Portugal Textil
18 de jan. de 2019
Onda verde na ITV
Portugal Textil
18 de jan. de 2019
Diversos líderes mundiais da indústria têxtil e do vestuário estão a levar a cabo projetos ambientais ambiciosos, numa tentativa de reduzir o impacto do sector no meio ambiente. Segundo a Textiles Intelligence, a ITV produz cerca de 60 milhões de toneladas de lixo por ano.
A edição nº 112 do Technical Textile Markets, da Textiles Intelligence revela que apenas 32% dos 60 milhões de toneladas de lixo produzidos anualmente pela indústria da moda são reutilizados ou reciclados, ou seja, 68% dos resíduos ainda vão parar a aterros.
Adicionalmente, todos os anos, o sector produz cerca de 1,2 mil milhões de toneladas de gases com efeito de estufa, correspondendo a quase 10% das emissões mundiais. Valores que representam mais do que a quantidade gerada em conjunto pelos voos internacionais e pelas embarcações marítimas e reflete, igualmente, o facto de as vendas nesta indústria terem crescido, ao ano, cerca de 5,5%, para 2,4 biliões de dólares (2,1 biliões de euros), na última década.
A publicação da Textiles Intelligence refere que, à medida que a indústria têxtil e vestuário continua a crescer, aumenta a pressão para as empresas encontrarem formas de diminuírem o impacto da sua atividade e dos seus produtos no meio ambiente.
No sentido de reduzir o impacto ambiental da ITV, a União Europeia (UE) desenvolveu várias iniciativas, como o plano de ação para a economia circular e a diretiva que impõe a proibição do plástico de uso único, que incentivam à reciclagem, à reutilização, à eficiência dos recursos e à recuperação.
Os exemplos da ITV
Diversas empresas por todo o mundo responderam a estas iniciativas da UE desenvolvendo projetos ambientais ambiciosos. Por exemplo, a Indorama Ventures Limited (IVL) formou uma joint-venture com a Loop Industries, que poderá ser um dos maiores contributos para o desenvolvimento de uma economia circular dentro da indústria têxtil, procurando levar para outro nível a reciclagem de fibras à base de polietileno tereftalato (PET).
A joint-venture – que foi apoiada por gigantes mundiais como a Coca Cola, Danone, Evian, L’Oreal e Pepsi – utiliza a tecnologia da Loop Industries, fazendo com que plásticos com pouco valor ou sem valor algum possam ser separados, recuperados e reciclados infinitamente, transformados em PET novo e de qualidade.
Outro exemplo é o da PrimaLoft, que lançou um novo produto obtido a partir de PET 100% reciclado e biodegradável quando exposto a micróbios em aterros ou no oceano. No entanto, o material continua altamente durável, ao longo do seu ciclo de vida. Além disso, a empresa anunciou que prevê, até 2020, que 90% dos seus artigos incorporem 50% de produtos pós-consumo reciclados.
Outros projetos ambientais incluem um sistema de reciclagem de vestuário, numa fábrica da Novetex Textiles em Hong Kong, que transforma roupa usada em novas peças em cerca de 35 minutos e, ainda, o desenvolvimento de aerogel a partir de PET pela Universidade Nacional de Singapura.
A Textiles Intelligence deixa, contudo, o alerta de que a ITV ainda tem um longo caminho pela frente, já que a quantidade de lixo gerado pelo sector poderá atingir o valor de cerca de 148 milhões de toneladas em 2030, a não ser que sejam tomadas medidas céleres.
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