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Paris Fashion Week: a arte de cortar e recortar com Sacai, Rokh, Lanvin e Germanier
Nas passerelles parisienses, na segunda-feira (3 de outubro), o foco foi cortar, rasgar, recompor, regenerar e embelezar. Os costureiros, entre os quais a Sacai, Rokh, Lanvin e Germanier, demonstraram neste oitavo dia de desfiles de moda feminina para a primavera-verão 2023, que são mestres na arte de manusear tesouras.
Enquanto os convidados encheram o evento da Sacai num amplo espaço com arquibancadas em formato de cubos coloridos, as últimas modelos chegaram a correr do desfile anterior de Stella McCartney. Após 50 minutos, o desfile começou com um jogo de ilusão ótica a preto e branco conseguida através de riscas em movimento, que ganharam vida na forma de faixas, franjas e pregas.
A estilista japonesa Chitose Abe, que fundou a marca em 1999, empunhou a tesoura com alegria e destreza, cortando a barra de vestidos e grandes blusões (smoking ou clássico marinho com botões dourados) em tiras, que se misturaram com as dobras e franjas semelhantes das grandes camisas brancas. Desprovidos de tops, esses mesmos blazers e camisas plissadas transformaram-se num vestido bustier com folho na borda.
Enquanto as roupas foram conscientemente cortadas e reduzidas a um terço, os braços e as pernas ganharam volume através de mangas de balão e a parte inferior das calças abriram-se em folhos. Casacos de pelúcia, blusões safári ou capas de chuva foram, por sua vez, recortados, sem gola e ombros, usados ao estilo bustier.
O mesmo tratamento na parte inferior da roupa, que se reduziu a uma minissaia tipo avental ou a um cinto com dois grandes bolsos laterais, para sobrepor a um vestido ou calça. Muito útil para colocar as mãos, acrescentando um ar de descontração ao look. Tudo se encaixou perfeitamente nesta coleção desejável composta por peças originais muito fáceis de combinar entre si.
A Rokh gosta do mesmo jogo que a Sacai, a quem parece ter emprestado mais de uma ideia. Foram apresentadas roupas desabotoadas, descompactadas ou descosturadas, transformando saias e vestidos longos, por exemplo, livrando-se das suas bordas drapeadas pesadas, em microvestidos mínimos. O estilista também simulou rasgos, como em alguns vestidos bege com faixas azuis.
Assim como Chitose Abe, Rok Hwang gosta de começar pelos clássicos do guarda-roupa, em particular o trench coat e os fatos, que quebrou para recompor em silhuetas longas e flutuantes. Um trench coat tornou-se um bolero combinado com uma saia criada a partir de uma seção do mesmo tecido de camelo enrolada em espiral nas laterais. Camadas de tecido com pregas finas ou largas misturaram-se e sobrepuseram-se em saias longas de lona ou vinil assimétricas.
Os cintos perfurados com ilhós de metal foram usados em volta dupla, apertados na cintura, caindo em fita ao longo das pernas. As peças abriram-se nas costas através de uma fileira de botões na vertical e central. Detalhes de construção e achados estenderam-se por todo o lado. Talvez um pouco demais.
Já a Lanvin, pretende ser mais minimalista com casacos sóbrios, bermudas e fatos, impecavelmente cortados numa paleta neutra. O diretor artístico Bruno Sialelli introduziu os poucos detalhes sofisticados nesses looks simples, como bordados amarelos ou botões brancos num casaco preto ou bolinhas em casacos de couro ou pele de réptil laranja.
Brocados e sedas estampadas iluminaram o conjunto em blusões e saias de cauda longa. Vestidos de tule acariciaram delicadamente o corpo, enquanto vestidos finos e drapeados foram tingidos de tons pastéis.
A música oriental ao ritmo do tambor pontuou este desfile aquático, no qual ondas emergiram por todo o espaço, ondulando nas paredes ou no tapete cor de areia em reflexos mutáveis. O mar está presente na coleção. As mulheres calçaram meias de rede e vestiram tops e túnicas brilhantes. As redes servem também como bolsas, cobertas de cristais. Também usaram bodies turquesa com capuz, como fatos de mergulho, e mules de pêlo comprido nos pés que se parecem com barbatanas.
A Germanier assinou uma coleção particularmente exuberante e vital para a primavera-verão 2023 com uma moda festiva, super colorida, e ao mesmo tempo com muito glamour e ética. O fundador da marca, o suíço Kevin Germanier, também manejou uma tesoura para perfurar e rasgar camisas brancas, cujas aberturas foram decoradas com silicone reluzente. Noutros looks, redesenhou as formas em túnicas de tule cor de pele, algumas das quais altamente decoradas pela acumulação de ornamentos, enquanto outras deixadas nuas.
Nesta temporada, o estilista usou de tudo um pouco para tornar os seus trajes mágicos reciclados: penas, joias, pérolas, lantejoulas grandes, strass, franjas de papel ou tecido. Esses diferentes elementos foram organizados de acordo com cores e formas. Em grandes guirlandas ou volumes.
Vestidos de cauda aprisionaram todos os tipos de enfeites, como uma teia de aranha e suas vítimas. Vestidos inteiros foram feitos de colares de plástico multicoloridos. Penas de avestruz em cores claras de arco-íris compuseram um capuz majestoso com um grande capacete, combinando tudo num look final muito aplaudido.
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