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Paris Menswear: terceiro dia com Rick Owens, Louis Vuitton e Homme Plissé Issey Miyake
Respeitando um programa atarefado, no terceiro dia da Paris Fashion Week Men's, 10 das 12 maisons do calendário oficial apresentaram online as suas coleções, sem qualquer audiência ao vivo. Escolhemos três das melhores, onde a mensagem chave e unânime foi "para que o teu próprio eu seja verdadeiro".
Rick Owens: guerreiros de uma discoteca ecológica na praia
Paris pôde orgulha-se de apresentar um espectáculo ao vivo, na quinta-feira (24 de junho), por um grande designer, embora encenado na praia do Lido em Veneza, a cidade lagunar onde Rick Owens vive metade do ano.
Provavelmente esta foi a sua última manifestação de moda em Veneza, uma vez que Owens espera regressar a Paris por causa de um desfile ao vivo durante a semana do pronto-a-vestir feminino no outono. O designer californiano conhecido por distorcer, destruir e desconstruir a moda, lidando muito bem com o abandono, conferiu a toda a coleção um efeito tremendo. Num gesto generoso, convidou mesmo o artista local de Veneza, Swampgod – famoso no Instagram pelos trabalhos com upcycling – a visitar a sua fábrica nas proximidades, no Veneto, e a rasgar o stock antigo que resultou em "desconstruções das minhas desconstruções", como explicou Rick, tendo anteriormente já lançado em parceria a coleção cápsula Rick Owens x Swampgod.
O designer também utilizou múltiplos materiais ecológicos, desde o cupro biodegradável e facilmente reciclável – feito de resíduos de algodão – até à viscose certificada pelo FSC, o que admitiu ser um novo momento de "tentativa contraditória de misturar glamour com responsabilidade e ponderação".
Como resultado, os seus heróis minimalistas góticos raramente têm vindo a parecer mais orgânicos. Os jeans arrastaram-se ao longo da areia pedregosa da praia do Lido; os redingotes sem mangas de pagode quase a rebentar pelas costuras; os tops de rede de pescador, repletos de buracos.
Alguns críticos especulam frequentemente que o melhor lugar para usar as coleções de Rick Owens é num espectáculo de Rick Owens, tão exigente se revela a sua estética, tão culto como os seus códigos. Contudo, o teste de um verdadeiro artista (como Rick é) passa por saber se conseguem desenvolver um estilo forte e característico. Recorrendo a este teste, poucos designers há mais distintos no mundo de hoje. E esta coleção é tão o reflexo disso que Owens só a poderia ter criado hoje.
Louis Vuitton: Amen Break por Virgil Abloh
No vídeo da Louis Vuitton, o tiro de abertura foi um sujeito deitado de fato preto e máscara, com espada de samurai cerimonial e cartola de Artful Dodger batida.
"O maior samurai do império", aparentemente de acordo com o narrador, dá um passeio por uma pedreira gigante ao encontro de outra personagem ninja. Ambos vestidos de preto acabam numa floresta simulada de bétula prateada. Todos os modelos carregam uma mochila – mochilas em amarelo torrado; em couro laranja; e de fim-de-semana às riscas, sem wheelies.
O seu traje: camisolas vermelhas com caixa telefónica, proclamando Vuitton Rocks; fatos de xadrez verdes, acabados não com calças mas com saias de samurai; calças amplamente afuniladas; fatos ao azul do artista Yves Klein, rematados por um chapéu de pele sobre o qual foi plantada a Bandeira da Escócia – também conhecida como Cruz de Santo André ou Sautor.
O designer de roupa masculina da maison Virgil Abloh – um arquitecto e DJ cujas raízes de design estão no conceito de roupa de rua – não é um alfaiate nascido naturalmente. Mas esta coleção continha alguns belíssimos casacos de duplo peito ao estilo Dickens; e calças com costura bipartida.
Numa frase: uma coleção comercial de moda rápida que avançou o vernáculo da própria moda, embora partisse daí a necessidade de um vídeo com duração de 17 minutos, quando um terço do que vimos deveria ter sido suficiente, por tudo ser intrigante. Ao repensar o título da obra Amen Break foi quando sentimos que este filme precisava de um intervalo.
Talvez, nesta era de épocas intermináveis da moda digital, seja altura de os estilistas das gerações X, Y e Z darem uma vista de olhos ao mote satírico do filme sobre o mundo da moda e seus excessos, Who Are You Polly Maggoo?, dirigido por William Klein estreado no ano de 1966. A moda, tal como a vida, é demasiado importante para não ser tomada de ânimo leve.
Homme Plissé Issey Miyake: conforto da alta costura na Human Ensemble
Intitulada Human Ensemble, a mais recente coleção masculina da Homme Plissé Issey Miyake – marca japonesa criada em 2013 como resultado da investigação sobre plissagem de Issey Miyake e da sua equipa, desde 1988 – inspira-se e considera de perto as nossas formas corporais. Tal como um design inteligente pode adaptar-se para criar roupas distintas que sejam confortáveis de usar.
Com o apoio de Blues Slide Guitar, o vídeo do espectáculo foi dirigido com estilo pelo fotógrafo e publicitário de Tóquio, Kazunali Tajima, que apresentou uma série inicial inteligente denominada Body Arch. Idealizadas em 100% poliéster reciclado que parecia cartão de alta qualidade, cada peça abraçava o tronco suavemente com amor. Túnicas, tops e casacos cortados com mangas raglan e feitos com encaixes fáceis, tudo garantindo o fácil movimento.
Outras malhas incrustadas revelavam o rico minimalismo que se associa a Miyake, uma marca escultórica cuja roupa é imediatamente reconhecível, ainda que se tenha reformado há mais de uma década.
Filmando um elenco atípico de modelos que retratam desde lenhadores barbudos a artistas de massas – cerca de 30 amigos da maison, muitos usando tons de David Hockney – este é um vídeo gentil para os clientes criativos e cavalheiros da marca.
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