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18 de out. de 2022
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Portugal Fashion: Agatha Ruiz de la Prada no Mosteiro de São Bento da Vitória

Publicado em
18 de out. de 2022

A designer, empresária e aristocrata espanhola Agatha Ruiz de la Prada – convidada especial do programa Made in Portugal deste ano, que encerrou o primeiro dia de desfiles no Mosteiro de São Bento da Vitória – apresentou pela primeira vez uma coleção ao Portugal Fashion, revelando o fascínio que tem pelo país vizinho à beira mar plantado, onde produz 90% das suas criações há mais de 20 anos. 


O vestido-sol - Foto: Ugo Camera / Portugal Fashion


Cor e sustentabilidade são duas palavras que andaram de mãos dadas no desfile de apresentação da nova coleção da designer espanhola, que coloriu o místico mosteiro classificado como Monumento Nacional em 1977 – um dos edifícios religiosos mais importantes do Porto, que ficava dentro das muralhas, junto à Porta do Olival, ocupando parte da antiga judiaria – e também um dos locais históricos por onde passaram os desfiles do Portugal Fashion, que funcionou assim como um cartão de visitas do burgo.

Não é que essas duas palavras não sejam habituais nos looks alegres e dinâmicos de Agatha Ruiz de la Prada, onde tudo se mistura com graça e opostos como no País das Maravilhas de Alice.


Como um queijo suíço - Foto: Ugo Camera / Portugal Fashion


Agatha Ruiz de la Prada utilizou materiais reciclados, como o plástico, poliéster ou, até mesmo, algas marinhas nesta sua (e mais uma) coleção vibrante de cor inspirada na Pop Art, com peças acessíveis, especialmente criadas para “mostrar como é fácil vestir-se de forma elegante em todos os sentidos: estético, ético, técnico, social", diz.

Uma paleta de amarelos, azuis, rosas e laranjas deu vida às suas peças reinventadas com novos elementos, onde o sol e a flor ocupam um lugar de destaque, muito embora sejam reconhecíveis outros tantos como arcos, polka dots, nuvens, estrelas, ondas, riscas e corações.


Dança latina - Foto: Ugo Camera / Portugal Fashion


Tudo isto em colaboração com uma empresa espanhola que está na vanguarda da tecnologia e inovação e que cria tecidos a partir de materiais reciclados, a PYRATEX.

Daí que Agatha Ruiz de la Prada tenha surpreendido com um sem fim de materiais ecológicos e inesperados como sejam os “tecidos feitos de fibras de algas marinhas com propriedades antioxidantes, tecidos feitos de urtigas selvagens dos Himalaias, que fornecem trabalho a agricultores e, acima de tudo, a mulheres agricultoras nepalesas, tecidos de resíduos de banana que normalmente seriam queimados e emitiriam toneladas de CO2 desnecessário para a nossa atmosfera, e tecidos orgânicos de algodão cultivados com práticas regenerativas, sem pesticidas e fertilizantes e utilizando menos energia e tecidos que combinam algodão e bambu orgânico para criar uma espécie de malha mágica”, explica.


Glamour e brilho - Foto: Ugo Camera / Portugal Fashion


Os brilhos das matérias e as lantejoulas – feitas também com materiais sustentáveis– fazem a festa dos folhos e franzidos, cortes e recortados, aplicações ou buracos em propostas todas elas díspares. Como se a coleção não tivesse um fio condutor (que importa) ou as peças se ligassem tão-somente pelo ADN da marca e pelo mero ato da criação.

Fica ainda o elogio aos sapatos de salto alto com plataforma, forrados a tecido, como escolhidos propositadamente a "descombinar" com os looks.


Um final feliz - Foto: Ugo Camera / Portugal Fashion


Toda esta irreverência de Agatha Ruiz de la Prada parece residir no seu amor pela arte que cultiva e transporta numerosas vezes para as suas coleções, como é o caso. E como parece beber o próprio vestido que a estilista ostenta, no final do desfile, quando pisa a passerelle para receber os aplausos, que nos inspira a obra de Gustav Klimt, o pintor simbolista austríaco famoso pelo seu óleo e folha de ouro sobre tela "O Beijo". Claro está à cor, sensibilidade e humor de Agatha.
 

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