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Paris Fashion Week: avanço musical com Amiri e Yohji Yamamoto
Um pouco de doçura num mundo de brutamontes. Esta poderia ser a conclusão do dia louco de desfiles de moda parisienses, que foi parasitado, na quinta-feira (19 de janeiro), pela greve geral e por uma manifestação monstruosa na capital. Amiri, Yohji Yamamoto ofereceu no final do dia um momento de apaziguamento, onde a música tocava as estrelas, tal como em Dries Van Noten com uma atuação ao vivo.
Como a Gucci na semana passada em Milão, a Amiri desfila os seus modelos em Paris em torno de uma passerelle esférica em formato de vinil antigo, também acompanhada ao vivo por um grupo musical. Esta é a Budder Band do DJ Premier, produtor e DJ americano com quem o fundador e criador Mike Amiri discutiu longamente durante o processo de criação da sua coleção para o outono-inverno 2023/24, um verdadeiro hino à música.
O ex-estudante de Direito, que entrou na moda a desenhar jeans e figurinos para bandas de rock, nunca esqueceu a paixão pela música. Para o outono-inverno 2023/24, dedica-lhe uma coleção inteira, através de grafismos de ritmo sincopado como as riscas coloridas das camisolas ou fatos de lantejoulas, os tabuleiros de damas distorcidos de competições ligeiramente psicadélicas ou padrões mais retro, quase Art Déco, trazendo-nos de volta a uma era jazzy, como a música lânguida parece sublinhar.
O estilista aposta na juventude americana, misturando o estilo estudantil com o blusão Teddy revisitado em versão forrada de luxo, o espírito rebelde da geração Beat com o boné virado para trás e um certo cool dos jovens de hoje, hoje via streetwear chic. Inegavelmente, os seus modelos adoram boa música, como ilustram as suas sacolas em formato de gira-discos ou baterias eletrónicas, e o caixote cheio de discos antigos que carregam debaixo do braço. O disco de vinil também é convidado com uma sweater em jacquard mohair, enquanto que no final do desfile as modelos continuam girando em círculos sobre o disco desenhado no pavimento como se fossem seguir os seus sulcos.
Sem dores de cabeça criativas na Amiri. O guarda-roupa é bastante clássico, imbuído de uma elegância descontraída, enquanto tudo se joga nos materiais, entre a pesquisa e um toque artesanal, com tecidos luxuosos (caxemira, seda, lã de tosquia, peles artificiais). Um trabalho particular é realizado nas texturas mais suaves para envolver o corpo com delicadeza. Assim, o estilista multiplica os casacos em lã penteada e caxemira, além de oferecer fatos plush e incríveis conjuntos fofos, camisa/calça, confecionados com finos fios de seda encaracolados. Até as calças cargo são oferecidas numa versão fofa de pele de carneiro!
Ao vir cumprimentar o público, Mike Amiri exibe na sua T-shirt um slogan a favor da liberdade das mulheres no Irão com apenas essas três palavras, compreensíveis para o mundo inteiro. "Woman, Life, Freedom" (Mulher, Vida, Liberdade). Poucos estilistas se posicionaram tão claramente durante estes desfiles de moda. Apenas uma modelo mostrou uma mensagem na quarta-feira (18) durante o desfile de Louis-Gabriel Nouchi, quando passou na frente dos fotógrafos pedindo o fim das execuções no Irão.
Também em Yohji Yamamoto tudo é uma questão de tecidos preciosos e belas músicas, desfilando os seus modelos ao som de uma banda sonora jazzy-gypsy de guitarra seca seguida de uma melodia comovente de gaita, criando de imediato um ambiente muito intimista, em perfeita sintonia com a sua coleção. para o próximo inverno.
O costureiro japonês desenha um guarda-roupa para os românticos. Príncipes caídos, poetas amaldiçoados, doces sonhadores ou cavalheiros do passado, o seu homem exibe uma elegância natural, um pouco indiferente. Combina com bom gosto as suas roupas enriquecidas com designs antigos e estampas densas. Calça amarrada no tornozelo com fita, saia, camisa, colete, blusão, sobretudo, casaco. O forro de tweed de um casaco preto dobra-se sobre si mesmo para formar um novo sobretudo. Noutro lugar, as riscas das calças de banqueiro quebram-se abaixo do joelho para se libertar em fios brancos flutuantes. Poesia pura.
Uma vez que não é costume, Yohji Yamamoto destaca quadros de cores ricas. Os casacos escuros são assim permeados de flashes (vermelho, cinza, bordeaux, azul, amarelo, etc.), como as notas musicais de uma composição contemporânea ou o seu ritmo sincopado. Outros são cortados de brocados sumptuosos, enquanto fatos de veludo sedoso brilham na luz. A paleta concentra-se em tons escuros e outonais.
Por vezes o casaco transforma-se em peitoral, fechado por múltiplos cintos-cintas. A silhueta é definida por um chapéu de feltro de abas largas e botas de couro macias para um estilo mosqueteiro acentuado pelos bigodes e cabelos longos de alguns modelos.
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