
Helena OSORIO
13 de dez. de 2022
Portuguesa Polopiqué duplica vendas nos EUA

Helena OSORIO
13 de dez. de 2022
Apesar da recessão anunciada no mercado europeu, o grupo têxtil Polopiqué – um dos principais portugueses, sedeado em Caldas de Vizela – encara 2023 com otimismo mercê dos resultados que chegam do outro lado do Atlântico, onde duplicou as suas vendas.

Com um volume de negócios de 110 milhões em 2021, a Polopiqué prevê registar em 2022 uma quebra na ordem dos 10%, em resultado da incapacidade de passar para os clientes todos os aumentos de custos suportados, revela o CEO da Polopiqué, Luís Guimarães, ao Dinheiro Vivo, dando o exemplo da fatura de energia que subiu para 10,5 milhões, de janeiro a outubro, quando o normal seria rondar os 4 milhões.
Também o triplicar dos preços dos materiais, com "matérias-primas na área da tinturaria e acabamentos que continuam a aumentar todos os dias, são autênticos cartéis, fazem o que querem", acrescenta.
Com uma taxa de exportação de 97%, a Polopiqué vê em Espanha o seu principal mercado, com cerca de 65 dos 100 milhões que prevê faturar este ano. Destes 65 milhões, o grupo Inditex assegura 80%, como "parceiros há muitos anos", frisa Luís Guimarães, assegurando que "continuaremos a ser. Temos é de crescer noutros países. Temos capacidade e estamos a investir para isso".
O mercado americano, para onde a Polopiqué vende vestuário e tecidos, vale 15% das suas vendas, sendo em especial no segmento dos tecidos que o grupo está a crescer, duplicando as vendas nos EUA.
Ainda segundo o CEO, a Polopiqué tem um plano ambicioso de investimentos, de 8 a 10 milhões de euros, até 2024, todos dedicados à sustentabilidade – no ano em que prevê faturar 130 milhões.
O reaproveitamento total das águas na tinturaria, a instalação de painéis solares e de caldeiras de biomassa, são alguns investimentos do grupo que lidera um projeto de 97 milhões no âmbito das Agendas Mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), prevendo o desenvolvimento de soluções tecnológicas de ponta e a criação de fiações para a produção de fibras naturais e de fibras recicladas.
Destes 97 milhões, as empresas envolvidas – mormente a Calvelex, Paulo Oliveira e Riopele – assumem a responsabilidade de 82,7 milhões.
Luís Guimarães aponta ainda a "falta de vontade política" como a principal causa do impasse no projeto, uma vez que "está tudo tratado já há algum tempo, estamos para assinar o acordo com o governo há não sei quantos meses para avançarmos", denuncia.
A criação da única fiação de linho 100% natural na Europa é uma intenção do grupo que remete a um período anterior à pandemia, que impediu o seu desenvolvimento, por os equipamentos virem precisamente de Wuhan, cidade chinesa de onde partiu a disseminação do coronavírus.
Também a falta de mão-de-obra, em especial de costureiras, leva a Polopiqué a subcontratar 85% da confeção de vestuário em Marrocos, sendo que Luís Guimarães admite já, a curto prazo, começar a trazer trabalhadores da Índia, Paquistão, Nepal ou Sri Lanka, para manter as suas unidades a funcionar em pleno.
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