewe, a marca espanhola do grupo LVMH.

"Foi um evento lindo. Jonathan é um designer talentoso e cheio de energia. Estamos muito felizes com ele, tanto aqui como na Loewe", disse Sidney Toledano na sua tournée de inspeção do departamento. Toledano é presidente e CEO do LVMH Fashion Group, ao qual pertencem outras marcas como Celine, Kenzo, Loewe, Marc Jacobs e Emilio Pucci.

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