Prada: a mensagem militar de Miuccia

“Miuccia! Miuccia! Miuccia!” gritavam os fãs. Estaríamos no estádio San Siro? Teria o Liverpool acabado de contratar um novo avançado brasileiro? Não, estávamos no backstage depois de um desfile estridente, inspirado banda desenhada, atlético e ligeiramente peculiar de Miuccia Prada, que foi recebido com aplausos ensurdecedores, enquanto esta fazia uma vénia dramática.

Finalmente os fãs (tradução: todas as modelos, o staff do seu estúdio e mesmo Pat McGrath, a mais fabulosa maquilhadora de moda) acalmaram-se.

“Militarismo. É essa a ideia principal”, disse a Signora Prada, enquanto bandos de editores, artistas e responsáveis locais esperavam para a elogiar. Muito tem sido feito acerca do recente arrefecimento das vendas da Prada. Mas, após vários trimestres fracos, esta coleção soou a um contra-ataque por parte da designer.

As ideias mais fortes de Miuccia eram imagens de banda desenhada. Estas estavam coladas em tamanho mega-large nas paredes do espaço do desfile, na via Spartaco, e foram transformadas em estampados numa série de looks. Sobretudo nos excelentes casacos de pele de cabra, cujas costas estavam muitas vezes decoradas com desenhos de banda desenhada românticos, onde se viam jovens tímidas a dizer “I love Prada”.

Os mesmos estampados de banda desenhada foram repetidos numa série completa de carteiras de pele. A designer também brincou com uma série de casacos boyfriend de dupla abotoadura, com padrões espinha-de-peixe e pelo de camelo, e nos quais brincou com a parte que ficaria oculta ao fechar o casaco, deixando-a em branco e dando assim a impressão de que este estaria sempre aberto – um notável e chamativo conceito de moda.

As lapelas foram decoradas com padrões animais, cristais vermel
ho-rubi e botões com cores doces foram adicionados a esta sensação geral de drama.
Tudo híper misturado, é esta a resposta da Prada à atual obsessão pela mistura de culturas nas roupas contemporâneas. E frequentemente peculiar, como os vestidos jacquard acompanhados por camisas masculinas. Há poucas mentes mais férteis no mundo da moda do que a de Miuccia Prada, que criou as novas meias pelo joelho, decoradas com desenhos de uma musculatura que bem podia pertencer a uma personagem do filme Blade Runner. E, finalmente, uns incríveis ténis Prada, como os que usaria um super-herói de banda desenhada, e sapatos punk rock decorados com tachas.

“Marias-rapazes. Faça o que quiser. Seja independente”. Foi assim que McGrath descreveu o seu sumário após o desfile. Parece mesmo o estilo dela, da maquilhadora britânica que lançou a sua própria coleção de maquilhagem, atualmente vendida em várias lojas Sephora, onde o seu negócio de beleza está a prosperar.

Mas o seu melhor trabalho será sempre na Prada, de cujo desfile se sai com a sensação de que Miuccia de repente acordou para os desafios de uma nova geração de rivais. E, em resposta, tirou as luvas.

Miuccia! Miuccia! Miuccia!

Prada: a mensagem militar de Miuccia

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