×
Por
AFP
Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
27 de jan. de 2023
Tempo de leitura
4 Minutos
Partilhar
Fazer download
Fazer download do artigo
Imprimir
Clique aqui para imprimir
Text size
aA+ aA-

Relógios de luxo em segunda mão são impulsionados pela Geração Z

Por
AFP
Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
27 de jan. de 2023

As exportações de relógios suíços estão a quebrar recordes, mas as vendas de peças usadas também estão a crescer, impulsionadas principalmente pela Geração Z, que quer consumir luxo com mais responsabilidade.


Os relógios de luxo em segunda mão estão a ser impulsionados pela Gen Z - Shutterstock


Estimado em cerca de 20 mil milhões de francos suíços (valor equivalente em euros), o mercado de relógios usados ​​pode chegar a 35 mil milhões de francos suíços até 2030, segundo um estudo da empresa de auditoria e consultoria Deloitte.

Historicamente voltado para colecionadores que procuram peças raras em leilão, este mercado está a profissionalizar-se com a multiplicação de sites de venda online que verificam a autenticidade e despertam o interesse dos próprios relojoeiros.

"Hoje, há uma consciência global de que devemos consumir com mais responsabilidade", diz Fabienne Lupo, ex-presidente da fundação da relojoaria, que organizou em novembro do ano passado uma feira de luxo de segunda mão em Genebra, reunindo o gigante dos leilões online eBay, a plataforma de venda de relógios Watchbox, e marcas suíças como a Zenith, do grupo francês LVMH.

Compra de itens usados



Segundo Lupo, o aumento da procura por relógios usados ​​pode ser explicado principalmente pelas escolhas de consumo dos Millennials (a geração nascida entre 1980 e o final dos anos 1990) e da Geração Z (nascida entre 1997 e 2010) que "se preocupam muito com o futuro do planeta, e não querem comprar mais itens novos".

A isto junta-se a procura de objetos vintage, "que não podem ser encontrados por toda parte", mas também a dificuldade em comprar determinadas peças, uma vez que as listas de espera são cada vez maiores entre os relojoeiros suíços num mercado em plena expansão. "E depois há a digitalização que se acelerou com a pandemia" explicou ainda Fabienne Lupo à AFP.

O crescimento desse mercado é tanto que a plataforma britânica Subdial desenvolveu um índice que acompanha a evolução dos 50 modelos usados ​​mais negociados. Este índice mostrou que o preço de referência caiu de um recorde de 45.000 francos suíços, em meados de fevereiro de 2022, para 35.000 francos suíços, em meados de setembro, mas esta "correção" não evidencia a tendência do luxo de segunda mão, segundo a Deloitte.

No ambiente online, as plataformas de relógios de segunda mão certificados por relojoeiros estão a multiplicar-se, e o segmento continua a atrair novos membros, como a americana Bezel, que concluiu no início de janeiro uma campanha de angariação de fundos com investidores como o ex-presidente da Disney, Michael Ovitz, o comediante e ator, Kevin Hart, e o músico, John Legend.

Mas desde 2018, a gigante do luxo Richemont, proprietária da Cartier, IWC e Piaget, já havia mostrado interesse por este mercado ao comprar a plataforma britânica Watchfinder.

Em dezembro, a marca Rolex também entrou no mercado, “puxando o tapete” aos falsificadores, ao lançar um programa de segunda mão com a retalhista suíça Bucherer, responsável pela autenticação dos seus relógios, inicialmente em seis países, incluindo França e Reino Unido, com o objetivo de depois o estender aos Estados Unidos.

Cuidado com a imagem



Há muito tempo que os relojoeiros estão "preocupados com o mercado da segunda mão", diz Jon Cox, analista da Kepler Cheuvreux, devido aos preços altos no mercado secundário, "reforçando o valor desse sua marca no mercado primário", disse.

Para marcas de alto luxo, como a Richard Mille, cujo preço médio ultrapassa os 260.000 francos suíços, os relógios de segunda mão são até uma forma de polir a sua imagem. "Temos clientes que dizem: 'havia uma edição limitada de 100 peças, sempre foi o meu sonho oferecer uma a mim próprio e agora posso pagar, mas já não a produzem e é quase impossível encontrar'", conta Alexandre Mille, que sucedeu ao pai, fundador da marca, explicando que as suas equipas podem fazer uma pesquisa para encontrar a peça.

Segundo a Deloitte, comprar um relógio mais barato é a principal motivação para 44% dos entrevistados do seu estudo. Mas Jon Cox também evoca o efeito de "reserva de riqueza" que permite usar um relógio que "mantém o seu valor" e pode ser "revendido" novamente.


Por Nathalie OLOF-ORS (AFP, Zurique)
 

Copyright © AFP. Todos os direitos reservados. A Reedição ou a retransmissão dos conteúdos desta página está expressamente proibida sem a aprovação escrita da AFP.