Paco Rabanne: um adeus à utopia

A última despedida de Paco Rabanne no derradeiro desfile da maison que leva o seu nome na noite desta quarta-feira (1 de março), em Paris, com seis looks criados pelo mestre estilista.

Paco Rabanne morreu em fevereiro, fechando a cortina do palco (ou talvez seja melhor dizer o cortador de metais…) de uma carreira extraordinária. Órfão da Guerra Civil Espanhola, cresceu e tornou-se num dos maiores estilistas da segunda metade do século XX.

O seu casamento entre indústria, metal, tecnologia e moda vive nesta mostra, com desenhos do seu sucessor definitivo, Julien Dossena.

“Obrigado, Monsieur Rabanne. Obrigado pela sua honestidade. Por este manifesto estilístico único que definiu uma nova modernidade. Obrigado pela sua abordagem criativa utópica que ultrapassou os limites da realidade. Obrigado pelo seu compromisso radical e expressão pessoal. Estava entre aqueles que mudaram a nossa visão de mundo. Obrigado, Paco Rabanne, por este legado”, escreveu Dossena nos cartões deixados em cada cadeira da assistência.

Feitas de alumínio, plástico e correntes, as roupas de Paco ficaram famosas por serem tão apelativas quanto revolucionárias. Julien continuou a tradição com um deslumbrante conjunto de vestidos de festa de vidro e metal, uma atualização técnica da obra de Rabanne. Eram uma cacofonia audiovisual de brilhos e chocalhos: desde uma incrível saia feita de bolas de cristal com um soutien em miniatura, a um extraordinário vestido de bainha metálica do qual brotavam estalactites gélidas de plástico.

Embora as suas ideias mais belas fossem vestidos longos de seda com estampas arcadianas surrealistas: falésias desertas, paisagens remotas e rosas gigantes. Assim como a flor estampada no convite deste desfile.

Ansioso para abrir novos horizontes, Julien Dossena estreou uma série de ideias em pele de carneiro falsa, feitas em lã e caxemira. Longe de Paco Rabanne, nem sempre convincentes, mas interessantes porque representam uma novidade particular.

Estas roupas levaram-nos ao final e a uma longa narração em off de Rabanne, que falou sobre fundir fábrica e estúdio na sua busca por uma nova forma de alta costura que lisonjeasse as mulheres.

Dando a Paco "Animam Agere" (agitação de alma) no primeiro desfile da maison de moda que fundou após o seu desaparecimento na costa da Bretanha, em França, aos 88 anos.

Paco Rabanne: um adeus à utopia

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