
Helena OSORIO
17 de out. de 2022
Portugal Fashion: último dia com Alexandra Moura e Miguel Vieira no Mercado do Bolhão

Helena OSORIO
17 de out. de 2022
O último dia do Portugal Fashion, sábado (15 de outubro), começou na Oficina do Ferro – quarteirão portuense da zona do Heroísmo, com um historial intimamente ligado ao sector industrial, desde os anos 20 – onde se destacaram Estelita Mendonça, Pedro Pedro e Hugo Costa, passando ao Mercado do Bolhão recuperado e recentemente aberto ao público, com o streetwear arrojado de Alexandra Moura e colorido invulgar de Miguel Vieira. O fecho do evento aconteceu no Museu Nacional de Soares dos Reis (MNSR) com nomes como Duarte Miranda, Huarte e David Catalán a reter.

De todos os últimos desfiles, distinguimos aqueles de Alexandra Moura, que se diz entre o transcendente e o mundano, e de Miguel Vieira aparentemente num "jardim perfeito". A começar pela coleção "Extramundanus" de Alexandra, para a estação de primavera-verão 2023, já anteriormente apresentada nas semanas da moda de Milão e Paris.
Enquanto que, no piso inferior do antigo mercado renovado, os comerciantes vendem frutas e legumes, e na escadaria os curiosos espreitam, pelos corredores os manequins pisam uma passerelle improvisada romantizada pela magia do céu cinzento que é tão "à moda do Porto".

Segundo a designer lisboeta, a inspiração advém de "um profundo desejo de uma nova Terra, da chegada de novos seres que ajudam na mudança da rede magnética do planeta, uma reprogramação da humanidade para o equilíbrio do planeta e da vida terrena", diz a designer lisboeta num post do Instagram.
"A mudança de paradigma do planeta tem de acontecer e esta coleção traz-nos uma ideia de novos seres que chegam para intervir com amor", acrescenta a criadora que trabalha com fibras naturais e ganga, desenvolvendo ainda novos materiais como uma espécie de látex com alto relevo.

Destacam-se os vestidos curtos com botões que permitem criar peças sempre diferentes e as silhuetas exageradas que se repetem lembrando o ADN da marca. Também os vestidos em algodão, um dos clássicos da Alexandra Moura, ressurgem agora mais ajustados, ditando por sua vez a ganga as eternas minissaias.
Segue-se a coleção de Miguel Vieira à cor do Bolhão como o “jardim perfeito” ou "o mais belo jardim do mundo", com flores e muito verde, lilás, azul, mostarda e outras nuances, que prima pelos materiais orgânicos numa marca voltada para a sustentabilidade, mais ainda por Miguel Vieira ser um dos conselheiros do governo português para o tema

Sem esquecer os fatos de assinatura, cujos “moldes estão mais do que testados”, os novos padrões estampados, o abuso dos monogramas. Todas tendências a pesar com o calçado também da autoria do designer de São João da Madeira, assim como a marroquinaria e joalharia com a sua assinatura.
"O mais belo jardim do mundo" de Miguel Vieira é assim “o nosso jardim", que consiste afinal numa "obra de arte que convida à contemplação e, simultaneamente, o epítome de como formas, cores e texturas distintas podem juntar-se de forma harmoniosa criando uma visão cénica perfeita”, conclui.
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