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Portugal Textil
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13 de abr. de 2018
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Parcerias, precisam-se

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Portugal Textil
Publicado em
13 de abr. de 2018

Ainda não chegaram aos 30, gerem marcas próprias que desfilam na plataforma de talento emergente do Portugal Fashion, participam em iniciativas promocionais além-fronteiras e querem continuar a crescer – precisam da indústria têxtil nacional para tudo isso, declaram.


Este poderia ser o manifesto dos jovens talentos da moda nacional, mas é apenas a conclusão a que se chega depois de se falar com Inês Torcato, Tânia Nicole, Sara Maia e Beatriz Bettencourt – quatro designers que, com maior ou menor dificuldade, procuram garantir o selo 100% “made in Portugal” das suas marcas.

Muitas das peças das coleções de Inês Torcato, intersetadas pela alfaiataria e pelo streetwear, são desenvolvidas em atelier, outras contam com a ajuda de um pequeno grupo de empresas têxteis.

A Iberis, Vermis e Senuntex firmaram parceria com Inês Torcato para dar corpo a “Self-Portrait (Touch)”, coleção dedicada ao outono-inverno 2018/2019 e a designer fez questão de as citar nos agradecimentos.

«A minha confeção é toda nacional e os tecidos são maioritariamente portugueses», revela ao Portugal Têxtil, ressalvando que, apenas depois de se ter afirmado como designer e de ter aberto a loja/atelier em parceria com o pai, Júlio Torcato, encontrou maior abertura por parte das empresas têxteis nacionais. «Quando era estudante era dificílimo ter acesso a uma fábrica de tecidos», recorda.

Para o talento emergente, esta sinergia entre designers e indústria é fundamental para o sucesso internacional das marcas – sejam elas emergentes ou estabelecidas.

«Acho que, cada vez mais, há um reconhecimento do “made in Portugal”, não tanto nos clientes de loja, porque muitos são portugueses, mas mais lá fora», afirma, recordando episódios que aconteceram nas suas participações recentes num showroom em Paris, na Alta Roma e numa feira em Milão.

Tânia Nicole, que assina a marca Nycole, também não tem encontrado muitas dificuldades na produção das coleções, mas a relação da jovem designer com a indústria já tem alguns anos.

«Antes de ter a minha marca estive a trabalhar numa agência de moda que lidava com várias marcas. Uma das minhas funções era acompanhar todo o processo de desenvolvimento de amostras e acabei por conhecer as fábricas», explica a jovem designer, admitindo que sem o apoio industrial «não teria lançado» a marca epónima. A Nycole tem dado cartas no mercado asiático, estando à venda em espaços multimarca no Japão.

Dar tempo ao tempo

Sara Maia e Beatriz Bettencourt, ambas a ultimar o portal de comércio eletrónico das respetivas marcas aconselham dar tempo ao tempo.

«Os mínimos muitas vezes exigidos não fazem sentido para um designer nacional», defende Sara Maia, apontando a dificuldade que encontrou para fazer as t-shirts da coleção outono-inverno 2018/2019, apresentada na passerelle da plataforma Bloom do Portugal Fashion.

Sem esquecer os obstáculos, a designer ressalva que tem sentido uma maior abertura, «mas há uma dificuldade grande, porque a verdade é que as empresas nacionais estão sobrecarregadas com o trabalho que já têm para as grandes marcas». «Ainda assim», frisa, «deveria existir compreensão da parte das empresas, porque é uma questão de início. Depois de se fazer uma feira, por exemplo, as pessoas já nos começam a conhecer e a comprar, porque valorizam o “made in Portugal”», acrescenta.

Beatriz Bettencourt tem vindo a trabalhar lado a lado com a Lurdes Sampaio nas malhas das coleções. Contudo, «a luta é constante». «Quando estamos a começar, é difícil e acho que, da parte das empresas, ainda há muito a fazer», garante.

Apesar das barreiras, abandonar o “made in Portugal” não é opção. «Uso tecidos portugueses porque acho que são os melhores e adoro trabalhar com as nossas malhas, são muito boas», avalia a jovem designer cujas coleções estão à venda na Scar-ID.

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