Portugal Fashion: Moda aliada à diferença traz jovem com Trissomia 21 à passerelle

Porto (Lusa) – O desfile coletivo do setor da indústria do Portugal Fashion ficou marcado no passado sábado pela presença de um jovem modelo com Trissomia 21 que apresentou propostas para a próxima estação de duas marcas, associando assim a moda à diferença.

A associação "Palco sem Barreiras", criada com o objetivo de dar maior visibilidade pública aos cidadãos portadores de Trissomia 21, contou com a organização do evento de moda, a ANJE (Associação Nacional de Jovens Empresários), para que fosse incluída uma ação de sensibilização social no programa de desfiles da 36.ª edição do Portugal Fashion.

O objetivo da associação é mostrar que a Síndrome de Down não tem de ser sinónimo de isolamento social e, com o apoio de manequins profissionais e da equipa do Portugal Fashion, "integrar a diferença na passerelle" para que possa ser feita uma "inclusão adaptada", explicou a vice-presidente do ‘Palco sem Barreiras', Annete Tillo.

"Num evento em que a estética, a beleza e a perfeição física são muitas vezes enaltecidas, nós podemos, neste tipo de momentos, realçar que aqueles que são um bocadinho diferentes de nós têm também capacidade e valor para fazerem exatamente a mesma coisa", disse à agência Lusa o presidente da ANJE, João Rafael Koehler.

Daniel Maia, de 17 anos, foi o protagonista que integrou os desfiles desta ação de sensibilização social e, segundo Annete Tillo, "se algumas marcas hesitaram em aceitá-lo como manequim, as que aceitaram estão surpreendidas com o resultado".

A Cheyenne e Mad Dragon Seeker foram os dois nomes da indústria de moda que aceitaram e "abraçaram de imediato" este projeto.

"Todas as marcas, sempre que possível, devem proporcionar estes momentos e devem abraçar este tipo de projetos", declarou à Lusa Daniel Simões, criador da marca Mad Dragon Seeker.

A marca Cheyenne referiu que "o objetivo principal era mostrar que este tipo de roupa veste toda a gente", acrescentando que as suas peças são universais.

Com o intuito de promover a igualdade de oportunidades e aliar a diferença à moda, este projeto "ajuda a quebrar preconceitos, estigmas e mitos", afirmou o presidente da ANJE.

"É importante, em cada momento da nossa vida, especialmente quando estamos a ocupar determinados cargos, que saibamos aceitar e entender que, em determinados momentos, temos que aceitar as diferenças e temos que reconhecer que não somos todos perfeitos mas que somos todos seres humanos e que temos que ser valorizados", acrescentou João Rafael Koehler.

Em dia de encerramento da 36.ª edição do Portugal Fashion, a passerelle da Alfândega esta proposta de ação social foi aclamada pelo público e reconhecida como uma qualidade que acrescenta muito ao setor da moda.

Este tipo de iniciativas já tinha sido desenvolvido na 17.ª e 19.ª edições do certame, em 2005 e 2006, no âmbito do projeto Moda'r Modalidades, na qual crianças e jovens portadores de deficiência desfilaram na passerelle ao lado de manequins profissionais e figuras públicas.