Portugal Textil
12 de jul. de 2019
Polopique traz fiação de linho para a Europa
Portugal Textil
12 de jul. de 2019
O grupo liderado por Luís Guimarães vai investir numa fiação de linho 100% natural, que, quando estiver a operar, em 2020, será a única em território europeu. A aposta é mais uma peça na estratégia de verticalização do grupo Polopique e acompanha o aumento da procura da fibra, tanto nos têxteis-lar como na moda.
A ideia para um novo projeto já tinha sido avançada como uma possibilidade por Luís Guimarães, na entrevista que deu ao Jornal Têxtil há alguns meses, mas a nova fiação de linho 100% natural foi confirmada agora ao Eco. «Estamos a fazer alguns investimentos, a iniciar este ano, numa fiação de linho, mas que só deverá ficar pronta no próximo ano», revelou o presidente do grupo Polopique.
Neste momento, o valor do investimento é ainda desconhecido, uma vez que, explicou Luís Guimarães, tudo «depende das máquinas que tenho de comprar à China, porque não se fazem na Europa», adiantando que «ainda estou a receber orçamentos. A China está muito lenta a enviá-los, porque não tem interesse nisso».
Apesar de ser na Europa – especialmente em França, que é a maior produtora mundial, Países Baixos e Bélgica – que a fibra é maioritariamente (80%) produzida, 90% da produção mundial de linho tem como destino as fiações chinesas, com as mais recentes estimativas a darem conta de importações na ordem das 60 mil toneladas por ano. O fio volta depois a ser exportado para a Europa. De acordo com Luís Guimarães, em solo europeu restam apenas algumas fiações de linho misturado com outros materiais.
Esta nova fiação – a terceira do grupo – dedicada ao linho deverá dar emprego a cerca de 30 pessoas, «o que é uma dificuldade neste momento», garante o presidente do grupo Polopique, que várias vezes manifestou a necessidade de atrair mais mão de obra para o setor têxtil.
A fibra da moda
A aposta na fiação de linho é igualmente uma prova do sucesso da fibra no mercado da moda.
As suas características sustentáveis – não necessita de irrigação, absorve dióxido de carbono (a cultura na Europa permite, segundo a France 3, reter 250 mil toneladas de CO2) e tem uma elevada produção de fibras por caule –, a somar às suas valências naturais de flexibilidade, durabilidade, resistência à abrasão, antibacteriana e antialérgica têm contribuído para um aumento da procura nos últimos anos.
Nos têxteis-lar, Lameirinho e Sampedro, por exemplo, incluíram a fibra nas propostas para este ano. «O linho, que era algo que para os nossos avós era muito comum, perdeu-se a sua utilização durante gerações e agora estamos no século XXI com o linho em força – é, para nós, uma das áreas que mais cresceu e neste momento tem uma representação, nos países que vendemos, já muito importante», afirmou, ao Portugal Têxtil, o CEO da Lameirinho, Paulo Coelho Lima. «A Sampedro quando começou, em 1920, está quase a fazer 100 anos, começou por fazer linho. E nunca abandonamos. Agora está na moda. Tem aquele aspeto rústico que algumas pessoas gostam», apontou, por seu lado, Simão Gomes, presidente da Sampedro.
Uma tendência que se estende aos tecidos, nomeadamente para a primavera-verão 2020. A Albano Morgado desenvolveu para a estação quente do próximo ano uma coleção onde primam fibras naturais como o algodão, o linho e misturas com lã. «Estamos a apresentar uma alternativa aos nossos clientes, para além da tradicional coleção de lã, mais própria para o inverno. Assim temos uma alternativa para o verão», revelou o CEO Albano José Morgado.
Nas malhas, a história repete-se, incluindo para o outono-inverno 2020/2021. «O 100% linho é uma área em que estamos a apostar bastante. Estamos precisamente a especializar-nos em produções de linho, em termos de tricotagem», adiantou, ao Portugal Têxtil, Marco Vieira, gestor comercial da Samofil, na edição da Milano Unica que fecha portas hoje. «Tem funcionado muito bem. Já é o costume, tudo o que for associado ao verde, ao reciclado, às fibras naturais, tem registado muita procura e nós apostamos também nisso nesta coleção», acrescentou Ana Sacramento, a terceira geração envolvida na empresa familiar.
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