
Helena OSORIO
11 de nov. de 2022
Portugueses procuram mais itens em segunda mão

Helena OSORIO
11 de nov. de 2022
Com os preços a dispararem, e algo mais sensibilizados para as questões ambientais, os portugueses estão a virar-se para os artigos em segunda mão, como anunciam as plataformas de comércio online e retalhistas de comércio especializado que notam um aumento da procura de artigos em segunda mão e recondicionados. Mas há ainda quem admita subidas de preços. Isto numa altura em que a inflação supera os 10% em Portugal e o mercado de revenda está a acelerar, assegura o ECO, sendo a moda uma categoria com quebras de procura.

No caso do OLX, este verifica desde o início do ano “um aumento de preços na generalidade das categorias“, na ordem dos 20%, face a igual período do ano passado, “o que significa que a inflação está também a afetar o mercado da revenda”, diz a empresa de comércio online, verificando que a tendência foi mais sentida nos “telemóveis e tablets”, com o preço médio a encarecer cerca de 80 euros, o que representa um aumento de 37%.
Segue-se a categoria de “carros, motos e barcos”, com o preço médio a ficar “cerca de 640 euros mais caro desde o início do ano” e ainda a categoria “móveis, casa e jardim”, com subidas de cerca de 30 euros, ou de 25% e 24%, respetivamente, face ao início do ano – assegura ainda o OLX ao ECO.
Segundo a plataforma, o aumento da procura de artigos em segunda mão é mais notório nos imóveis, com uma subida de 28% face ao período homólogo, seguindo-se a categoria de “outras vendas” (+17%), “bebé e criança” (+16%) e lazer (+15%). No entanto, “há categorias com quebras de procura entre -20% e -17%, desde janeiro”, como por exemplo a “Tecnologia”, a “Moda” e a “Agricultura”.
Tendência para a procura de produtos mais caros
Também a BabyLoop, plataforma de compra e venda de artigos de bebé em segunda mão, verifica que “há mais pessoas a querer vender produtos na BabyLoop”, de modo “a conseguir rendimentos extra” perante a atual conjuntura económica. Esta tendência começou a ganhar força no início de setembro à boleia do “regresso às aulas e por coincidir com uma altura em que as famílias têm gastos acrescidos”, justifica, acrescentando que a tendência se sente nos produtos mais caros, como cadeiras auto, berços e carrinhos de passeio.
“A inflação pode contribuir para tal, mas não existem ainda números concretos que nos permitam fazer uma correlação”, lembra por sua vez Rui Pepe, diretor de serviços da Fnac Portugal que atribui o crescimento aos clientes cada vez mais consciencializados para “compras inteligentes”. Isto permite gerar uma poupança de “mais de 60% na compra de equipamentos tecnológicos, quando os valores são comparados com os dos produtos novos”; e é benéfica para o ambiente, reforça ao ECO.
Já a Worten, informa que “os produtos recondicionados têm tido uma procura crescente nos últimos anos” e admite que a inflação pode “motivar a escolha de produtos a preços mais acessíveis”, salientando que, “neste momento é ainda difícil prever exatamente os impactos”. Ainda segundo a empresa da Sonae: “Acreditamos que com a sobrecarga financeira das famílias este tipo de produto passou a ser uma alternativa fulcral na decisão de compra de produtos eletrónico".
“Os preços ainda têm espaço para aumentar"
Ainda sobre o atual panorama português, recordamos que, enquanto os países europeus mais ricos cortam nos impostos e taxam os lucros das grandes empresas, em Portugal faz-se o contrário, acenando entretanto com uma transferência ilusória de 125 euros que não chegou a todos os portugueses, salvo aos que registaram a conta bancária na última declaração de IRS, e só aqueles que têm conta num banco e um trabalho legível, o que quer dizer que esse dinheiro não chegou aos verdadeiramente pobres. Ironicamente, os milionários com Visto Gold receberam a "esmola" em casa.
Mesmo assim, face ao que vivemos, o diretor geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) alerta ao ECO: “Os preços ainda têm espaço para aumentar, porque o aumento dos custos dos fatores de produção não acabou e está longe de acabar” diz, acrescentando que, “enquanto não conseguirmos resolver a questão energética, a cadeia de valor continuará pressionada".
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