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25 de out. de 2022
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Palmas Douradas aposta pela primeira vez em looks totais

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25 de out. de 2022

A designer e artesã de Oeiras, Maria João Gomes, radicada em São Brás de Alportel – especializada na “empreita de palma algarvia” (entrançados vegetais) e fundadora da marca Palmas Douradas em 2015 – acaba de lançar pela primeira vez uma série de looks totais, que partilhou nos seus canais de redes sociais, revelando uma nova direção e dinâmica da sua marca 100% algarvia.


Palmas Douradas / Facebook


Após o lançamento de peças diferentes para a casa – como tapetes, mandalas, jarras, cestos, candeeiros, objetos, etc. – e de acessórios de moda como chapéus, bolsas e até colares, a Palmas Douradas anuncia finalmente looks totais de vestuário como saias, tops, coletes ou mantilhas, todos sustentáveis e feitos à mão com matéria vegetal entrançada. Como manda a tradição.

Maria João Gomes decidiu assim focar-se no design com vista à criação de peças únicas 100% naturais, para além de estas apresentarem por si só uma forma de produção inédita, como sendo inteiramente concebidas com produtos da serra algarvia. Algumas já desfilaram até em passerelles como a ModaLisboa - Lisboa Fashion Week.

Aliás, o seu ingresso na moda aconteceu logo em 2016, quando foi contactada pela equipa do designer de moda Filipe Faísca, que procurava alguém que trabalhasse a palma algarvia.


Chapéu, colar e saia num look completo da Palmas Douradas - Palmas Douradas / Facebook


Tinha então algumas peças expostas no restaurante Tertúlia Algarvia, em Faro, e um amigo dele que aí foi jantar passou-lhe o contacto. Filipe Faísca veio propositadamente de Lisboa só para ver a exposição e conhecer a loja. Fez um croqui do que queria e Maria João produziu. No desfile de Faísca da temporada foram utilizadas malas e chapéus da Palmas Douradas.

Seguidamente, em 2018, surgiu a segunda grande parceria, desta vez com o designer francês de calçado, Christian Louboutin, famoso pela sola vermelha que patenteou.

A equipa de Louboutin procurou Maria João no seu atelier localizado no Museu do Traje em São Brás de Alportel, selecionando cerca de 40 modelos e solicitando um design único à designer artesã de ascendência algarvia que criou um entrançado de raiz inédito, especialmente para a Christian Louboutin. Chegou a estar com a mesma equipa em Paris que adorou estas criações de raiz como são todas as suas obras, e encomendou uma mala de edição limitada com o novo aplique da Palmas Douradas, o que não se materializou.


Os novos top e colar da Palmas Douradas - Palmas Douradas / Facebook


"Eu mesma vou à serra apanhar as palmas, tratando de todo o processo de secagem e preparação, e só depois posso começar a entrançar e dar assim forma a uma peça", explica à Portugal Manual, uma rede de artesãos contemporâneos.

"Tenho muito orgulho em carregar e respeitar toda a tradição que existe por detrás da empreita de palma algarvia e partilhá-la com o mundo", frisa também esta filha de algarvios emigrados em França, que regressou aos 42 anos quando herdou uma casa em São Brás de Alportel e resolveu mudar de vida, acompanhada pelos três filhos.

​"A empreita de palma era considerada a matéria prima do pobre e eu gosto de pensar que o meu trabalho veio valorizá-la. No Algarve sempre se deu mais valor à cortiça, mas os meus avós eram da serra algarvia e lá em casa as únicas coisas de cortiça que existiam eram um cocharro e as colmeias", diz por sua vez ao semanário Barlavento


Proposta de top e colete da Palmas Douradas - Palmas Douradas / Facebook


"Comecei a aprender a técnica da empreita com a D. Cremilde, de Salir. Ensinou-me a técnica mais utilizada, a dos nove ramais. Comecei logo a fazer mandalas e peças mais originais. Coisas que não existiam", acrescenta. "Tive tanto sucesso que se espalhou a palavra. Comecei a comercializar, tirei uma formação, registei a marca em 2015 e pedi a carta de artesão".

Para além do atelier em São Brás de Alportel, a Palmas Douradas comercializa ainda as suas peças na loja parisiense Racine e na lisboeta Portfolio, encontrando-se em negociações com um novo espaço em Marbella.

"Há dias tive um comentário muito positivo, no Facebook da marca, por parte da Ines de la Fressange (antiga modelo da Chanel e designer de moda francesa). É uma das mulheres mais bem vestidas do mundo e fico realmente feliz", conclui, adiantando que tenciona ir ao México aprender a técnica local de entrelaçar e passar a plantar depois as suas próprias palmeiras. 
 

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