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19 de set. de 2013
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Reino Unido: um aroma de retomada

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19 de set. de 2013

Por ocasião da publicação dos resultados da Next no último dia 12 de setembro, seu diretor geral Lord Wolfson demonstrava um otimismo contido: "Atualmente nós nos encontramos num momento-chave, no qual o credit crunch (o aperto nas condições de crédito) fica para trás e começamos a perceber o início da retomada".

Oxford Street em Londres. (Photo AFP)


Estas palavras, que fazem eco às de outros dirigentes do setor, refletem a recente melhora das vendas de vestuário. As condições meteorológicas excepcionais em julho e agosto na Inglaterra estimularam as vendas de verão: em valores, as vendas no retalho avançaram 3,9% em julho, em um ano, e 2,2% em base comparável, de acordo com o BRC, órgão de supervisão do setor de distribuição. Este cenário favorável se prolongou para agosto, com um crescimento de 3,6% nas vendas e de 1,8% em dados comparáveis.

O setor do vestuário se comportou particularmente bem, apresentando vendas que o alçaram ao primeiro lugar na categoria não alimentar. Este setor também salvou o das vendas on-line, que, do outro lado do Canal da Mancha, apresentou sua mais fraca taxa de crescimento entre junho e julho desde janeiro de 2010. Além da meteorologia, os especialistas justificaram o bom cenário de vendas com o impacto positivo dos eventos festivos: o nascimento do Bebê Real, assim como as vitórias esportivas inglesas em Wimbledon e na Volta da França também levaram ao aumento da confiança das famílias britânicas. O apetite reencontrado dos consumidores pelas compras também se uniu à manutenção de um fenômeno de queda drástica dos preços neste setor: em um ano, os preços de vestuários e calçados caíram 9,7%, ou seja, a queda mais forte registrada pelo Índice Nielsen Shop Price desde sua criação em dezembro de 2006.

Por outro lado, os especialistas mantém uma postura prudente a respeito do prolongamento desta tendência positiva: "Agora os distribuidores vão tentar vender as linhas restantes da temporada estival e rezar para que não se assista a um veranico, o que poderia comprometer as vendas das coleções outono-inverno que já se encontram nas lojas", explica Clive Black, analista da Shore Capital. O cenário positivo começa a multiplicar as boas novas: o Banco Central da Inglaterra acaba de revelar suas previsões de crescimento para o terceiro trimestre: 0,7% ante 0,5% nas últimas projeções, consequência de um aumento do consumo das famílias.

Os diretores financeiros dos principais grupos britânicos de distribuição apostam também em um crescimento do setor ao longo dos próximos 12 meses: segundo um estudo realizado pelo Banco britânico RBS e pela consultoria BDO, 4 em cada 5 diretores financeiros questionados esperam uma significativa melhora no cenário económico. "Se a publicação de bons indicadores macroeconómicos se estender até meados do outono, o setor, em geral, e os sobreviventes desta profunda recessão provavelmente poderão ter um bom Natal", avalia Clive Black.

Mas, enquanto se aguarda a concretização das boas novas, o setor britânico de vestuário continua a tirar lições da crise: segundo um estudo publicado em agosto pela consultoria Conlumino, o aumento do desemprego desde 2007 erodiu consideravelmente o setor de vendas de vestuários voltados a profissionais: nos últimos cinco anos tem se deixado de vender, segundo a consultoria, cerca de 706 milhões de libras (825 milhões de euros) em roupas deste seguimento.

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