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18 de mar. de 2016
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Portugal Fashion: Crise mais branda no mundo da moda

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Agência LUSA
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18 de mar. de 2016

Matosinhos, Porto (Lusa) – Fátima Lopes, Anabela Baldaque e Pedro Pedro apresentaram na quinta-feira as suas coleções de outono/inverno no Portugal Fashion, que decorre no Porto até sábado, e todos admitiram que a crise está mais branda no setor da moda.

 


“Eu acho que neste momento acabamos por estar mais libertos [da crise], acho que já há algum tempo que se está a sentir um bocadinho isso”, declarou à Lusa Anabela Baldaque, afirmando que a sua marca “continua a ter muito procura” e muitas vezes “não existe um plafond por parte do cliente, que acaba por comprar uma peça, duas peças, três, quatro” e isso faz com que não exista uma contenção assim tão grande”.

Anabela Baldaque, que apresentou a coleção “A Vizinha”, disse ter desejado criar um “universo profundamente imaginativo” e com “muita fantasia”, no qual a mulher veste o que lhe apetece sem olhar a regras ou porquês”, surpreendendo todos os dias quando sai de casa.

“É uma coleção que vive muito de roupa ‘sportswear’, muito básica, associada à roupa de noite também, portanto, é um ligamento das duas vertentes”, explicou a estilista.

Apesar de muitos dos tecidos utilizados terem um preço bastante caro, porque também são “muito bons”, a estilista Isabel Baldaque admitiu que como criadora está bastante mais liberta da contenção e da crise que se começou a falar há cerca de cinco anos.

“O luxo que eu ponho na peça é uma coisa que eu acho que é primorosa, é haver poucas peças em série. Acho que isso é o luxo, é a partir daí (…) que o meu produto acaba por ser mais apetecido”, constatou.

A coleção da estilista apostou nos impermeáveis e repelentes de água, nas fazendas de texturas grossas e de lãs com pelos, malhas estampadas, rendas e brocados e deambulou entre silhuetas ora longas e justas, ora amplas e curtas.

As peças-chave foram as sobreposições, vestidos, casacos e sapatilhas coloridas e as cores saltitaram entre mostardas, pérolas e brancos pretos e dourados, mas também cinzentos e pratas.

Em entrevista à Lusa, Fátima Lopes disse que quando cria uma coleção não pode haver limites, barreiras, e portanto para esta coleção, que foi feita para apresentar na Semana da Moda de Paris, e para o espetáculo, não pensou “em crise”, defende.

Fátima Lopes assumiu que apesar de a crise ser real e global, não pode deixar que influencie a sua arte e espetáculo e muito menos permite que existam barreiras na criação da sua coleção.

A estilista explicou, todavia, que tanto ela, como muitos outros estilistas de alta-costura, encontraram formas de contornar a crise, designadamente criando linhas mais versáteis e adaptadas a várias “carteiras”.

“Os criadores do mundo inteiro sabem que tem de haver os dois lados numa coleção, o lado sofisticado, do luxo, para quem tem poder de compra, mas depois tem de haver o lado mais acessível que todas as marcas de alta-costura neste momento têm várias linhas para ter uma abrangência maior, sobretudo de “poder de compra”.

A coleção outono/inverno 2016-2017 de Fátima Lopes, denominada de “versatilidade”, conjuga as peças transformando os coordenados em algo “muito casual” ou “muito sofisticado”, dependendo da forma como se combinam as peças entre si”, explicou.

“É uma coleção muito feminina, muito ‘sexy’, com decotes muito profundos, com micro saias, mas ao mesmo tempo muito sofisticada pelo jogo de materiais improváveis, por exemplo pele com renda, seda com renda (…), cada peça tem dois, três tecidos diferentes”, precisou.

Questionado pela Lusa sobre se a crise está ultrapassada quando pensa nas suas coleções, Pedro Pedro afirmou que aprendeu “a ter os pés em cima do chão” com a crise que se instalou há uns cinco anos, fazendo coisas que estão mais disponíveis.

Na opinião do estilista Pedro Pedro, pode respirar-se um pouco melhor no setor da moda, mas sublinha que a crise o ensinou a ser “mais flexível” e “mais cuidadoso” em algumas escolhas.

“São aprendizagens que nunca mais se esquecem, independentemente de agora podermos respirar melhor”, declarou.

Pedro Pedro apresentou a sua coleção outono/inverno denominada “L’Étrangére” revelando um “manifesto anti-glam” com um conceito de roupa como casulo. Pela ‘catwalk’ (corredor) passaram tricôs grossos, gabardines encerados, calças largas de linha ‘sport’, com espaço para padrões ‘vichy’ e axadrezados e muitos verdes néon e oliva.

"Esta coleção é toda acerca de proteção”, “interioridade”, “busca de si próprio”, “muito urbana”, um bocadinho nómada”, muitas camadas, umas por cima das outras”, descreve Pedro Pedro.

Júlio Torcato foi o primeiro a apresentar hoje a sua coleção no Portugal Fashion, que está a decorrer no Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel (Matosinhos, Porto) até sábado, dia 19.

“Clan” é o nome da linha de vestuário feminino e masculino de Torcato para o outono/inverno onde se destacou o denim e riscas clássicas, as transparências, lãs e os tartans (xadrez). Do cartaz fez também parte a Pé de Chumbo, marca da 'designer' Alexandra Olivdeira, e Hugo Costa que apresentou "Metamorphosis".

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