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Portugal Textil
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11 de out. de 2018
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O renascer da engenharia têxtil na UBI

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Portugal Textil
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11 de out. de 2018

Empenhada em manter os estudos de engenharia têxtil, a Universidade da Beira Interior está a engendrar novas estratégias para atrair alunos para o mestrado, ao mesmo tempo que alavanca a investigação no doutoramento nesta área de estudos.

Caroline Loss e Rita Salvado


Acreditado pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior até 2021 com 20 vagas, o Mestrado em Engenharia Têxtil da Universidade da Beira Interior está a ser relançado e adaptado para atrair alunos. «Há várias abordagens que estamos a seguir, mas a estratégia em que estou a apostar é muito a de voltar a um trabalho muito próximo com a indústria têxtil local. E nesse sentido tenho estado a construir uma relação com as empresas da região», explica Rita Salvado, diretora do Mestrado em Engenharia Têxtil, ao Jornal Têxtil, sublinhando que «há na região uma indústria importante, exportadora e dinâmica».

Numa primeira fase de retoma do Mestrado em Engenharia Têxtil, a ideia passa pela investigação aplicada à indústria de lanifícios da região. «Vai um pouco no sentido de recrutar engenheiros e colegas já com formação em engenharia têxtil que queiram evoluir e atualizar-se», afirma Rita Salvado. «O mestrado será sempre muito com o enfoque nas metodologias de investigação e na atualização de conteúdos», aponta.

A atual diretora do mestrado foi, no passado recente, responsável do Doutoramento em Engenharia Têxtil, tendo sido a orientadora do primeiro doutoramento em engenharia têxtil dos últimos 10 anos. A brasileira Caroline Loss escolheu a Universidade da Beira Interior para fazer o Mestrado em Design de Moda e, posteriormente, o Doutoramento em Engenharia Têxtil, focado no desenvolvimento de antenas para telecomunicações com apenas materiais têxteis. «A base da tese do doutoramento foi construir um método de caracterização das propriedades eletromagnéticas dos materiais têxteis», revela Caroline Loss, que para a prova de conceito usou, como condutor, um tecido de poliamida 6.6 revestida com cobre, que transformou num casaco, onde aplicou ainda um LED e uma placa de conversão de energia eletromagnética, para alimentar as baterias. «A antena apanhava as ondas de 2.4 GHz e depois fazia a conversão de energia. Neste caso, alimentava um LED para mostrar que era possível aproveitar a energia que está dispersa do ambiente e que provém dos routers, dos telemóveis, etc. e que podemos usar isso para alimentar pequenos sensores ou dispositivos», esclarece.

I&D premiado

O projeto já evoluiu e resultou no desenvolvimento de uma malha de trama de dupla face 100% poliéster e com fio 99% prata que já tem a parte condutora integrada na parte elétrica. «Outra contribuição importante foi caracterizar materiais têxteis convencionais para se usar em elementos eletrónicos tão específicos. No fundo, fomos buscar materiais convencionais cujas propriedades magnéticas não eram reconhecidas porque não têm sido muito importantes, só que neste caso fazem toda a diferença na dimensão da antena, na espessura que ela vai ter, no seu desempenho», elucida Rita Salvado.

Esta caracterização dos materiais resultou no reconhecimento internacional do projeto de doutoramento de Caroline Loss, que no final de 2017 trouxe para a Beira Interior o terceiro lugar na competição internacional Graduate Student Research Paper Competition promovida pela The Fiber Society, uma das mais antigas e conceituadas sociedades no âmbito dos materiais fibrosos.

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