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Paris menswear abre com Lukhanyo Mdingi, Bluemarble e Egonlab
A temporada demoda masculina de Paris, que apresenta roupa para a estação de outono-inverno 2022, abriu na terça-feira (18 de janeiro) com um trio impressionante de coleções de três jovens designers muito díspares, sublinhando a capacidade da Cidade da Luz para atrair novos talentos dinâmicos, mesmo em plena pandemia sem fim.
Um sul-africano, um franco-filipino e uma dupla sediada em Paris apresentaram desfiles e roupas altamente contrastantes em três arrondissements distantes uns dos outros, cada qual anunciando as suas marcas como novos destinos distintos para os hipsters urbanos e seguidores da moda que anseiam pelo novo.
Abaixo, apanhamos o trio – Lukhanyo Mdingi, Bluemarble e Egonlab – quando Paris deu início à sua temporada de seis dias de moda masculina que termina na noite de domingo (23).
Lukhanyo Mdingi – 'Into Africa'
A Paris menswear abriu às 15 horas CET com um momento de graça, um evento com pouca afluência, mas muito charmoso, com a coleção, elenco e espaço cultural de Lukhanyo Mdingi, um designer sul-africano de poucas palavras.
Uma mistura fresca de tecidos africanos, sensibilidade pré-popular e matérias primas locais rugosas reveladas numa galeria obscura no 11.º arrondissement oriental. Muitas vezes, fazendo ecoar o grande fotógrafo maliense Malick Sidibé, embora a coleção tenha resultado de uma estadia de seis semanas de Mdingi no Burkina Faso, que faz fronteira com o Mali, na mais recente interação do designer com um projeto de moda ética.
"Encontrámos os materiais mais notáveis, e depois misturámo-los com as nossas próprias sensibilidades. Mantendo-nos fiéis a nós próprios, mas indo para um lugar novo", explicou Mdingi, que intitulou este conjunto de roupas 'The Bodyland Collection'.
Todas apresentadas com dignidade num elenco de cores, em múltiplas tonalidades e múltiplas referências afro – do funky ao frizzy, do faraónico ao fabuloso. Enquanto pequenos grupos de modelos passeavam juntos pela galeria, um tecelão tradicional trabalhou num canto e um músico acariciou cuidadosamente as cordas de uma corá – harpa-alaúde normalmente com 21 cordas amplamente utilizada por povos na África ocidental – numa serenata ao elenco.
Num tableaux, um quarteto de soberba beleza pura: um adolescente marroquino em camisa polo de padrão em losângulos com calças a condizer; um nigeriano com tank de de lã enrugada com acabamento de cordas e borlas; um haitiano num fato de calças brancas vincadas e casaco de três botões; um jovem senegalês com tank de nervuras e um enorme lenço preto à volta do pescoço. Todos a conseguirem parecer contemporâneos, mas fazendo, no entanto, muito parte do clássico fresco do próprio continente.
Bluemarble – 'Archipelago Aesthetics'
Estrelas do rock filipino zarpam na mais recente coleção náutica, natty e nobre do fundador da marca Bluemarble – Anthony Alvarez, um estilista com muito para ver no que respeita a roupa masculina.
Quase todos os looks ligados pela moda marítima, como brilhantemente misturados, calças de marinheiro de vários botões usadas com ténis funky de pele de gorila falsa em laranja-azeda ou púrpura de Clongowes.
Os admiradores de Alvarez desfilam numa série surreal de casacos de pesca e parkas, no interior de um edifício antigo e descurado, num canto desalinhado de Paris, nas traseiras da Gare du Lyon. Os melhores casacos acabaram por ser feitos de lã tie-dye, uma vez que o designer explorou as suas origens nas Filipinas.
O melhor de tudo foram as grandes estampas gráficas de patchwork inspiradas nas embarcações Vinta, como uma tradição local de decoração de velas retangulares para importantes festivais no sul das Filipinas. Os Vinta são assim caracterizados pelas suas velas retangulares coloridas ( bukay ) e proas e popas bifurcadas, assemelhando-se à boca aberta de um crocodilo. São usados como navios de pesca, navios de carga e barcos-habitação.
"As velas são tão belas que quando as descobri tive de as trazer para esta coleção!" entusiasmou a dizer o designer.
Meio francês e filipino, Alvarez cresceu na verdade em Nova Iorque, e a suprema autoconfiança dos nova-iorquinos foi bem expressa no seu final rock-god com calças incrustadas de cristais; jeans de skater folgados; calças com estampado de fantasia paisley e cardigans com padrões primitivos.
"Havia algo sobre os enormes egos das estrelas de rock americanas que eu queria capturar", admitiu Alvarez, com um grande sorriso numa abordagem pré-show.
Egonlab – 'Coligny Cool'
Assuntos espirituais em Egonlab, num show dramático, que decorreu na mais famosa igreja protestante de Paris, abrindo com um padre tatuado a balançar um incensário fumegante.
Realizada no interior do Temple of the Oratory, onde no exterior se encontra uma estátua do Almirante Coligny, cujo assassinato por apoiantes de Caterina di Medici desencadeou o Massacre do Dia de São Bartolomeu de 1572.
Embora o decadente diácono deste show tenha sido seguido por cavalheiros inteligentes bem vestidos com fatos de três peças, cujo terceiro elemento poderia ser um mini kilt.
Numa coleção conjunta, a dupla Egonlab de Florentin Glémarec e Kévin Nompeix mostrou também looks fatais femininos em refinados fatos de lã de feltro preto, combinados com botas de plataforma pretas; ou vestidos de noite pretos a rigor com costas desnudas, nos quais os modelos pareciam difundidos.
Além disso, as T-shirts fantasmagóricas em Toile de Jouy eram sensacionais. Tudo dito, a coleção mostrou-se bastante errática com vários puffers alcochoados, que pareciam completamente fora de contexto, mas quando se trata de personalizar a Egonlab oferece sempre algo muito novo e muito poderoso.
Uma contra explosão parisiense de luxo de rua com tudo o que é de melhor para tal. É bom estar de volta a Paris.
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