Relojoeiros suíços continuam otimistas antes de encontro em Genebra

Até ao momento, os relojoeiros suíços não estão a ver a procura por relógios de luxo a ser afetada pelas tensões geopolíticas e pelos temores de recessão, disseram alguns executivos à Reuters, antes do evento Geneva Watch Days, que começou na segunda-feira (29 de agosto).

As vendas de relógios suíços recuperaram fortemente da queda da pandemia de 2020, com o valor das exportações a subir 11,4% nos primeiros sete meses de 2022.

"Por enquanto, o estado de espírito das pessoas permanece positivo. Quanto tempo vai durar? Não sabemos", disse Jean-Christophe Babin, CEO da Bulgari, marca de joias e relógios que pertence ao grupo francês de luxo LVMH. Segundo Babin, a Bulgari está a ganhar uma participação de mercado, vendo um crescimento "muito mais forte" nos seus negócios de relógios do que na taxa de exportação de relógios suíços.

Embora tenham existido muitas razões de alarme nos últimos dois anos, incluindo a pandemia, a guerra na Ucrânia e a inflação, "as exportações de relógios estão, no entanto, perto das mais altas de todos os tempos", disse Edouard Meylan, CEO da marca independente de relógios H. Moser & Cie.

"Precisamos aproveitar enquanto durar, mas temos de nos preparar para uma desaceleração", disse, acrescentando que as vendas aumentaram mais de um quarto até agora este ano, com alguns fechos para caixas e pulseiras de relógios.

Cerca de 40 marcas participarão no Geneva Watch Days deste ano, um encontro informal da indústria lançado em 2020, onde as exposições são realizadas em hotéis e boutiques da cidade, tornando-o mais acessível do que o exclusivo evento Watches & Wonders.

Apesar de não participar do evento deste ano, Guido Terreni, diretor executivo da marca de nicho Parmigiani, de propriedade da Sandoz Family Foundation, disse que a marca não conseguiu atender à procura, que aumentou 4,5 vezes em relação ao ano passado. Questionado sobre quando seria o ponto de equilíbrio, Terreni, ex-executivo da Bulgari, respondeu: "Estamos a chegar lá".

O mercado de novos relógios permaneceu robusto com listas de espera para muitos modelos, disse este mês o retalhista norte-americano Danny Govberg, também cofundador e presidente do mercado de relógios WatchBox, na sequência de comentários do retalhista britânico Watches of Switzerland.

Govberg observou, no entanto, que os preços do mercado secundário caíram. "A disparidade entre os preços de retalho e aquele pelo que os relógios estão a ser negociados ativamente caiu das suas máximas de todos os tempos no início da primavera de 2022, desde a estabilização", disse num comentário por e-mail.

O analista da Kepler Cheuvreux, Jon Cox, informou que se os preços dos relógios de segunda mão caíssem significativamente abaixo dos preços primários, isso poderia prejudicar a procura por relógios novos, mas aparentemente esse não foi o caso até agora.