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10 de dez. de 2021
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Portugal precisa de contratar imigrantes para o setor têxtil

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Jornal T
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10 de dez. de 2021

Multiplicam-se as queixas das empresas face às dificuldades na contratação de mão-de-obra e há já quem anteveja um enorme problema com a substituição dos 56 mil trabalhadores do setor que chegam à reforma até 2030. Valorizar e reconhecer oficialmente como arte o trabalho têxtil de forma a atrair e cativar as novas gerações é um caminho que parece já não bastar. A solução, diz o presidente da ATP, passa pela contratação de imigrantes.


Mário Jorge Machado, presidente da ATP


“Não há em Portugal quem substitua os trabalhadores que nos próximos dez anos se vão reformar e só com a imigração é que vamos conseguir superar a mão-de-obra que nos vai faltar”, afirma Mário Jorge Machado numa longa reportagem transmitida pela RTP no Jornal da Tarde de domingo.

Uma solução que compara com aquilo que o nosso país já fez com a Alemanha e a França, para onde emigraram muitos portugueses. “Portugal já foi um fornecedor de emigrantes para esses países e nós hoje em Portugal precisamos de imigrantes”, diz o presidente da ATP, explicando que “entretanto uma parte dos trabalhos está já a ser subcontratada no norte de África, onde, ao contrário da Europa, há muita mão-de-obra jovem que precisa de emprego”.

Partindo da realidade de um setor que exporta a 80% e que com o envelhecimento pode perder 56 mil postos de trabalho até 2030, a reportagem da jornalista Eduarda Dias recorre como exemplo a três empresas da zona de Barcelos. Na confeção Os Cândidos, especializada em alfaiataria, a administradora Cristina Laranjeiras pede que “se reconheçam os alfaiates como artistas, o seu trabalho como uma arte, de forma a valorizá-lo e cativar os jovens”, enquanto Francisco Correia, da Frasilpor, alerta que “um dia vamos ter encomendas e não vamos ter quem as execute”. E a constatação de que “não existe mão-de-obra e que o setor está cada vez mais envelhecido” tem-na dentro de portas quando olha para os seus trabalhadores e não vê nenhum dos seus descendentes empregado no têxtil.

“Uma situação que se não for rapidamente invertida se vai tornar num problema muito sério”, diz José Costa, administrador do grupo Becri, com cerca de 600 trabalhadores, que igualmente aponta para a valorização do trabalho têxtil como arte. “A indústria têxtil é de mão-de-obra intensiva mas não é de trabalho intensivo. É arte. E se olharmos isto como arte, eu acho que vamos atrair novamente os jovens para a indústria têxtil”, acredita o empresário.

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