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Estela Ataíde
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27 de set. de 2019
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Off-White: Virgil fora de cena no Centro Pompidou

Traduzido por
Estela Ataíde
Publicado em
27 de set. de 2019

É difícil pensar num criador mais moderno que Virgil Abloh, que apresentou o seu último desfile no principal templo francês de arte contemporânea, o Centre Pompidou. Mas, nem um vislumbre do designer


Off White - primavera-verão 2020 - Moda Feminina - Paris - © PixelFormula


No início deste mês, Virgil Abloh anunciou que, por conselho médico, tinha que reduzir os seus esforços. O criador e DJ tem dois importantes empregos: na Off-White e na Louis Vuitton.
 
A decisão foi tomada após a aquisição pela Farfetch do grupo de moda italiano New Guards - do qual a Off-White é o principal ativo financeiro - pela quantia astronómica de 675 milhões de dólares. Algo que causou uma queda de 40% na ação da retalhista online.

Mas, fontes bem informadas em Milão sugerem outro motivo para a exaustão de Virgil Abloh. Diz-se que o grupo New Guards detém uma licença de 25 anos na Off-White, que foi integrada no acordo celebrado pela Farfetch, enquanto o nome da marca em si (que o criador controla), não fez parte do mesmo. O que significa que, surpreendentemente, Virgil Abloh não obteve nenhum benefício financeiro com esta muito comentada aquisição.

Dito isto, muitos observadores tendem a debater os verdadeiros talentos de Virgil Abloh em matéria de cortes ou drapeados. Mas, quando se trata de ideias, especialmente imagens que apelam ao público em geral, Abloh não tem quaisquer rivais atualmente.


Off White - primavera-verão 2020 - Moda Feminina - Paris - © PixelFormula


Vejamos, por exemplo, uma peça da qual a maioria das mulheres tem poucos exemplares: o vestido de baile, que Virgil propôs aberto nas costas, flutuando até ao chão e em nylon pára-quedas. Podemos dizer que o reinventou, trazendo-o para o domínio do cool.
 
Os franceses têm uma escola de pensamento filosófico chamada semiótica - o estudo de símbolos, alegorias, analogias, metáforas e, principalmente, dos significantes. E, atualmente, poucos designers propõem tantos significantes quanto Virgil Abloh. Tem um talento sobrenatural para imaginar cenários e conceitos atraentes.

É o caso, por exemplo, de uns compensados com tiras de peles falsas que lembram algas ou em couro duro com recortes. Ou os brincos triangulares e, especialmente, as suas novas carteiras cheias de buracos de oito centímetros de diâmetro. E, finalmente, os seus novos cintos de coldre com bolsos laterais, usados com muito orgulho por um elenco de luxo - nomeadamente Gigi e Bella Hadid. Tudo isto lançará tendências massivas.


Off White - primavera-verão 2020 - Moda Feminina - Paris - © PixelFormula


Mas, a melhor parte da coleção foram os simples tops de algodão branco, um pouco transparentes, com recortes nas laterais e a palavra Off ao nível do colarinho. Uma ideia falsamente simples, perfeita.

Pequenos vestidos de algodão cortados com colarinho e galões vagamente militares, usados por manequins com óculos de aviador techno; impermeáveis chiques com capuz em microfibra, que desciam até aos gémeos, ou calças de couro elegantes amarradas no tornozelo - sempre com furos no quadril: peças extremamente lisonjeiras. E muitas com textos no exterior em jeito de acabamento, sob o logótipo Off-White by Virgil Abloh.

Virgil encontrou realmente uma maneira de literalmente transformar em old-fashioned um monte de designers parisienses mais competentes - Nicolas, Julien ou Natacha, para citar alguns. Os seus desfiles, as suas roupas e a sua postura são muito mais atuais.
 
Antes do desfile, uma voz feminina ecoou nos alto-falantes para evocar Alvin Ailey, e os "avatares da criatividade humana", que não são uma má maneira de descrever Virgil Abloh. Mas, a questão que permanece, após este desfile, é: Onde está Virgil?

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