AFP-Relaxnews
Novello Dariella
28 de mar. de 2019
Relojoeiros suíços já não têm receio de vender online
AFP-Relaxnews
Novello Dariella
28 de mar. de 2019
Durante muito tempo relutantes em vender online, por medo da falsificação e de verem a sua imagem prejudicada com a banalização dos artigos de luxo tradicionalmente vendidos no ambiente acolhedor de boutiques elegantes, os relojoeiros suíços estão a tentar recuperar o atraso no comércio eletrónico.

Este é o grande campo de atuação dos relojoeiros de luxo há dois anos. Se as marcas ficaram para trás, a evolução da distribuição no retalho de artigos de luxo, particularmente nos Estados Unidos, no Reino Unido e na China, levou-as a acelerar o ritmo no digital.
O grupo suíço Richemont, dono da Cartier, tornou esse canal a sua prioridade e, no passado, comprou de uma vez só o Yoox Net-A-Porter, especialista na venda de artigos de luxo online, e o site britânico watchfinder.co.
A Bulgari, que foi uma das marcas que apresentaram as suas novidades na Baselworld, feira de relógios de Basileia, na Suíça, planeia começar a vendar pela Internet em França, na Suíça e em Itália até ao final do ano, depois de abrir plataformas nos Estados Unidos, China, Espanha e Alemanha.
"Estamos na fase final da nossa expansão online", disse Jean-Christophe Babin, gestor da marca de joias italiana, que especificou que o preço dos relógios comprados online agora pode chegar a 30 mil euros.
Essa expansão está a ser feita em conjunto com a rede de lojas, pois os clientes geralmente gostam de experimentar os relógios e refinar as suas escolhas nesta faixa de preço, onde a decisão "nunca é totalmente impulsiva", ressalta Babin, mesmo que alguns optem por comprar online para que o relógio seja entregue ao domicílio, e passem na loja novamente para fazer os ajustes necessários.
Depois de experimentar uma excecional primeira venda de peças de cerâmica exclusivas no ano passado, a Chanel planeia repetir a experiência em setembro, colocando online 55 relógios, em referência ao número da sorte de Coco Chanel, que poderão ser comprados individualmente ou numa caixa contendo os seus quatro modelos principais a um preço de 74.900 euros.
“Criar pontes"
No ano passado, a marca francesa Bell & Ross ganhou destaque ao colocar um relógio de 400 mil euros online e sugerir que o comprador fosse à Suíça num jato privado para conhecer o relojoeiro que o fabricou.
De acordo com um ranking publicado pela empresa Digital luxury group (DLG), que analisou 62 marcas, a Cartier é a marca líder de relógios que oferece a gama de serviços mais completa da internet, seguida pela Louis Vuitton e pela Dior, que pertencem ao grupo francês de luxo LVMH.
A Bell & Ross, que foi uma das primeiras marcas a investir no digital, ficou em quarto lugar, e as outras grandes marcas da Richemont, incluindo IWC e Jaeger-LeCoultre também marcaram presença no topo do ranking.
"No topo, encontramos principalmente grandes marcas que já têm uma grande rede de distribuição que construíram com outras categorias de produtos, incluindo acessórios ou moda", explica Dino Auciello, diretor de marketing e comunicação da DLG.
O ranking não aborda o volume de negócios alcançado, mas a gama de serviços oferecidos, destaca a empresa, que queria, sobretudo, mensurar o progresso das marcas de relógios neste canal de vendas que ainda é muito novo.
De qualquer forma, "para as marcas de alto padrão, o comércio eletrónico nunca irá representar a parte mais significativa da sua renda, o que importa é a experiência”, ressalta Dino Auciello, explicando que o objetivo é "criar pontes" entre o universo online e as lojas para responder à evolução dos padrões de consumo.
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