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26 de out. de 2021
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Olga Noronha: do Museu de São Roque em Lisboa diretamente para a Boutique dos Relógios Plus no Porto

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26 de out. de 2021

Já a preparar uma nova exposição que inaugurará no final de novembro (ainda sem data marcada), na Boutique dos Relógios Plus do Porto, Olga Noronha pode agora ser apreciada – mais propriamente a obra escultórica que faz parte da sua última série intitulada “Na Hora Suave” – numa exposição integrada na I Bienal Internacional de Joalharia Contemporânea de Lisboa, a "Suor Frio", patente no Museu de Arte Sacra de São Roque até ao dia 20 de novembro.
 

Exposição patente no Museu de Arte Sacra de São Roque, em Lisboa, até 20 de novembro - Cortesia de Olga Noronha


No espaço expositivo, pode ler-se a título de legenda sobre o trabalho em questão: “Na Hora Suave foi apresentado na edição ModaLisboa, em plena pandemia e ao ar livre, no Parque Eduardo VII em Lisboa. Olga Noronha libertou um bando de pequenos pássaros em cativeiro guardados no pequeno habitat dentro do vestido. Alude-se ao termo de um confinamento de proteção, mas imposto, e ao vislumbre da libertação, onde poética e risco convivem”.
 
Perante a obra escultórica tão rica e impressionante desta doutora e mestre em Investigação de Design pelo Goldsmiths College (University of London) – até mais humana do que sagrada – é possível sentir esta conexão com o divino como suprema inspiração e materialização do espírito e da alma. Talvez daí a escolha do espaço que alberga hoje “Na Hora Suave” (ou "A liberdade que a vida nega e a alma precisa"), com peças criadas em metal e noutros materiais. Uma obra pensada para o recolhimento que o novo normal obriga e apresentada na edição pandémica da ModaLisboa, que já ousava a libertação no fecho do mundo e consequentemente da semana da moda à qual a artista está ligada desde 2013.

As vestes ou "esculturas usáveis" de Noronha privilegiaram o branco como luz de supostos cisnes, que as silhuetas insinuavam, também camuflados por cores da natureza e recortados pela luz e sombra dos próprios rendilhados desta obra especifica, que inspira diferentes universos ou fugas, e que também passa a mensagem de um mundo novo em transformação.


Pormenor de habitat numa peça de Olga Noronha integrada na sua obra intitulada Na Hora Suave - Cortesia de Olga Noronha


O espaço museológico funciona também como um espaço de reflexão à obra que aborda um tempo ou tempos fragmentados num mesmo período evolutivo. Faz parar pelo encantamento das peças que se completam, construindo uma mensagem que alterna com o know-how do próprio observador, e que abre caminhos ao pensamento face aos dias que vivemos. São "esculturas usáveis", sim, e vestuário para o corpo e para a alma.

Por um lado, a robustez da mecânica e da tecnologia associada a atos médico-cirúrgicos e rituais que caracterizam a obra de Noronha desde sempre; e, por outro, a delicadeza da matéria em si que faz da joia uma escultura como corpo de outro corpo, do próprio corpo, ou como prótese fiel. 

E, apesar de ainda não ter sido anunciada a data precisa da próxima exposição de Olga Noronha, a Boutique dos Relógios já divulgou no site as suas "esculturas usáveis" que figurarão no espaço da loja na avenida dos Aliados do Porto, como parte de uma colaboração levada a cabo com a artista portuense que é atualmente curadora da Sala Futuro do Museo del Gioiello Vicenza, museu da joalharia em Vincenza, na região italiana do Veneto.


Peças de Olga Noronha integradas numa exposição da I Bienal Internacional de Joalharia Contemporânea de Lisboa, no Museu de São Roque - Cortesia de Olga Noronha


No final de novembro, Olga Noronha regressa assim ao Porto onde nasceu munida destas suas e sempre "esculturas usáveis", misto de poesia e imaginação do esplendor artístico da joalheira artista e de habitat ou vestuário com algo de bélico que leva a pensar numa própria proteção do corpo humano face a tudo o que lhe é exterior e indomável. Mais uma vez, a obra será exposta num espaço histórico renovado, aberto à arte e a ecos contemporâneos.

Enquanto isso, Olga Noronha vai vivendo e trabalhando entre Inglaterra, Itália e Portugal, situando-se entre a moda, a joalharia e a escultura, e expondo a sua obra como reflexo de um pensamento sobre a atualidade em múltiplas exposições.

O seu trabalho elevado a arte que é, integra várias coleções públicas e privadas, sendo também referenciado em múltiplas publicações nacionais e internacionais nas áreas da Arte, Ciência e Design.
 

Cenário da obra Na Hora Suave de Olga Noronha - Foto: Tiago Fezas Vital - Cortesia de Olga Noronha


Olga Noronha cedo começou a revelar uma tendência natural para a joalharia, dando os primeiros passos na Joalharia Contemporânea, aos 11 anos, na Escola Engenho & Arte do Porto. Após finalizar o ensino secundário rumou a Londres, onde iniciou um curso em Arte & Design no Central Saint Martins College of Art & Design, em 2007. O seu trabalho foi considerado o melhor do ano e adquirido pela faculdade para integrar o próprio espolio privado.

Licenciada em Design de Joalharia pela mesma instituição de ensino superior em 2011 foi, de seguida, admitida como investigadora do CITAD (Centro de Investigação em Território, Arquitetura e Design – Fundação para a Ciência e a Tecnologia). No mesmo ano, foi convidada para lecionar na Central Saint Martins e passou a exercer funções de palestrante na Whintrop University, nos Estados Unidos, e na ESAD em Portugal.
 

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