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Helena OSORIO
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3 de jul. de 2020
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Pierre Cardin celebra 98 anos com Depardieu

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Ansa
Traduzido por
Helena OSORIO
Publicado em
3 de jul. de 2020

De fato escuro e camisa branca, nó de gravata apenas um pouco solto como é normal após um encontro social entre amigos. Pierre Cardin completou 98 anos, quinta-feira (2 de julho), e não poupou energia ao celebrar a meta ao almoço, com o seu amigo ator, Gerard Depardieu, e com o sobrinho Rodrigo Basilicati Cardin, que é o seu herdeiro artístico há muito tempo.


Pierre Cardin celebra 98 anos com Gerard Depardieu e Rodrigo Basilicati Cardin


Foi um encontro festivo que também envolveu o trabalho, uma vez que o costureiro italiano nacionalizado francês aproveitou a ocasião para definir os detalhes da participação de Depardieu na edição de 2020 do Festival de Lacoste, o evento que Cardin organiza todos os verões em Lubéron, na Provença, nas ruínas do castelo que pertenceu ao Marquês de Sade, e é agora uma propriedade sua.

O ator participará, sábado (15 de agosto), no recital de canções Gérard Depardieu Chante Barbara, com Gérard Daguerre ao piano. A abrir o festival, quarta-feira (12 de agosto), será Andrea Bocelli com um concerto dedicado às óperas mais famosas e cavalos-de-batalha do tenor italiano. A edição do Festival de Lacoste 2020 encerra, também num sábado (22 de agosto), com o teatro musical de Gérard Chambre, Et si on Chantait l'Amour. O programa está disponível no site do festival que, este ano, conta com sete eventos, sempre com início às 21 horas.


Antigo castelo do Marquês de Sade em ruínas, no alto da vila medieval de Lacoste no sul de França - Instagram @lacostevillage


O castelo no alto da colina, com vista para um vale do Lubéron, integrava o feudo de Lacoste, no século IX, propriedade da família Varac-Farald, que passou, a partir do século XIII, para o poderoso senhorio de Agoult, que se tornou então senhorio de Simiane até ao século XVIII.

Em 1716, foi legado por Isabelle Simiane ao seu Gaspard François de Sade, senhor de Saumane e Mazan, avô do escritor que assinava Marquês de Sade. Durante a Revolução Francesa, sofreu às mãos dos cidadãos de Lacoste, que o destruíram e depois foram extraindo a sua pedra para outras construções da aldeia no sopé.

Durante dois séculos, o recorte da bela ruína assombrou a colina, como lembrança tanto da revolução como do marquês que passou um terço da vida na prisão sob acusações morais. Estava a definhar na Bastilha quando a revolução eclodiu e, mais tarde, Napoleão encarcerou-o para o resto da vida. Muitas das obras do aristocrata francês e escritor libertino, foram aliás escritas enquanto estava na prisão da Bastilha. Aos 74 anos, após publicar diversas obras, morreu no hospício, como consta amado por duas mulheres com as quais planeava produzir peças teatrais pornográficas.


Esculturado Marquês de Sade, tendo por fundo asruínas do seu castelo navila medieval de Lacoste,hoje pertença de Pierre Cardin - Instagram @lacostevillage


Atualmente, durante o período de um mês, Pierre Cardin acolhe concertos, musicais e óperas, tanto no pátio como na pedreira atrás do castelo. Grande parte da reconstrução levada a cabo pelo renomado costureiro que se iniciou no ofício aos 14 anos, com um alfaiate de Saint-Étienne, foi dedicada à estabilização de muros perimetrais, muralhas, cisternas e celeiros subterrâneos, assim como à construção de aposentos.

Pierre Cardin reconstruiu basicamente uma mansão com vários quartos, uma sala de jantar, uma biblioteca e um salão de cabeleireiro. Foram conservados os tectos abobadados góticos, embora novos tectos tenham sido estruturados com vigas reforçadas que não tentam evocar os originais. Por ironia (ou não), Cardin colocou a sua suite principal duplex, no mesmo local, na mesma elevação, que a do próprio marquês, o qual já havia recuperado o castelo no século XVIII.
 

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