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Helena OSORIO
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4 de mar. de 2021
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Paris celebra a moda resiliente com Dries van Noten

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Helena OSORIO
Publicado em
4 de mar. de 2021

Neste terceiro dia de desfiles de moda feminina, de quarta-feira (3 de março), os costureiros parisienses propuseram uma moda para viver e dançar com alegria, projetando-nos para um futuro pacífico. Alternando trajes sóbrios e envolventes com trajes fluídos luminosos, Dries van Noten terceira geração de uma família de alfaiates da Antuérpia (Bélgica) concebeu para o próximo inverno algumas peças muito desejáveis para nos acompanharem de boa vontade num novo mundo que se espera pós-COVID-19.


Vestido em movimento de Dries van Noten - ph Casper Sejersen


Trata-se de uma coleção que emana grande força, sob a forma de um hino à vida, que o estilista flamengo revelou no terceiro dia da Paris Fashion Week virtual. Para a sua apresentação convidou 47 bailarinos provenientes de diferentes companhias de dança contemporânea (incluindo o talentoso belga-marroquino Sidi Larbi Cherkaoui, desde 2015 diretor artístico do Ballet Real da Flandres)  tais como a Rosas dirigida pela coreógrafa belga Anne Teresa de Keersmaeker, baronesa de Keersmaeker e a Ultima Vez do coreógrafo e cineasta belga Wim Vandekeybus; ou a Ópera Nacional de Paris.
 
Vestidos com as roupas criadas pelo designer para a estação de outono-inverno 2021/2022, estes deslumbrantes modelos-dançarinos fazem uma intensa atuação, expressando as mil nuances de sentimentos que nos atravessam, movendo-se com elegância inata, tudo em contenção, ao som da enfeitiçante canção Angel (1998), do grupo inglês Massive Attack, que marcou o épico trip hop dos anos 90.

Gestos desarticulados, agitação brusca ou sensual das ancas, equilíbrios instáveis, lentos, cabelos compridos soltos a chicotearem o espaço... O diretor dinamarquês Casper Sejersen capta em grandes planos esta emoção condensada num espaço mergulhado na escuridão. O filme foi rodado entre os dias 8 e 11 de fevereiro, no Salão Vermelho do centro de artes belga deSingle, na Antuérpia.


Dries van Noten joga com contrastes - ph Casper Sejersen


"Queria que a coleção realçasse o movimento e a emoção", resume o designer belga Dries van Noten numa entrevista filmada, que diz ter trabalhado em "algo íntimo, algo realmente pessoal, cheio de emoção". Mas, ao mesmo tempo, procurava a contenção para além do excesso.

O primeiro manequim, que avança contra este fundo negro, num simples vestido e camisa branca, dá o tom, segurando nas suas mãos um ramo de rosas vermelhas. Como símbolo de paixão, esta cor pontua toda a coleção e a curta-metragem. Escarlate nos lábios pintados; vermelho escuro no calçado patenteado com saltos agulha e em cunha; rubi nas meias altas; vermelho brilhante numa saia com lantejoulas ou numa jaqueta de veludo; o vermelho corre como um flash em certos casacos masculinos ou em blusas de seda; e veste-se em túnicas drapeadas de vermelho ardente.
 
O designer explica que desenhou a coleção a partir "do mundo de Pedro Almodóvar, onde o amor e a paixão se investem em todos os seus filmes de uma forma exagerada". Para além do cineasta espanhol, o movimento também buscou inspiração à bailarina e coreógrafa alemã Pina Bausch. "As cores expressam as emoções de uma forma muito simbólica. O azul encarna o poder, o preto serve para enterrar e esconder, a cor da pele está ligada ao mundo do ballet. Cria-se uma tensão entre tudo isto".


Paleta vibrante de Dries van Noten para o inverno 2021/2022 - ph Casper Sejersen


A coleção gira em torno de dois temas aparentemente contrastantes que acabam por se unir em harmonia inesperada. Por um lado, a austeridade das peças estruturadas em tecidos de lã, que se emprestam em especial do vestuário masculino, através de casacos grandes, fatos amplos e sobretudos que abraçam o corpo como que para esconder as emoções.

Por outro lado, e em oposição, a leveza e fluidez, personificadas por materiais esvoaçantes como o crepe ou seda de cetim duquesa, cetim, tule ou gazar de seda pura –, que permitem expressar os sentimentos e desvendar o corpo solto.

Esta parte da coleção, composta por tops delicados e vestidos combinados que deslizam sobre a pele, apresenta também toda uma série de modelos cintilantes, com peças para combinar (tops, saias, casacos) cravejadas de lantejoulas cor-de-rosa ou vermelhas, assim como um minivestido com franjas metálicas prateadas que exala uma energia exuberante.
 

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